Dias melhores certamente virão

por | 20/12/2020 | Edição 143

De acordo com o Instituto Aço Brasil, em novembro de 2020, a produção brasileira de aço bruto foi de 3,0 milhões de toneladas (Mt), representando um aumento de 9% em relação ao mês de janeiro. As vendas internas atingiram 1,8 milhão de toneladas, crescendo 19% em relação às de janeiro deste ano. O consumo aparente de produtos siderúrgicos foi de 2,0 milhões de toneladas, 15% superior ao apurado no mês de janeiro.

“A vigorosa recuperação do mercado interno permitiu que as estimativas do Instituto para 2020 sejam de relativa estabilidade em relação a 2019, com as vendas internas apresentando um crescimento de 0,5% e atingindo 18,9 milhões de toneladas, enquanto o consumo aparente deve sofrer uma queda de apenas 1%, batendo nas 20,8 Mt”, pontua Marco Polo de Mello Lopes, presidente do Aço Brasil. Ainda segundo ele, no tocante à produção, a indústria brasileira do aço deve decrescer 5,6%, atingindo 30,7 Mt este ano. Por sua vez, as importações devem cair 17,4% em relação a 2019, totalizando 2,1 Mt e as exportações devem decrescer 16,3%, atingindo 10,7 Mt.

No documento de divulgação dos mais recentes dados do mercado, Lopes salienta os impactos da pandemia na produção do setor este ano, uma vez que segmentos consumidores chegaram a paralisar as operações no primeiro semestre. Com efeito, o ano de 2020 foi surpreendente para todos e, na indústria brasileira do aço, não foi diferente. No início de janeiro, o setor alimentava a expectativa de que este seria, enfim, o ano da recuperação da atividade econômica no País. Mas ainda no 1º trimestre, a pandemia do COVID-19 parou o mundo.

No Brasil, o necessário isolamento social, adotado no enfrentamento da pandemia, levou a uma grave crise de demanda que no seu momento mais agudo, em abril, fez com que o setor automotivo fechasse 65 plantas e 5.200 concessionárias e, o setor de máquinas e equipamentos, tivesse 47% de suas empresas também fechadas. Esses setores, juntamente com o da construção civil, que também sofreu os impactos da pandemia, são responsáveis por mais de 82% do consumo de aço no país. Em consequência disso, em abril, a indústria brasileira do aço operou com apenas 45% de sua capacidade instalada, sendo obrigada a ajustar sua oferta à demanda existente, com abafamento e desligamento de altos-fornos, aciarias e outros equipamentos.

“Hoje, embora ainda distante do ideal, que é de 80%, a utilização da capacidade instalada é de 68,9% e já ultrapassou a de janeiro deste ano, não havendo por parte das empresas associadas ao Instituto problemas no abastecimento do mercado interno, prioridade absoluta do setor”, afirma Lopes, destacando o importante papel da retomada das operações das usinas como fator de recuperação do índice. “E os problemas de abastecimento apontados na Imprensa por alguns segmentos de consumo referem-se à reposição de estoques e estão localizados no segmento da distribuição do aço e não nas usinas produtoras associadas ao Aço Brasil”, faz questão de esclarecer.

E o sentimento de que dias melhores virão alimenta boas expectativas na entidade. Acerca disso, Lopes cita o Indicador de Confiança da Indústria do Aço (ICIA) continua a se manter em patamares historicamente elevados, embora tenha havido redução de 4,1 pontos, para 78,9 pontos em dezembro – terceiro maior patamar da série histórica, iniciada em abril de 2019. “A expectativa do setor é de que no próximo ano as vendas internas aumentem 5,3%, e o consumo aparente de produtos siderúrgicos 5,8%, em comparação com 2020. O cenário positivo baseia-se na expectativa de um maior consumo de aço na construção civil, nas obras de infraestrutura, e uma maior participação da indústria nacional no setor de óleo e gás e energia renovável”, conclui o presidente do Instituto Aço Brasil.