O problema é amplamente conhecido. Desde 2018, o Brasil foi penalizado com uma redução de 30% sobre a média exportada entre 2015 e 2017 aos Estados Unidos, por obra das medidas protecionistas impostas desde o início do governo de Donald Trump, que estabeleceu um famigerado sistema de cotas. Por meio dele, a exportação não-tarifada do produto a partir do território brasileiro ficou restrita a 3,5 milhões de toneladas ao ano, dentro de um limite de 30% sobre a média exportada entre 2015 e 2017 àquele país. O que excede ao montante é taxado com 25%, o que, na prática, cria sérios entraves, a ponto de inviabilizar as exportações para os Estados Unidos. E como desgraça pouca parece ser bobagem, para piorar ainda mais o quadro, esse regime – que vinha sendo praticado até agosto deste ano – sofreu mais um revés, quando, em meio à campanha de Trump pela reeleição, a cota do último trimestre de 2020 foi reduzida de 350 mil para apenas 60 mil toneladas, o que representou um recuo perto de 83% nas operações destinadas àquele país.
Porém, segundo muitos analistas de mercado, a eleição do democrata John Biden à Presidência da República dos Estados Unidos pode criar oportunidades para o Brasil negociar uma flexibilização no regime de cotas de importação. Essa é a aposta do Instituto Aço Brasil, que pretende buscar junto ao novo governo americano o estabelecimento de regras e condições competitivas mais favoráveis para as siderúrgicas nacionais.
“Com a chegada de Biden ao poder, queremos reabrir as negociações. E, se não for possível retirar todas as restrições, que se retire pelo menos as restrições sobre o aço semiacabado, que é uma matéria-prima fundamental para a indústria norte-americana. O Brasil é um parceiro estratégico para os Estados Unidos, e eles sempre tiveram superávit nessa relação”, sublinha Marco Polo de Mello Lopes, presidente executivo da entidade, salientando que, dentro dessa composição de interesses mútuos, além de ser o maior exportador de aço semiacabado para os EUA, o Brasil ainda é o maior importador de carvão metalúrgico da terra do “Tio Sam”, com operações que batem a cifra de US$ 1 bilhão ao ano.