Há uma mudança de comportamento das pessoas que beira o contrassenso pairando no ar em várias partes do mundo.
Vivemos a era das comunicações e hoje são inúmeros os instrumentos que nos permitem contactar com pessoas no mundo todo ou até de fora do mundo. Haja visto as comunicações feitas com os astronautas alocados em estações espaciais, muito longe do planeta Terra e até “forçando um pouco” os contatos com seres de outros planetas que vez ou outra aparecem divulgados em alguns almanaques ou até em respeitáveis revistas científicas.
Atualmente podemos participar de um Congresso com sede em Taiwan, um país localizado na Ásia Oriental, com congressistas espalhados por todos os continentes e se comunicando através de imagens absolutamente nítidas como se estivéssemos na mesma sala e discutindo sobre um tema comum. É uma transmissão em videoconferência, ou “online” como é a expressão de denominação desta operação.
No entanto a cada dia mais sentimos o distanciamento das comunicações dentro de casa, na empresa, na roda de amigos e até nos nossos redutos nas comunidades que frequentamos.
Explicando melhor. Está aumentando a dificuldade de comunicação pessoal onde as pessoas tenham facilidade de acesso a smartphones, PCs, Tablets, ou outros, pois a atração destes instrumentos é tamanha e tão intensa que dificilmente conseguimos fazer um almoço de família, seja em casa ou no restaurante em que um dos participantes em determinada altura do evento, não saque de seu celular e parta para ver uma última mensagem, ou para ver o que está acontecendo no mundo naquele momento. Para que isso aconteça tem de haver regra uma regra estabelecida por alguém que manda.
Há anos atras, quando o adolescente chegava da escola ele normalmente comentava com seus pais ou irmãos os acontecimentos do dia, se a aula foi assim ou assada, o professor tal cometeu uma gafe, o aluno tal está doente etc. Hoje eles chegam e mal cumprimentam a família e já partem para seus equipamentos pessoais, pois ficaram algumas horas longe deles e isso é imperioso na vida deles. Muito mais do que o contato pessoal. E não são só os adolescentes. É muito comum vermos um casal em uma mesa de restaurante, um de cada lado da mesa e ambos com seus celulares, ignorando totalmente a pessoa a seu lado ou a sua frente. E nos almoços com os colegas de trabalho? É mais fácil em quatro colegas de um mesmo escritório, vermos ao menos dois ou três mais preocupados com seus celulares, do que discutindo futebol, contado uma piada, ou qualquer outra obviedade que antigamente era objeto de muitas risadas e reflexões.
E tal situação tem chegado às empresas de forma implacável. Em conversas recentes com amigos, consultores e especialistas em técnicas de gestão e outras ferramentas de desempenho, nos foi confidenciado que a cada dia tem surgido mais casos da falta de sintonia entre o setor de produção, com o setor de vendas e este com o setor de faturamento, que por sua vez não fala com o setor de assistência técnica e assim indefinidamente, o que tem causado sérios transtornos para o bom funcionamento de algumas estruturas que deveriam funcionar harmonicamente.
Por mais que possa parecer antiquado ou “do tempo das cavernas” muitas inovações em todo o mundo saíram de conversas simples, ou troca de ideias descompromissadas, mesmo na hora do cafezinho ou na hora de descanso. E muitas soluções de problemas familiares foram resolvidas em uma mesa de refeição, quando o “olho no olho” faz parte do momento.
As comunicações estão aí. O e-mail, wattsapp® e outras ferramentas são fundamentais para o mundo, mas assim como quando lançaram os “Rôbos”, agora também a pergunta é a mesma “Onde fica o ser humano neste contexto?”.
Henrique Patria
Editor Chefe
Portal e Revista Siderurgia Brasil