Praticamente todas as semanas nos tem chegado notícias de paralisações parciais ou totais de montadoras de veículos no Brasil. E este não é um fenômeno nacional. O mundo todo vem sofrendo com a falta dos semicondutores que atualmente são fundamentais para a montagem de um veículo. Com esse quadro e segundo a  Anfavea – entidade que reúne as montadoras de veículos no Brasil – a produção de veículos automotores sofreu nova queda no mês de julho por este problema.

Com a nova queda os estoques de veículos tanto nas montadoras, como nas concessionários são os menores das últimas duas décadas.

A paralisação das fábricas tem sido uma constante e quando perguntados sobre o número de fábricas paradas os Diretores que atendiam aos jornalistas disseram que a entidade não tem esta informação, mas que o problema vem persistindo a alguns meses. Conforme dito em outro momento da coletiva a solução somente deve acontecer no segundo semestre do próximo ano.

Sobre o desempenho do setor no mês de julho, a produção total no Brasil foi de 163,6 mil unidades, 2% a menos do que no mês de junho e 4,2% abaixo de julho de 2020.

Esta foi a pior produção para um mês de julho desde 2003. Com tais dificuldades todos os elos da cadeia passam a ser afetados. Assim é que tantos as vendas para o mercado interno, quanto as exportações sofreram reflexos desta situação.

O número de licenciamentos caiu para 8 mil veículos diários que é a pior média em 12 meses. O total de 175,5 mil unidades licenciadas representou queda de 3,8% em relação a junho.

Também nas exportações o recuo foi ainda mais dramático com 23,8 mil veículos enviados a outros países, volume 29,1% inferior ao do mês anterior. “Há demanda interna e externa por um volume maior de veículos, mas infelizmente a falta de semicondutores e outros insumos tem impedido a indústria de produzir tudo o que vem sendo demandado, apesar dos esforços logísticos empenhados pelas empresas”, afirmou o Presidente da Anfavea, Luiz Carlos Moraes.

Continuou: “Os estoques de 85 mil unidades nas fábricas e nas concessionárias são os menores das últimas duas décadas, o que comprova a gravidade da situação”, complementou o dirigente, lembrando que não há previsão de normalização no fornecimento de semicondutores até meados de 2022.

Mais uma vez, o segmento de caminhões, apresenta excelentes números, uma vez que vem sofrendo em menor intensidade o problema. Segundo Moraes, caso não existisse o problema dos semicondutores certamente o desempenho seria ainda melhor principalmente pela demanda puxada pelo agronegócio.

Neste segmento de caminhões foram produzidas 14,8 mil unidades, alta de 1,1% sobre junho. Os licenciamentos totais de 12 mil caminhões foram 5,3% superiores aos do mês anterior.

A Anfavea apresentou ainda dados mostrando que mesmo com a baixa oferta para tanta demanda, os preços dos automóveis e comerciais leves cresceram em média 8,3% nos últimos 12 meses, segundo acompanhamento da KBB, multinacional especializada em preços de carros. Mas segundo Moraes, tal índice é inferior ao da inflação do período, que foi superior a 35%, de acordo com o IGPM. É menor também que a valorização dos veículos seminovos em 12 meses (cerca de 17% pelo índice KBB) e dos insumos que impactam o custo de produção, como resinas e elastômeros (109%), siderurgia (84%) e plásticos (43%), entre outros aferidos pelo IBGE.

Fontes: imprensa@anfavea.com.br