Com a chegada de mais de 220 mil toneladas de aço importado no mês de junho ao Brasil, os números apresentados pelo INDA – Instituto Nacional dos Distribuidores de Aço, mostram que o setor vai sofrer com a concorrência vinda de fora.
Ainda que o mercado comprador esteja aquecido pelos bons resultados econômicos e retomada da atividade industrial o que se vê é que o consumidor final começa a receber ofertas tentadoras e não pensa muito para trocar o seu tradicional distribuidor de aço com preços mais altos pelo importador que está recebendo agora o aço comprado em janeiro e fevereiro, portanto com preços daquela época. (Entenda todo este imbróglio lendo a matéria sobre importação de aço nesta edição).
Com isso a queda nas vendas no setor foi de 6,4% em relação ao mês anterior, com 300 mil toneladas, contra 320,3 mil toneladas vendidas em maio. Os laminados a quente e as folhas metálicas foram os que mais sofreram com quedas na casa dos 15%, pois coincidentemente foram os produtos que mais chegaram ao Brasil.
As compras junto às usinas registraram alta de 0,5% com um volume de 347,3 mil toneladas, praticamente iguais às 345,6 mil toneladas registradas no mês passado.
Com isso os estoques da rede subiram e agora estão em 785,8 mil toneladas contra 738,4 mil. O giro de estoque fechou em 2,6 meses.
Em números finais foram importados em junho 359.960 mil toneladas de aços vindos de diversos fornecedores globais, sendo que as usinas trouxeram 134 mil toneladas em placas para laminação e as outras 225.970 mil chegaram para consumo e foram colocadas no mercado.
Este quadro fica caro ao vermos que o Consumo Aparente (Produção+Importação-Exportação) cresceu muito, perto dos 50%, e as vendas da distribuição retraíram-se. Representa que atividade está forte, mas os consumidores estão selecionando seus fornecedores.
E segundo Carlos Loureiro, presidente do Inda a situação não deve mudar para os próximos meses, pois há muito aço comprado, com preços mais baixos do que os praticados hoje, que ainda não chegaram ao Brasil, o que está acontecendo agora.
Quanto aos preços ele comentou que também não há expectativa de mudança a curto prazo, uma vez que em nível mundial os preços continuam muito aquecidos o que reflete em nossa situação interna.
Cabe lembrar que para a rede de distribuição, os ajustes no preço do aço, para acompanhar o mercado internacional subiram em 2021 cerca de 65% em relação ao final do ano passado.
Segundo disse ainda, ele acredita que as usinas já se movimentam para tentar regular a oferta no mercado interno sendo uma das formas para aumentar as suas exportações, já que o aço brasileiro tem ótima aceitação no exterior.
Outra consequência desta situação é que as margens da rede de distribuição já estão recuando e fatalmente devem recuar mais, uma vez que o mercado é um só e estará sendo fortemente disputado.
Mas, segundo ele o mercado tende a voltar a normalidade até o final do ano, com as distribuidoras atendendo aos clientes menores que não tem acesso às usinas, principalmente pela questão da quantidade, as usinas atendendo os grandes consumidores como a indústria automotiva, por exemplo. Os demais consumidores passam a se abastecer de parte das usinas e parte dos distribuidores, com algumas compras no mercado internacional. A importação no seu entendimento deve continuar, mas em outros patamares, uma vez que as compras que estão sendo fechadas agora já se referem a preços atualizados e chegarão daqui 4 a 5 meses com preços muito maiores ou até superiores aos praticados internamente.