Vários acontecimentos marcaram o período. No Brasil recordes de produção foram batidos, mas consumidores estão se organizando para encontrar alternativas e comprar o aço diretamente no Exterior.

Henrique Pátria *

Segundo dados divulgados pela Worldsteel Association que reúne informações de siderúrgicas de 64 países nos cinco continentes, e representam cerca de 85% do total, a produção mundial de aço voltou a dar um novo salto no mês de maio registrando uma produção mundial de 174,4 milhões de toneladas contra 169,5 milhões de toneladas do mês anterior, com um crescimento ao redor de 3% e de 16,5% em relação a maio do ano passado. De janeiro a maio foram produzidas 837,5 milhões de toneladas em todo o mundo.

A China foi o maior produtor mundial com 99,5 milhões de toneladas, que representa cerca de 57% do total produzido, seguido pela Índia com 9,2 milhões de toneladas, Japão, Estados Unidos e Rússia.

No Brasil
Conforme a informação recebida do Instituto Aço Brasil – IABr, foram produzidas em maio 2,16 milhões de toneladas que nos colocou na 8ª posição mundial empatados com a Turquia. Já no acumulado de janeiro a maio de 2021, nossa produção atingiu 14,9 milhões de toneladas, com um aumento de 20,3% frente ao mesmo período do ano anterior. Foi também a maior produção em um mês da série histórica do Instituto.

O destaque do mês ficou para o Consumo Aparente de 2,5 milhões de toneladas um crescimento de 83% em relação ao mesmo mês do ano passado. A questão do consumo aparente é uma das bandeiras eternas do Instituto Aço Brasil, pois até o ano passado o Brasil vinha apresentando um consumo/per capita de aço dos mais baixos do mundo.

A venda de quase toda esta produção esteve concentrada no mercado interno, pois entre janeiro e maio foram vendidos mais de 10 milhões de toneladas no mercado doméstico. Mas este esforço não tem sido suficiente para aplacar a busca de tradicionais e grandes consumidores por outros fornecedores.

Por exemplo, a Abimaq, que representa o setor de máquinas e equipamentos e está entre os cinco maiores consumidores de aço do Brasil, vem promovendo reuniões entre seus associados, visando a formação de consórcios de compradores de aço no exterior, sob a alegação que o aço brasileiro está com preços inflacionados e há problemas de fornecimento. Também outro grande consumidor que é a construção civil, representada pela CBIC – Câmara da Construção, pleiteou oficialmente junto ao Governo Brasileiro a suspensão do Imposto de Importação de Aço alegando os mesmos motivos. (Veja noticia em nosso portal). Rebatendo tais informações o Instituto Aço Brasil, tem demonstrado através de suas estatísticas que a siderurgia nacional vem batendo recordes de produção e suprindo o mercado de todas as formas e todos os produtos. Uma outra notícia que vem corroborar esta afirmação (leia em outra seção nesta edição) é que a Usiminas acabou de reativar o seu Alto Forno 2, completando assim toda a sua capacidade de produção. Não há mais nenhum equipamento da empresa fora de operação. Há alguns dias noticiamos em nosso portal que a ArcelorMittal também está reativando sua unidade de Barra Mansa no Rio de Janeiro, para aumentar a oferta de vergalhões para a construção civil.

Na América Latina
Os dados fornecidos pela Alacero, são um pouco mais antigos, mas mostram que em março, ainda que com desempenhos diferentes entre os vários países que compõem o bloco, tínhamos um acumulado anual de 17% a maior em comparação com o ano anterior. O consumo de aço subiu em março, segundo a entidade latino-americana 27% em relação ao ano passado. A preocupação continua sendo com a chegada do aço importado, principalmente da China que hoje produz quase 60% do aço mundial. Segundo o informe foram importadas 6,4 Mt, que é mais 15% do que nos três primeiros meses de 2020, e mais 9% do que no primeiro trimestre de 2019. Em março, 52% das importações vieram da China, atingindo níveis acima dos registrados em janeiro (30%) e fevereiro (33%).

O novo presidente executivo da Alacero, Alejandro Wagner, alerta que “Para que a recuperação da siderurgia na América Latina se mantenha ao longo do tempo, são necessárias políticas públicas que favoreçam os investimentos privados nacionais e estrangeiros e estimulem a recuperação econômica, levem à redução da carga tributária e ao aumento da produtividade”, acrescentou.

Como ficou a distribuição?
Foi a que mais sofreu com a importação, pois segundo Carlos Loureiro, presidente do Inda, todas aquelas compras feitas no exterior em dezembro, janeiro e fevereiro, com preços muito menores do que os praticados hoje começaram a chegar em maio e continuarão chegando em junho e julho. Isso significa que muitos consumidores trocaram o distribuidor nacional pelo importador que passou a ter o produto com preços melhores. Uma outra consequência é de que os sucessivos aumentos nos preços dos aços para os distribuidores, que este ano já estão na casa dos 65%, já não são mais absorvidos pelos consumidores, pressionando a margem de comercialização das empresas do setor. Segundo Loureiro já não há mais nenhum clima para crescimento de preços nos próximos meses. Ele ainda acrescenta que vários analistas econômicos já dão como certa a fixação do preço do dólar em torno dos R$5,00 no segundo semestre, o que também impactará no setor.

Com este movimento a rede representada pelo Inda, vendeu 6,6% a menos do que no mês passado. Foram 320,3 mil/ton contra 343,1 mil/ton no mês passado.

Os estoques na rede também subiram e agora representam 738,4 mil/ton, ou seja 2,5 meses de venda, pressionando ainda mais o capital de giro destas empresas.

Segundo Loureiro, com este movimento o crescimento do setor de distribuição e processamento de aço em 2021 deve ficar entre 12 a 15%.

*Henrique Patria

Editor Chefe do Portal e Revista Siderurgia Brasil