Após ter controlado a epidemia de Coronavirus a China volta com força total na produção de aço.
Conforme divulgado pelo jornal Valor Econômico em matéria do jornalista Ivo Ribeiro e tendo como base informações do professor especializado em siderurgia Germano Mendes de Paula da Universidade Federal de Uberlândia e a Associação de Ferro e Aço da China (Cisa) e a Mysteel, os estoques totais de aço detidos por produtores e distribuidores de aço do país representavam mais de 55 milhões de toneladas no final de março, o nível mais alto já registrado e que representou 160% superior ao mesmo nível apresentado no final de dezembro de 2019.
A partir do final de fevereiro, a maioria das siderúrgicas começou a reduzir os níveis de produção. Cerca de 73 altos-fornos (capacidade correspondente a 77 milhões de toneladas ao ano), pertencentes a 47 siderúrgicas, interromperam a produção em 21 de fevereiro. A produção diária de aço bruto em março foi cerca de 7% menor que em janeiro.
Com isso os estoques em abril diminuíram cerca de 10% em comparação com o final de março. A China produziu no ano passado cerca de 1 bilhão de toneladas de aço que representou algo como 54% da produção mundial. A produção brasileira do ano passado foi em torno de 30 milhões de toneladas.
Desde meados de março, informa Frank Zhong, representante-chefe do escritório de Pequim da World Steel Association e consultor em economia, matérias-primas e mercados, o gargalo logístico diminuiu gradualmente, e o fornecimento de matérias-primas e a entrega de produtos acabados de aço voltaram ao normal após início de abril. Graças ao estoque de matérias-primas, a produção de aço bruto da China no primeiro trimestre deste ano não diminuiu como seria de esperar. Ao contrário, subiu 1,2%, em base anual.
Segundo Zhong, o impacto da pandemia no país levou a uma contração geral: de 6,8% no PIB, 7,7% no investimento imobiliário, 19,7% no investimento em infraestrutura, 17,2% na engenharia mecânica, 44,6% na produção de veículos automotores, 28,5% no mercado marítimo e a uma redução de 27,9% na produção de aparelhos de ar-condicionado.
Ainda segundo a matéria Mendes de Paula aponta que, no caso de vergalhões, até 22 de abril, a produção crescia pela oitava semana seguida, alcançando utilização da capacidade instalada de 78,5%. Ele acrescenta que no mercado da construção, ainda que o ritmo da atividade seja menor (como seria de se esperar), ainda existiam 7,2 bilhões de metros quadrados em construção no final de março, segundo dados do National Bureau of Statistics, da China.
Mendes informa ainda que recente estimativa da associação chinesa do aço, que reúne os produtores locais, mostra que a atividade de construção deverá inclusive aumentar sua participação na demanda por aço no país, dos 55% no ano passado para 58% em 2020.
Confirmando estas informações a Agência Reuters noticiou que os embarques de minério de ferro da Austrália para a China do principal centro de exportação do mundo em Port Hedland saltaram para 38,7 milhões de toneladas em abril, mostraram dados da autoridade portuária nesta sexta-feira. Isso representou que aumentaram 10,6% em relação ao ano anterior, embora tenham caído 4,2% em relação aos 40,43 milhões de toneladas de março, segundo os dados.
O total de embarques de minério de ferro pelo porto foi de 42 milhões de toneladas, ante 46,7 milhões em março, o terceiro maior volume já registrado. O aumento nas importações ocorreu quando as siderúrgicas reabasteceram os estoques antes do feriado de Ano Novo Lunar da China.