Não tivemos, ao contrário dos anos anteriores, grandes variações nos índices de crescimento das principais economias mundiais, nem quaisquer greves ou acidentes que tivessem força suficiente para abalar os preços das commodities minerais.
Marcus Alberto Flocke*
Quem atua no mercado de metais não ferrosos sabe que, no que se refere às cotações internacionais, 2019 foi um ano “morno”. À exceção do níquel e do estanho, os demais metais apresentaram poucas e quase insignificantes variações durante o ano.
A tonelada do cobre começou janeiro na casa dos US$ 5,9 mil e encerrou o período pouco abaixo de US$ 6,1 mil. Durante o ano, as cotações do metal alcançaram a máxima de US$ 6,4 mil em março e a mínima de US$ 5,7 mil em agosto.
O zinco registrou movimento semelhante, passando de US$ 2,6 mil/t. em janeiro, para US$ 2,3 mil/t. em dezembro. O alumínio, então, manteve-se o ano todo entre US$ 1,85 mil/t. e US$ 1,77 mil/t. Da mesma maneira, as cotações do chumbo ficaram estagnadas, começando o ano a US$ 1, 99 mil/t. e terminando a US$ 1,90 mil/t.
Ainda assim, ao fazer as contas no final do ano, as empresas contabilizaram, no mínimo, um aumento de custos de 10% – o que não é pouco se considerarmos que a inflação oficial brasileira, medida pelo INPC, foi de 4,48% – pois compraram metais a um dólar de R$ 3,7518 na média de janeiro e chegaram a dezembro pagando, na média, R$ 4,1188 por cada dólar.
Esse “marasmo” nas cotações do metais não-ferrosos andou lado a lado com outros indicadores que mostram que 2019 foi um ano “normalzinho”. Não tivemos, ao contrário dos anos anteriores, grandes variações nos índices de crescimento das principais economias mundiais, nem quaisquer greves ou acidentes que tivessem força suficiente para abalar os preços das commodities minerais. Assim, como um caranguejo, todo mundo “andou de lado”.
Já, nos casos do níquel e do estanho, a situação foi outra: houve importante variação nos preços, mas em direções opostas. A tonelada do Estanho, começou cotada a US$ 20.480,00 na média de janeiro e encerrou o período a US$ 17.093,00 na média de dezembro. Os preços caíram, portanto, 16,5%, neutralizando a desvalorização cambial que foi de 9,78% no mesmo período. Isso se deve à queda na demanda e aumento da oferta, e nem mesmo o anúncio feito pelos maiores produtores mundiais de que reduziriam a produção, foi suficiente para reverter a tendência de queda nos preços.
O níquel, por sua vez, começou o ano custando US$ 11.454,00 por tonelada, atingindo US$ 16.673,00 na média de setembro e fechando o ano a US$ 13.800,00. Assim, a variação do preço médio de dezembro sobre o preço médio de janeiro, foi de 20,5%, o que resulta numa variação de preços, em reais, superior a 32%.
Esse desempenho das cotações do níquel foram resultantes de uma forte demanda no setor de aço Inoxidável, além de ter os preços influenciados pela ameaça da Indonésia de proibir o minério naquele país já a partir de janeiro de 2020, quando o previsto inicialmente era a partir de 2022.
Embora as perspectivas dos principais analistas internacionais sejam de que os preços do níquel devem continuar subindo nos próximos anos, pelo menos para 2020 nossa recomendação é de cautela. Seja para o níquel ou para qualquer outro metal não-ferroso: olho no desempenho da economia da China. E nesse sentido, as perspectivas não são boas, pois, como diz o velho ditado “quando a China espirra, o mundo fica gripado”. Imaginem, então, qual é o prognóstico para o mundo quando a China fica gripada.
*Marcus Alberto Flocke:
é economista, sócio diretor da M.Flocke Consult Ltda., consultoria especializada em relações governamentais e internacionais.
É também especialista em assessoria para obtenção de ex-tarifários.