ArcelorMittal lança o XCarb um marco no seu compromisso de produzir aço neutro em CO₂ com o uso de tecnologias de ruptura.

A ArcelorMittal acaba de anunciar o lançamento das primeiras iniciativas do projeto global XCarb como parte da sua jornada para atingir seu compromisso de emissão líquida zero de carbono até 2050. Na prática, o XCarb irá reunir todas as atividades e produtos de aço fabricados com baixa emissão de CO₂ ou zero carbono na empresa, em nível mundial, bem como iniciativas mais abrangentes e projetos de inovação verde, em um único esforço para se alcançar progressos na neutralidade de carbono.

“A questão da sustentabilidade sempre esteve na pauta da ArcelorMittal, e sempre foi tratada de maneira bem ampla. No começo, o foco era o meio ambiente. Depois, em um segundo momento, essa abordagem trouxe a vertente da responsabilidade social corporativa e, de uns três anos para cá, o desenvolvimento das certificações ESG (ambientais, sociais e de governança) no processo de investimento, expandindo-a para além da cadeia de fornecimento, para garantir, além da questão dos direitos humanos e a do direito trabalhista, a segurança dos clientes, dos fornecedores e dos investidores de maneira geral”, destaca Guilherme Abreu, gerente-geral de Relações Institucionais e Sustentabilidade da ArcelorMittal Brasil.

A MARCA DA DESCARBONIZAÇÃO
Com efeito, a formatação do DNA sustentável da empresa líder mundial na produção de aço e um dos maiores em mineração, atendendo a clientes em 160 países, é algo que vem “de cima”, como se diz no jargão popular, tendo como grande fonte impulsionadora a visão de seu CEO, Aditya Mittal, que não só está à frente da tratativa de todas as ações em prol dela, como também cobra de seus mais de 190 mil colaboradores ao redor do planeta esforços constantes para que a companhia se mantenha numa posição de protagonismo também nessa área, notadamente no que diz respeito à questão climática.

“As mudanças do clima são uma enorme prioridade para a sociedade. Na ArcelorMittal temos um papel importante a desempenhar para ajudá-la a atingir os objetivos do Acordo de Paris, e estamos determinados a liderar a transição da nossa indústria para um aço neutro em CO₂. Temos a escala, os recursos e a capacidade tecnológica para proporcionar um impacto significativo, e já identificamos as rotas para a fabricação, por  meio do desenvolvimento de várias estratégias, como o atual lançamento do projeto XCarb, que reúne toda a amplitude de nossa atividade de descarbonização sob uma única marca”, afirma Mittal. “E a meta é demonstrar às partes interessadas essa grande variedade de iniciativas que estamos criando para alcançar nosso objetivo de emissões zero CO₂ até 2050, ao mesmo tempo em que oferecemos soluções para ajudar nossos clientes a abordar seus próprios objetivos, demonstrando o importante papel do aço numa futura economia circular”, complementa o CEO.

CERTIFICADOS VERDES
Entretanto, como se sabe, reduzir os níveis de emissão de CO₂ no setor aço está longe de ser algo simples, porque o uso do carbono, sob a forma do carvão mineral, é hoje a tecnologia mais consolidada e intensivamente usada para produzi-lo. Então, se o objetivo é a “zero emissão”, é preciso utilizar tecnologias de ruptura para atingir essa meta: não tem outro jeito.  E é exatamente por isso que, dentro da proposta do XCarb, a ArcelorMittal estabeleceu três ações iniciais para o projeto.

A primeira delas são os certificados verdes para o aço. Com esse escopo, a companhia, já há algum tempo, vem apostando em iniciativas como a do Smart Carbon, que contempla o uso de substitutos do carvão fóssil nos altos-fornos. Por aqui, 10% da produção total de 12,5 milhões de toneladas de aço bruto por ano, já são feitos com o uso de carvão vegetal. Já na Europa estão em andamento os processos do bio-carvão (Torero), gerado a partir da transformação de biomassa, e o Carbalyst, que captura o gás de alto-forno rico em CO₂ para ser convertido em bio-etanol, que pode ser usado para fabricar produtos químicos de baixo carbono. Outro projeto que vem sendo desenvolvido por lá é o da captura de gases residuais ricos em hidrogênio do processo de fabricação do aço para ser injetado nos altos-fornos, reduzindo o uso de carvão. Nesse caso específico, a grande sacada está no fato de se produzir hidrogênio de maneira verde, com o uso de energias renováveis. Assim, o produto final não será CO₂ e, sim, água.

ArcelorMittal – Unidade de Tubarão/ES

“Assim, além de resultar em consideráveis reduções de CO₂, esses esforços de investimentos resultam em vantagens que podem ser transferidas para os clientes na forma do primeiro programa de certificação da indústria do aço. Em outras palavras, o aço produzido por meio dessas inovações é comercializado como zero carbono e tem certificação verde. E quando o cliente compra esse produto, ele reduz suas emissões de CO₂ Escopo 3, de acordo com o padrão GHG Protocol Corporate Accounting and Reporting Standard, que são aquelas fora do seu controle, ou seja, do seu processo propriamente dito de utilização do aço”, explica Guilherme Abreu, antecipando que, dentro da proposta do XCarb, a ArcelorMittal terá 600 mil toneladas equivalentes aos certificados verdes de aço até o final de 2022.

EFICÊNCIA ENERGÉTICA
Já o segundo pilar do XCarb será a produção da liga de forma reciclada e renovável. Tradicionalmente, a indústria do aço possui duas grandes rotas de produção. Uma delas é a integrada, que se dá por meio do minério de ferro e com o uso de alto-forno e combustível (carvão). E a outra é por meio da refusão da sucata, com a utilização de forno elétrico.

“Se usamos essa segunda rota, com energia elétrica 100% renovável e carga metálica 100% sucata, vamos nos aproximar muito da neutralidade de emissões, chegando perto de 300kg de CO₂ por tonelada de aço, o que é considerada uma pegada de carbono extremamente baixa”, pontua o executivo da ArcelorMittal Brasil. Só para se fazer uma comparação, quando o aço é produzido pela rota integrada, são emitidas de 2 a 2,3 toneladas do gás por tonelada de aço. Esse processo é aplicável em casos quando for utilizada apenas sucata como carga metálica. E tal oferta é destinada a clientes de produtos planos e longos. A eletricidade usada no processo de fabricação do aço é verificada de forma independente com “Garantia de Origem”, considerando que seja de fontes renováveis.

FUNDO DE INOVAÇÃO
Finalmente, o terceiro pilar do projeto global XCarb da ArcelorMittal contempla o lançamento de um fundo de inovação, com investimento de até US$100 milhões por ano em empresas que desenvolvem tecnologias inéditas ou inovadoras – e, claro, possam ser comercialmente utilizadas em larga escala – para incentivar e acelerar o desenvolvimento de tecnologias de ruptura e, assim, romper a forma tradicional de se produzir o aço, ajudando a ArcelorMittal em sua jornada para a descarbonização.

“Todas as propostas naturalmente passarão por uma triagem e serão avaliadas por um comitê antes de serem implementadas. Na verdade, já existem vários desses trabalhos em andamento. Na empresa mesmo, há uma ampla gama de pesquisa em nossa da área de P&D. E a estimativa é que elas comecem a ficar disponíveis a partir de 2030″, antecipa Abreu.

RESPONSIBLE STEEL
Sem dúvida, ainda é difícil reduzir o CO₂ na produção de aço. Muita coisa já foi feita, mas as emissões ainda são grandes. Aplicando os processos existentes, a ArcelorMittal já atingiu um ganho marginal, ou seja, o máximo que o status quo tem condição de fornecer atualmente.

“Mas a ArcelorMittal é uma empresa pioneira e protagonista no desenvolvimento de soluções de sustentabilidade, que redundem também em eficiência energética. Na unidade de Tubarão/ES, por exemplo, todos os gases são recicláveis e geram energia elétrica, deixando a empresa positiva nessa área. E lá também estamos firmemente empenhados para a obtenção da certificação do Responsible Steel, primeira iniciativa de certificação global de múltiplas partes interessadas da indústria siderúrgica, que desenvolve padrões de desempenho de sustentabilidade e um programa de certificação independente de terceiros para a cadeia de valor do aço. Na sequência, vamos nos esforçar também para conseguir essa certificação também para nossa unidade Vega, em São Francisco do Sul/SC”, destaca Guilherme Abreu.

Vale lembrar que, apesar da crise econômica brasileira e da instabilidade dos mercados externos, causadas pela pandemia da COVID-19, a ArcelorMittal Brasil apresentou resultados positivos em seus indicadores financeiros e boa performance operacional em 2020. O lucro líquido da empresa foi de R$ 1,235 bilhão, o que representou um incremento de 16% em relação ao ano anterior. E dado significativo é que, também em 2020, a companhia investiu recursos da ordem de R$ 1,1 bilhão, destinados a projetos ambientais, de eficiência operacional, de desenvolvimento de produtos e soluções de alto valor agregado e, ainda, de transformação digital, por meio de seus laboratórios de inovação Açolab e iNo.VC, bem como de sua empresa de tecnologia ArcelorMittal Sistemas.