A chegada de mais de 220 mil toneladas de aço importado no mês de junho ao Brasil, impactou negativamente nos números da distribuição e processamento de produtos siderúrgicos, conforme informa o INDA em suas estatísticas mensais.
A queda nas vendas no setor foi de 6,4% em relação ao mês anterior, atingindo a 300 mil toneladas, contra 320,3 mil toneladas registradas no mês anterior. Os laminados a quente e as folhas metálicas representaram mais de 15% de queda, pois coincidentemente foram os produtos que mais chegaram.
Em números finais divulgados o Brasil importou em junho 225.970 mil toneladas de aços vindos de diversos fornecedores globais, contra 188.994 mil toneladas registradas no mês anterior. Portanto um crescimento na ordem de 20%.
Além deste aço pronto para o mercado, foram ainda importadas pelas usinas mais 134 mil toneladas de placas utilizadas para laminação e transformação em produtos para o mercado. Portanto o montante da importação de aço no mês de junho atingiu a 359.960 mil toneladas.
Já a entrega das usinas para os distribuidores registrou alta de 0,5% com um volume de 347,3 mil toneladas, praticamente iguais às 345,6 mil toneladas registradas no mês passado.
No tocante às compras pelas distribuidoras a expectativa é de que permaneça neste mesmo patamar de 345 a 350 mil toneladas enquanto as vendas devem recuar mais um pouco. Estas previsões são feitas com cenário que vivemos neste momento.
Para as importações a expectativa dos próximos meses é de que a situação também permaneça muito próxima deste patamar, uma vez que muitas encomendas feitas no inicio do ano estão chegando agora no Brasil.
Carlos Loureiro, presidente executivo do Inda, comentando sobre o momento disse que essa era uma situação de certa forma anunciada, pois com a falta de aço na retomada forte da economia no inicio do ano os consumidores naturalmente buscaram novas fontes de fornecimento, uma vez que mesmo com a ampliação de oferta não era possível atender a toda demanda, não se importando muito com os preços uma vez que a falta do produto era evidente.
Ocorre que houve uma reviravolta na siderurgia mundial, e o aço nas principais economias como os EUA, por exemplo, cresceram após a pandemia em cerca de 280% e na Europa cerca de 150%, assim como no Brasil.
Desta forma o aço que foi comprado no final do ano passado, e principalmente nos primeiros meses deste ano, há preços praticados naquele momento acabaram, estão recebendo agora produtos com preços muito menores dos que os praticados hoje.
Cabe lembrar que para a rede de distribuição, os ajustes no preço do aço, para acompanhar o mercado internacional subiram em 2021 cerca de 65% em relação ao final do ano passado.
Loureiro entende que o mercado permanece forte, mas evidentemente com a chegada dos aços importados, haverá uma acomodação natural com os compradores, buscando os melhores preços sejam de importadores ou de distribuidores.
Segundo disse ainda, as usinas já se movimentam para tentar regular a oferta no mercado interno e uma das formas é buscar aumentar as suas exportações, já que o aço brasileiro tem ótima aceitação no exterior.
Outra consequência desta situação é que as margens da rede de distribuição já estão recuando e fatalmente devem recuar mais, uma vez que o mercado é um só e estará sendo fortemente disputado.
Suas expectativas para este próximo trimestre é que este quadro provavelmente permanecerá como está, com queda nas vendas das distribuidoras e ainda com a chegada de aço com preços inferiores aos praticados pelas usinas. No entanto ele não acredita que os preços internacionais e também aqui no Brasil venham a recuar. Há principalmente nos EUA, forte pressão pelo consumo de aço, o que mantém elevados os valores do produto.
Mas, segundo ele o mercado tende a voltar a normalidade até o final do ano, com as distribuidoras atendendo aos clientes menores que não tem acesso às usinas, principalmente pela questão da quantidade, as usinas atendendo os grandes consumidores como a indústria automotiva, por exemplo. Os demais consumidores passam a se abastecer de parte das usinas e parte dos distribuidores, com algumas compras no mercado internacional. A importação no seu entendimento deve continuar mas em outros patamares, uma vez que as compras que estão sendo fechadas agora já se referem a preços atualizados e chegarão daqui 4 a 5 meses com preços muito maiores ou até superiores aos praticados internamente.
Fonte: INDA