A previsão de queda da indústria siderúrgica em 2020 foi revisada para cima e as expectativas continuam apontando para uma possível nova revisão nos próximos dois meses.

Na ultima quinta feira, 01 de outubro o IABR, o Instituto Aço Brasil promoveu uma coletiva de imprensa extraordinária virtual e presencial nas dependências da Usina da Gerdau em Araçariguama, São Paulo ocasião em que apresentou o novo Presidente do Conselho de Administração do Instituto Aço Brasil, Marcos Faraco, que é um dos dirigentes da Gerdau.

Na ocasião o convidado especial foi o Secretário Especial de Produtividade, Emprego e Competitividade do Ministério da Economia (Sepec/ME), Carlos Da Costa, que segundo suas palavras (veja em matéria especifica neste portal) veio conferir de perto a retomada do mercado e os rumores sobre falta de produtos.

O novo presidente Marcos Faraco se apresentou com uma ótima noticia, dizendo que a sua empresa estava batendo nos mês de setembro todos os recordes de produção de vergalhões em toda a sua história.

Em seguida Marco Pollo de Melo Lopes, presidente executivo do Instituto Aço Brasil apresentou um breve apanhado da situação do setor neste momento. Ele disse que a indústria siderúrgica brasileira passou nos últimos anos por momentos extremamente difíceis e enumerou: 2018 – A greve dos caminhoneiros, em 2019 – A Tragédia de Brumadinho e agora em 2020 a Pandemia mundial do Coronavirus.

No pico de desaceleração a indústria do aço, no mês de abril deste ano operou com somente 42% de sua capacidade instalada. Felizmente a retomada foi muito superior ao esperado e já se atingiu o nível de operação de 63% que é ligeiramente superior aos 62% apurados em janeiro deste ano, portanto antes da pandemia.

Ocorre que o fornecimento de aços está concentrado em três grandes blocos que são a indústria automotiva, a indústria da construção civil e a indústria dos bens de capital onde se situam máquinas, equipamentos industriais e agrícolas e bens de infraestrutura. Estes três segmentos respondem por 82,2% da produção nacional de aço e estão na linha de frente da retomada, demandando muito acima do normal.

E ai usando palavras do Secretário Especial, no momento de crise de demanda (abril e maio) os consumidores e distribuidores naturalmente suspenderam as encomendas e fizeram uso de seus estoques, pois não havia demanda e era imperioso a redução de custos.

Como a retomada foi muito acima do que o próprio governo previa não houve tempo suficiente para que as indústrias se reposicionassem para suprir o mercado e ao mesmo tempo recomporem os níveis de estoques dos distribuidores. Daí se explica a falta de alguns produtos que deve se regularizar em alguns meses.

Para provar esta aceleração rápida na retomada o Secretário citou um dado que é o Índice de Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês) industrial do Brasil que em agosto registrou 64,7 ponto após o ajuste de fatores sazonais. Este mesmo índice em julho havia crescido 58,2 pontos. Conforme disse o Secretario para se ter uma comparação este índice na China em agosto foi de 53 pontos.

Em agosto a produção de aço foi de 2.701 mil toneladas, as vendas internas de aços planos, 908 mil toneladas e 741 mil toneladas de aços longos.

Foram apresentados ainda vários demonstrativos acerca da composição dos preços dos aços, do excedente mundial e das salvaguardas que vários países impõem a entrada de aço importado.

Finalmente ele apresentou a nova previsão de produção:

Em julho está previsão apontava para uma queda de 13,4% em relação ao ano anterior e agora em setembro esta previsão está em queda de 6,4%

No caso das vendas internas a previsão em julho era de queda de 12,1% e agora a queda prevista é de 3,1%.

Tais números poderão ainda ser revistos dependendo do comportamento apresentado nos dois próximos meses.