Chegamos ao final do mês e começam a aparecer os primeiros resultados econômicos de abril. Conforme esperado são devastadores.
A Fundação Getúlio Vargas divulgou o Índice de Confiança da Indústria – ICI que em abril caiu 39,3 pontos fechando em 58,2 pontos. É a maior redução mensal do índice que atingiu seu menor nível desde o início da série histórica, iniciada em janeiro de 2001.
Já no Relatório Focus do Banco Central (BC) as previsões do PIB recuaram pela 11ª semana consecutiva de -2,96% para -3,34% contendo estimativas coletadas até o fim da semana passada.
Algumas consultorias e instituições bancárias já projetam retração acima de 5% ou mais.Para 2021 a mediana caiu de 3,10% para 3,00%, o que também interrompe a expectativa de retomada ainda que parcial. Note-se que esta projeção de 3% é sobre uma base muito baixa.
Com respeito a empregos. O Brasil já vem enfrentando desde o fim da era PT, uma alta taxa de desempregados. No quarto trimestre do ano passado este numero era de 11% e agora no primeiro trimestre de 2020, já passou para 12,2 com cerca de 12.800 milhões de pessoas desempregadas ou no sub emprego. São dados oficiais do IBGE e o resultado do trimestre representa crescimento de mais de 10% sobre os números anteriores. O um outro problema é que esta amostragem foi feita até o mês de março. Infelizmente as baixas de abril devem ser bem maiores.
E a Siderurgia Nacional?
Conforme dados divulgados em março pelo IABr, indicaram a queda de 2,6% na produção de aço em relação a fevereiro e queda de 8,2% em relação ao mesmo mês do ano passado e 4,8% de queda nas vendas internas em relação a fevereiro deste ano. As vendas internas em relação a março de 2019 caíram 10,7% com o volume de 1,5 milhão de toneladas.
As exportações foram o ponto alto do setor pois segundo o Instituto Aço Brasil foram exportadas 1,4 milhão de toneladas e US$ 724 milhões, representando, respectivamente alta de 71,4% e de 56,1% na comparação com o mesmo mês do ano passado.
“A indústria do aço enfrenta no momento uma profunda e severa crise de demanda, com a expectativa de queda de 50% nas vendas internas de aço este mês. Caso essa expectativa se confirme, o setor – que hoje opera com apenas 41% da capacidade instalada – pode ter as vendas de abril nos menores níveis desde 1995, recorde histórico”, salienta Marco Pollo de Melo Lopes, presidente executivo do Instituto.
O setor também possui o seu Índice de Confiança que é conhecido por Indicador de Confiança da Indústria do Aço (ICIA). Os números de abril mostram que atingiu 16,3 pontos após recuar 21,1 pontos em comparação com o mês de março. O Índice de expectativas caiu para 23,3 pontos. São os menores patamares alcançados desde a sua criação.
Em nossas conversas pessoais com alguns empresários, destaco a que tive com Carlos Loureiro, presidente do Inda, entidade que congrega distribuidoras e processadoras de aços planos. Ele ainda não dispõe de números de abril mas acredita em uma retração em torno de 40 a 50%, pois não há atividade e por conseguinte não há demanda. Para lembrar, em março foram vendidas 265 mil toneladas pela rede distribuidora. A se confirmar suas expectativas a rede deve vender perto de 130 mil toneladas em abril. Quanto a problemas de dificuldades financeiras ele acredita que as empresas de seu setor sentirão os impactos mas já tiveram de se adaptar a crises profundas que a siderurgia brasileira passa há anos.