Representantes do Instituto Aço Brasil se reuniram na última segunda-feira, dia 14 de junho, com o presidente Jair Bolsonaro e os ministros da Economia, Paulo Guedes, e da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, para mostrar resultados do setor e manifestar contrariedade do setor à proposta de redução da tarifa de importação do aço.

Segundo disse o presidente executivo da entidade, Marco Polo de Mello Lopes, não há cenário de excepcionalidade que justifique tal medida. “Nossa previsão de crescimento da produção em 2021 é de 11,3%. Não há risco de crise de desabastecimento, como dizem as narrativas de determinados segmentos que têm outros interesses”.

Sua argumentação tem por base a situação de que no mês passado, a Câmara Brasileira da Construção (CBIC) pleiteou formalmente, perante a Câmara de Comércio Exterior (Camex) do Ministério da Economia, a redução da tarifa de importação da matéria-prima de 12% para 1% pelo período de 12 meses. A estratégia é provocar choque de oferta, favorecendo a entrada de aço importado no mercado brasileiro, ampliando a oferta do insumo, o que afetaria a redução nos prazos de entrega e também os preços do aço.
Na ocasião, a CBIC apresentou levantamento efetuado no mês de abril com 277 construtoras brasileiras. Neste documento foi apontado que 83,4% delas não recebiam o número de vergalhões encomendados e apenas 7,6% recebiam aço dentro do prazo de 30 dias, prazo comum antes da pandemia. Com essa argumentação eles justificavam que estava faltando aço no Brasil.
No entanto Marco Polo de Mello Lopes, entende que a medida mais justa seria desonerar “a cadeia como um todo”, em vez de beneficiar setores específicos. Ele ainda defende a abertura econômica gradual, nos termos de um cronograma preestabelecido, que corrija “assimetrias competitivas” entre agentes nacionais e estrangeiros. Complementa que “Se a política é liberal para abrir, isso tem que ser feito de uma maneira que não prejudique as indústrias brasileiras”.
Essa discussão das assimetrias competitivas existe de longa data. E nós que temos participado assiduamente de quase todos eventos ligados a cadeia do aço, confirmamos que por diversas vezes o assunto foi motivo de reuniões e discussões com órgãos do governo, além de matéria em coletivas de imprensa e eventos. Segundo Maro Polo a indústria nacional recebe um tratamento fiscal que não há coloca no mesmo nível de competição das companhias estrangeiras.