Contrastando com um cenário repleto de incertezas e muitos desafios pela frente, os números apresentados pelo Instituto Aço Brasil – IABr nesta quinta-feira (22/07), relativos ao primeiro semestre de 2021, são muito alentadores para o setor.
Neste período, a indústria siderúrgica registrou crescimento na produção de aço bruto de 24 %, na comparação com os seis primeiros meses de 2020, enquanto as vendas internas cresceram 43,9% e o consumo aparente subiu 48,9% no mesmo período.
São dados inequívocos que não só atingimos a normalidade como ultrapassamos esta barreira e agora inclusive foi possível rever as projeções para o crescimento esperado do setor para o ano.
Com tais números a utilização da capacidade instalada do setor cresceu e já bate na casa dos 73,5% e todas as demandas no que se refere a prazos de entrega e encomendas estão atendidas, segundo o Instituto. Ao invés dos 6,7% de crescimento esperados em janeiro e revisados posteriormente para 11,3%, hoje a expectativa de crescimento da siderurgia para 2021 é de expressivos 14%. E as vendas para o mercado interno acompanham este crescimento pois iniciamos em janeiro com expectativa de 5,3% e hoje temos 18,5%. Se confirmados certamente serão números excepcionais e recordes em toda a história da siderurgia nacional.
Os dirigentes do Instituto – Marco Polo de Melo Lopes, presidente executivo e Marcos Faraco, presidente do Conselho Diretor -, rebateram com veemência afirmações de outros setores de que a indústria siderúrgica deixou de abastecer segmentos consumidores nacionais, dando algum tipo de preferência para a exportação. Apresentaram vários gráficos e demonstrativos na qual demostram que o setor vem acompanhando muito de perto todo o esforço nacional para recomposição da economia e que vem dando o máximo possível para atender a todas as demandas.
Eles se referiram principalmente às reivindicações de determinados setores da economia para que o governo reduzisse as tarifas de importação de aço. Entendem que a questão da importação é uma opção justa de mercado e uma definição exclusiva de cada comprador. No entanto como o setor vem sendo plenamente abastecido não há motivos para que tais reivindicações ganhem guarida no governo federal.
Falando ainda sobre a questão do consumo eles explicaram que a demanda atual pode ser explicada não só pela retomada dos setores consumidores, mas também pela recomposição de estoques e até mesmo pela formação de estoques defensivos de alguns segmentos que procuraram se proteger do cenário de volatilidade do mercado. Volatilidade esta que foi provocada pelo movimento mundial de boom nos preços das commodities.
Sobre a questão de preços eles disseram que insumos e matérias primas, em especial minério de ferro e sucata, tiveram significativa elevação de preços, causando forte impacto nos custos de produção da indústria do aço em âmbito mundial.
A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) constatou que os preços do aço praticados nos mercados internos dos países são os mais elevados desde o ano 2000.
Outro ponto abordado na coletiva disse respeito ao excedente mundial de aço que já alcança 560 milhões de toneladas espalhadas pelo mundo.
Este tipo de situação inevitavelmente gera práticas desleais de comércio, escalada protecionista e desvios das exportações para mercados sem proteção como é o caso do Brasil e demais países da América do Sul. Vários países vêm adotando crescentemente, medidas de proteção dos seus mercados, tais como a Seção 232 nos EUA e salvaguardas na Europa.
Segundo Marco Polo é preciso atenção no processo de abertura comercial da economia brasileira, sendo necessário vincular a redução do imposto de importação à redução do custo Brasil, como vem sendo defendido pela indústria.
Fonte: Instituto Aço Brasil