Nem os mais renomados “gurus” poderiam prever no início de abril deste ano os resultados que aqui apresentamos.

Ainda temos os meses de novembro e dezembro para serem computados no resultado final do ano, mas com certeza o ano de 2020 não será esquecido tão cedo pelos empresários que se dedicam a distribuição e processamento de produtos siderúrgicos.

É tido como regra geral que de todo o aço consumido no Brasil cerca de 30%, com pequenas variações, passa necessariamente pelas mãos e pelos depósitos dos processadores, distribuidores ou revendedores de produtos siderúrgicos.

Assim que a divulgação em escala mundial da pandemia do COVID-19 espalhou-se, muitos empresários se desesperaram pois a expectativa para o ano vinha se mostrando com possibilidades positivas, mas com este fator inesperado tudo iria ruir. Felizmente olhamos esta situação pelo retrovisor e as medidas tomadas amenizaram e até salvaram muitas empresas que mesmo antes da pandemia já vinham muito fragilizadas.

Pois bem, segundo dados divulgados mensalmente as estatísticas do setor no período de janeiro a outubro de 2019 mostrou que haviam sido vendidas, 2.846,4 mil toneladas e agora em 2020, já chegamos a 2.988,1 mil toneladas, registrando portanto uma alta de 5% sobre o acumulado do ano passado.

O que nos causa mais perplexidade é que agora em 2020 tivemos a supressão de pelo menos dois meses de negócios – meados de março até meados de maio – quando estávamos totalmente a margem de qualquer atividade em função do pico da Pandemia que se espalhava pelo mundo afora. Houve empresas que fecharam totalmente suas instalações por pelo menos duas a três semanas e a partir daí operaram com grande ociosidade.

Todos que atuam no setor sabem que tradicionalmente o mês de dezembro é um mês com baixa atividade, pois além de ser um mês mais curto em função das festas natalinas, as empresas aproveitam para atualizarem as suas férias coletivas, ou realizarem trabalhos de manutenção ou até mesmo de ajuste de seus estoques. Porém, como este é um ano atípico tudo pode ocorrer. E ainda temos o mês de novembro que pelas nossas pesquisas continua tão forte, quanto foi outubro que apresentou um crescimento em relação a outubro do ano passado de nada menos que 17% sendo que os laminados a quente tiveram o melhor desempenho do setor.

No tocante aos resultados de vendas anuais, levantamos em nossos registros que em 2017 foram anunciadas vendas girando em torno de 2.960 mil toneladas, passando para 3.090 mil toneladas em 2018, portanto com crescimento de 4,02% em seguida em 2019, totalizando 3.392 mil toneladas ou seja, perto de 10% e agora em 2020, espera-se que este indicador supere este crescimento dos 10%.

Com respeito a falta de aço, que alguns setores consumidores têm falado, o que apuramos é que a retomada foi tão intensa que a distribuição ainda não conseguiu repor seus níveis de estoque. O que ela tem recebido das usinas está na sua maior parte já comprometida para entrega. E as estatísticas confirmam esta afirmação pois no gráfico relativo a estoques da rede distribuidora nota-se claramente que o setor atingiu seu menor número, pois segundo estudo já tradicional o número de meses de venda em estoque deveria ser 2,7 meses para se obter o equilíbrio e neste último gráfico apresentado este número é de 1,8 meses.

E o futuro? Assim como a maioria dos setores empresariais, a distribuição e processamento também acredita que em 2021 será restabelecido plenamente a retomada da atividade econômica.

É só olharmos para os noticiários econômicos para vermos todos os dias que as expectativas do PIB deste ano melhoram, existe falta de matérias primas em várias atividades – borracha, têxtil, papel e celulose e outros – a maioria das empresas voltou a recontratar funcionários, os contratos relativos a logística e fretes estão aumentando e daí por diante. A roda da economia está girando. Todos estes são sinais evidentes que se soubermos aproveitar o “bonde da história” podemos deixar em breve de ser o país do futuro para nos tornarmos o país do presente.

Henrique Pátria
Editor Chefe
Portal e revista Siderurgia Brasil