Esforço brasileiro em aumentar o comércio internacional passa pela participação em eventos de grande porte como foi o 4º Global Business Fórum Latin-America (GBF), realizado em Dubai.

Henrique Patria

Sob os auspícios da Câmara de Comércio de Dubai (Dubai Chambers), foi realizada nos dias 23 e 24 de março no Centro de Exposições de Dubai nos Emirados Árabes Unidos em parceria com a Expo 2020 Dubai o 4º Global Business Fórum Latin-America (GBF) que discutiu as principais oportunidades e desafios visando fortalecer as relações bilaterais entre as duas regiões do planeta.

O evento reuniu chefes de estado, ministros dos Emirados Árabes Unidos e da América Latina, delegados e autoridades em um número superior a 2.000 delegados de 95 países diferentes.

Em seu discurso de boas-vindas, Abdul Aziz Al Ghurair, presidente do conselho da Câmara de Comércio de Dubai, revelou que as importações não petrolíferas de Dubai da América Latina ultrapassaram US$ 6 bilhões entre 2018 e 2020, enquanto os dados dos primeiros nove meses de 2021 mostraram que as importações atingiram US$ 4,8 bilhões. Ele observou que as importações de alimentos do mercado latino-americano ainda dominam o volume de comércio e que essa tendência continuará à medida que os Emirados Árabes Unidos e os países latino-americanos expandirem sua cooperação em segurança alimentar.

As exportações de Dubai para a América Latina e Caribe atingiram US$ 687 milhões entre janeiro e setembro de 2021, revelou ele, com o status do emirado como parceiro comercial da região que é forte e crescente, acrescentando que isso é um sinal de que mais empresas do Emirados Árabes Unidos estão aproveitando as oportunidades comerciais em toda a América Latina, com a grande maioria visando Brasil, México, Colômbia e Chile.

Por exemplo, o comércio de alimentos entre Dubai e Brasil continua sendo um fator importante na expansão dos laços das economias bilaterais. No primeiro semestre de 2021, apesar do impacto do bloqueio nas cadeias de suprimentos globais, ocasionado pela pandemia mundial, as importações de produtos brasileiros de alimentos e bebidas (A&B) por Dubai totalizaram mais de U$ 350 milhões. Um aumento de 48% se comparado com cerca de U$ 230 milhões registrados no primeiro semestre de 2020.

“Além do nível certo de investimento necessário para apoiar o desenvolvimento sustentável das empresas e economias latino-americanas, o emirado oferece uma vasta vantagem competitiva, como 100% de propriedade, residência de longo prazo, infraestrutura de classe mundial, zonas francas atraentes, e uma variedade de novos incentivos que impulsionaram sua proposta de valor entre investidores estrangeiros e empresas em todo o mundo”, disse o presidente da Câmara de Comércio de Dubai.

Durante o evento de dois dias, diversos porta-vozes do Brasil participaram de várias sessões, incluindo Jair Messias Bolsonaro, Presidente do Brasil, e vários empresários que fizeram parte da comitiva brasileira como Luiza Helena Trajano, presidente da Magazine Luiza, Marcos Troyjo, presidente do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), Gustavo Montezano, presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Fabricio Pezente, diretor executivo da TrAIve, Dyogo Oliveira, Ex-Presidente da Associação Nacional das Empresas Administradoras de Aeroportos (ANEAA), Lucas Fiuza, diretor de Negócios da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) e outros.

O presidente Bolsonaro, em seu discurso virtual, convidou empresas dos Emirados Árabes Unidos a investir no Brasil e explorar as atraentes oportunidades de negócios que estão surgindo em diversos setores econômicos. Destacou que nos últimos três anos, o governo brasileiro transferiu 131 ativos para o setor privado, com potencial para gerar mais de US$ 150 bilhões em investimentos e cerca de US$ 25 bilhões em taxas de concessão. Disse que a carteira do programa para 2022 é composta por 153 ativos, com investimentos previstos até US$ 60 bilhões.

“Estamos comprometidos com a abertura econômica do Brasil, que inclui uma inserção competitiva do nosso país no novo cenário que marcará o mundo pós-pandemia. Depois de todos os desafios dos últimos dois anos, que nos levaram a direcionar uma enorme quantidade de recursos para evitar uma recessão social e econômica mais severa, o Brasil voltou ao caminho do crescimento econômico. Após uma contração de 4,1% em 2020 – uma das menores entre todos os países afetados pela pandemia – nosso PIB cresceu 4,6% em 2021”, disse.

Concluiu “A necessidade de manter a inflação sob controle vai dificultar que tenhamos o mesmo resultado este ano. Todos sabemos muito bem que não há crescimento sustentado sem um controle rigoroso da inflação.

Temos trabalhado com a máxima cautela para garantir um crescimento contínuo ao longo dos próximos anos. Buscamos crescimento com oportunidades de curto, médio e longo prazo, não só para os empresários presentes neste fórum, mas também para toda a comunidade empresarial mundial. Estou aqui para tranquilizar a todos: não haverá formas perdulárias de irresponsabilidade fiscal”, afirmou.

Lucas Fiuza, participou do painel “Grow – Attracting Foreign Direct Investment”, com a presença de autoridades e líderes empresariais, entre eles o CEO da Agência de Investimento e Desenvolvimento de Dubai.

A temática focou no resgate das economias durante e no pós-pandemia, mas também abordou acordos bilaterais como o que o Brasil assinou em 2021 com os EAU para eliminar dupla tributação e esclarecer as regras para investimento direto. 

Em seu pronunciamento Fiuza falou um pouco sobre os esforços nacionais para atrair mais investimentos. Segundo ele, o Brasil tem feito um “dever de casa” nos últimos anos para transformar o mercado e por isso tem promovido diversas reformas estruturais, como as de infraestrutura.

“Durante a pandemia, percebemos que as medidas que o Brasil vinha tomando tiveram um impacto positivo no mercado”, concluiu ele, reforçando que o país já retomou bons patamares de investimento direto e é um ambiente atrativo para negócios internacionais.

Outro ponto positivo apresentado no encontro foi a criação de diversas e interessantes conexões diretas entre as empresas. Mais de 300 reuniões bilaterais de negócios aconteceram à margem do fórum abrindo inúmeras expectativas de novos negócios.

As empresas brasileiras já representavam antes do encontro 36% das empresas associadas latino-americanas registradas na Câmara de Comércio de Dubai e esse número deve aumentar de forma constante à medida que a câmara venha expandir suas atividades no Brasil.

“Construir fortes laços econômicos com a América Latina sempre esteve em nossa agenda. Ao longo de décadas, Dubai se posicionou com sucesso como um centro comercial global, permitindo que comerciantes e investidores latinos utilizem as instalações de alto nível que Dubai está oferecendo. Acreditamos que a integração regional entre os países pode trazer mais apetite por investimentos. Dubai pode conectar os mercados latino-americanos e vinculá-los aos mercados asiáticos”, disse Hamad Buamim, presidente e CEO Câmara de Comércio de Dubai.

Dentre as autoridades convidadas e presentes ao Fórum destaque ainda para Iván Duque Márquez, Presidente da Colômbia, Ariel Henry, primeiro-ministro do Haiti, Thani Ahmad Al Zeyoudi, ministro de Estado do Comércio Exterior dos Emirados Árabes Unidos, Omar bin Sultan Al Olama, ministro de Estado para Inteligência Artificial, Economia Digital e Aplicações de Trabalho Remoto e Presidente da Câmara de Economia Digital de Dubai, Abdul Aziz Al Ghurair, presidente do conselho da Câmara de Comércio de Dubai, Hamad Buamim, presidente e CEO da Câmara de Comércio de Dubai e vários outrosministros, delegados e altos funcionários do governo e líderes empresariais das regiões da América Latina e Caribe (ALC) e do Golfo Pérsico.

Henrique Pátria
Editor Chefe
Portal e Revista Siderurgia Brasil