E como será o desempenho do setor automotivo em 2021? O tom da análise da ANFAVEA, por exemplo, mescla certa dose de otimismo a uma de compreensível cautela, com previsão de aumento de 15% no licenciamento de autoveículos, 9% nas exportações e 25% na produção, índices insuficientes para a retomada a patamares de 2019, pré-pandemia. Para máquinas, a expectativa é de crescimento de 7% nas vendas, 9% nas exportações e 23% na produção.

“Nunca foi tão difícil projetar os resultados de um ano”, explica Luiz Carlos Moraes, presidente da associação. “Infelizmente, a segunda onda de COVID-19 já chegou também ao Brasil, e sabemos que uma imunização pela vacina será um processo demorado, que impedirá uma retomada mais rápida da nossa economia. Some-se a isso a pressão de custos, as necessidades urgentes de reformas e surpresas desagradáveis como o aumento do ICMS paulista, e temos diante de nós um quadro que ainda inspira muita cautela nas nossas previsões”, complementa Moraes.

ALTA VOLATILIDADE
Apesar do momento de alta volatilidade, mas com a expectativa de crescimento do PIB, inicialmente, estimado em 3,5%, a seu turno a FENABRAVE estima um retorno do crescimento das vendas de veículos para 2021, projetando alta de 16,6% para o setor, em geral, sobre os resultados obtidos em 2020. “Esperamos poder recuperar, aos poucos, o mercado, mas ainda há incertezas e fatos que podem repercutir nas nossas projeções”, adverte Alarico Assumpção Júnior, presidente da entidade.

Já no entendimento da ANFIR, lenta e gradual também será a retomada do segmento de implementos rodoviários ao longo de 2021. E a expectativa é que isso aconteça por meio de uma reação conjunta de todos os setores envolvidos na cadeia, “Com isso, esperamos registrar em 2021 crescimento entre 8% e 10%”, analisa Norberto Fabris, executivo-chefe da associação.

“Esperamos que haja recuperação relevante em 2021, dada a paralisia do segundo trimestre de 2020 e a recuperação subsequente. Mas, nossa estimativa é de que apenas em 2022 a atividade no mundo voltará aos níveis de 2019. Por enquanto, as previsões do Sindipeças indicam crescimento de 21,2% no faturamento líquido em reais do setor, batendo nos R$ 135 bilhões. E o ganho virá no aumento da velocidade e da produtividade em todos os estágios, desde a concepção até a comercialização dos bens e serviços que integram o setor da mobilidade”, avalia, por sua vez, Dan Ioschpe, presidente do Sindipeças.

MELHORA À VISTA
Enquanto isso, a indústria ferroviária, que ainda enfrenta grandes oscilações nos volumes de fabricação, espera que as concessionárias de carga ofereçam previsibilidade a partir de 2021. Na área de carga, contribui para essa expectativa a assinatura, em maio do ano passado, do contrato Rumo Malha Paulista – mais importante corredor de exportação do agronegócio do Centro-Oeste –, que prevê a obrigatoriedade de investimentos em segurança e o aumento de capacidade do setor por mais 30 anos.

“Na área de passageiros, o mercado deverá se recuperar a partir de 2022, com as exportações já fechadas para os Metrôs de Taipei e de Bucareste e das entregas dos carros para a Linha 6 da Acciona, além das previsões de aquisição de veículos para as Linhas 8 e 9 da CPTM e para a Linha 2 do Metrô de São Paulo”, informa Massimo Giavina, vice-presidente do SIMEFRE e membro do Conselho da ABIFER. Ainda segundo ele, outras oportunidades esperadas são o People Mover, que ligará a Linha 13 aos três terminais do Aeroporto de Guarulhos, o Trem InterCidades (TIC) São Paulo a Campinas e o VLT da W3 em Brasília. Complementarmente, com a prorrogação do REPORTO – aprovada recentemente na Câmara dos Deputados, aguardando agora o Senado Federal –, bem como a aprovação do PLS-261, deverão garantir volumes maiores de veículos, componentes e materiais para via permanente, já a partir de 2021.