Recebemos comunicação da Abimaq de em pesquisa realizada entre os dias 28 de abril e 15 de maio quase a metade das indústrias associadas à entidade estavam com suas atividades paralisadas. No entanto como após a pesquisa medidas de afrouxamento da quarentena foram adotadas, nos parece que a situação tenha sofrido profundas mudanças, para melhor. Aliás, no próprio corpo do comunicado há um parágrafo dizendo que cerca de 92% das indústrias provavelmente já estariam com suas atividades restabelecidas ao longo do mês de junho.

Segundo declarações de José Velloso, presidente executivo da Abimaq: “Essa é a segunda edição da sondagem ‘Impacto da pandemia da Covid-19’, realizada pela Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) na semana do dia 28 de abril a 15 de maio, junto aos seus associados. Desta vez procuramos reunir informações sobre status da carteira de pedidos, atividade produtiva e faturamento da indústria brasileira de máquinas e equipamentos e também relacionadas às fontes de recursos utilizadas para fazer frente à crise, impacto sobre a sua estrutura de mão de obra e ações para mitigar a crise”.

Com relação ao impacto da pandemia na atividade produtiva, a pesquisa revelou que 43,6% das empresas estavam com atividades paralisadas. Entre os motivos estão: interrupção por iniciativa própria (28,5%) e suspensão das atividades por força da lei (15%).

Entre as empresas que estão operando, a maioria informou estar atuando com estrutura produtiva reduzida (34,7%). Apenas 21,8% das fabricantes disseram estarem trabalhando normalmente. “Observa-se que parte importante das empresas submetida às restrições impostas pelas autoridades (33,8% na primeira sondagem) já teve sua atividade normalizadas durante o mês de abril”.

Era esperado que nos próximos 60 dias, se mantido o atual cenário, 76,9% das empresas manterão suas atividades e 14,3% aumentarão. “Isso significa que 91,2 % das empresas pretendem estar em atividade nos meses de maio e junho”.

Segundo a sondagem, a falta de carteira de pedidos e ou sua redução prejudicou a atividade de 33,1% das empresas de máquinas e equipamentos. Mas os impactos no encolhimento da atividade vieram também da restrição de mão de obra (27,7%) e do desabastecimento de insumos e componentes utilizados no processo produtivo (17,8%). “É necessário ficar atendo a esses desequilíbrios de mercado, o setor de máquinas e equipamentos está presente nas cadeias mais essenciais do país. Na cadeia de alimentos, por exemplo, este segmento oferece as mais altas tecnologias de irrigação, plantio, colheita, armazenamento de grãos, processamento e embalagem de alimentos e bebidas. E preciso, portanto, garantir que todos os elos estejam rígidos para que o país não sofra com qualquer tipo de desabastecimento”.

Sobre a expectativa de faturamento, a pesquisa identificou que 60% das empresas fabricantes de máquinas e equipamentos registraram queda 17,1% no seu faturamento durante o mês de abril de 2020.

Para os próximos meses (maio, junho e julho), o número de empresas que esperam queda no faturamento ainda é grande, mais recuou para 26% das fabricantes contra 40% em abril. Em média a expectativa é que em maio a queda seja de 7% e que a partir do mês de junho o setor inicie um quadro de recuperação. Para o mês de junho as empresas projetam crescimento de 1,3% e para julho de 5,1%. “Este cenário vem refletindo em adiamento e cancelamento de projetos de investimento o que impactará no faturamento das empresas de máquinas e equipamentos ao longo deste ano”.

 

Perguntado para as empresas sobre as estratégias a ser adotada a fim de conservar o emprego durante o mês de maio, a maioria informou ter disposição em manter a atividade normalmente (55,9%). Já 24,6% disseram pretender reduzir de jornada,10,6% conceder férias e 4% utilizar banco de horas. Apenas 2,5% das indústrias informaram terem a intenção de demitir durante o mês de maio e 2,4% adotar lay-off. “É preciso atenção a este tema porque o quadro de contaminação tem se alterado rapidamente e forçado regiões e setores a revisarem emergencialmente suas estratégias de atuação”.

Para o presidente executivo da Abimaq, esta é uma crise sem precedentes, que vem atacando a economia em muitas frentes, mas o emprego e a renda precisam ser preservados. “É necessário apoio financeiro mais intenso às indústrias nacionais para que elas possam preservar sua mão de obra e ficarem preparadas para voltar aos negócios o mais rápido possível quando a crise acabar”.

Entre as empresas fabricantes de máquinas e equipamentos, 45,2 % disseram que precisam de capital de giro para cumprir suas obrigações com fornecedores, governo, salários e bancos. Mas, apenas 15% fizeram uso de capital de giro adquirido no mercado bancário durante o mês de abril contra 8% em março.

Já das 25,4% das indústrias que procuraram e não conseguiram o acesso ao crédito, alegaram motivos como: linhas de financiamentos estavam com taxas de juros elevadas (31,8%), excesso de exigência de garantias (26,1%), excesso de burocracia (18,2%) e exigência de CND (13,6%). “Destaca-se, no entanto, que durante o mês de maio, e, portanto, após a consulta realizada com as fabricantes, a questão relacionada à Certidão Negativa de Débito (CND) foi equaciona com a deliberação da suspensão da exigência de CND previdenciária e de tributos federais, estaduais e municipais que ficará em vigor até o dia 30 de setembro de 2020”.

Segundo ele, o capital de giro, até o momento, continua como a maior deficiência das indústrias. “A liquidez que foi oferecida pelo Tesouro ao sistema financeiro ainda está empoçada, o pouco recurso que fluiu ao setor produtivo vem a taxas que a indústria não tem condição de assumir”.

A carteira de pedidos da indústria de máquinas e equipamentos recuou 8,0% durante o mês de abril contra 5,5% em março. A carteira de pedidos observada no mês de abril é suficiente para suprir a atividade por 8,2 semanas, ou pouco mais de dois meses. Para 28% das empresas houve adiamento dos projetos unilateralmente por parte do cliente, que resultou numa redução de 17% da carteira destas empresas. Para 22,3% houve cancelamento de pedidos, neste caso o corte foi de 9,4% da carteira.

“Nosso setor que atende às diversas atividades da economia, com isso os impactos da pandemia vêm ocorrendo de forma bastante irregular. Os segmentos que atendem à indústria de bens de consumo não durável estão com bom desempenho, assim como os que atendente à agropecuária, mas os que atuam com a indústria de transformações e especificamente com a indústria automobilística tem enfrentado uma desaceleração importante. Este quadro exige um olhar atento para todas as direções para que nenhuma atividade fique desassistida”, completa Velloso.