Com recorde de público e de vendas, a edição deste ano da Feimec em São Paulo, refletiu a pujança da indústria brasileira de máquinas e equipamentos.

Marcus Frediani

Superando todas as expectativas e movida por um forte movimento marcado não só pela demanda reprimida, como também – e principalmente –pela perspectiva de recuperação de mercado que já começa a ser manifestada em diversos setores da economia brasileira, na dinâmica que promete se acelerar ainda mais a partir do 2º Semestre deste ano, a realização da FEIMEC 2022 – Feira Internacional de Máquinas e Equipamentos, a mais completa mostra do setor da América Latina foi, definitivamente, um grande sucesso.

Promovida entre os dias 3 e 7 de maio pela Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos – ABIMAQ, com organização da Informa Markets Brasil, em uma área de 64 mil metros quadrados de pavilhão no gigantesco espaço de exposições do São Paulo Expo, em São Paulo/SP, a terceira edição do evento cravou recorde de público, somando 55 mil visitantes ao longo de seus cinco dias de exposição, 10% a mais do que a versão anterior, realizada em 2018.

Segundo informa José Velloso Dias Cardoso, presidente executivo da ABIMAQ, a feira reuniu mais de 900 marcas expositoras do Brasil e de países como China, Alemanha, Itália, Estados Unidos, entre outros, tornando-se o ponto de convergência de todos os segmentos industriais envolvidos com a Indústria 4.0. “Definitivamente, esta foi a maior FEIMEC de todos os tempos em termos de lançamentos dos expositores. As empresas que participaram tiveram uma visitação inédita na história do evento e sabemos que o volume de negócios foi igualmente expressivo”, comemora.

Para ilustrar tal façanha, o executivo destaca que, depois de um período positivo para o setor – com cifra de crescimento acumulado de 43% entre 2019 e 2021 –, a previsão de evolução do setor para este ano situava-se na casa dos 3% no mercado interno e de 17% nas exportações. Contudo, esses números foram turbinados após os resultados da FEIMEC 2022.

“Ainda estamos em fase de tabulação dos dados, mas seguramente as expectativas de negócios que tínhamos antes do evento foram amplamente superadas, em parte porque ficamos três anos sem fazer a feira e muitos dos lançamentos não tinham sido mostrados para o grande público. E isso é prova incontestável de que o setor se encontra aquecido e segue uma trajetória de grande potencial de desenvolvimento, o que exprime a nossa sensação de otimismo em relação ao futuro”, registra o presidente executivo da ABIMAQ.

ALINHAMENTO SINERGÉTICO
A surpreendente performance da terceira edição da FEIMEC deixou claro que a feira se transformou em uma plataforma de negócios completa para todos os segmentos industriais, nacionais e internacionais, gerando negócios, relacionamentos e entregando conteúdos de qualidade, promovendo o alinhamento sinergético perfeito entre os ambientes físico e digital. Atualmente, a feira integra uma base de dados qualificada, com mais de 60 mil contatos de profissionais do setor e diversos canais, como plataforma digital, website, redes sociais e uma ferramenta de conteúdos e negócios exclusivos, com os quais consegue promover marcas, lançar produtos, gerar leads e realizar ações personalizadas para obtenção de um melhor retorno dos investimentos, com mais foco e assertividade.

É o que comprova, por exemplo, a ferramenta Demonstrador de Soluções Tecnológicas da Indústria 4.0, desenvolvido pela ABIMAQ e por diversas empresas parceiras da associação, com o objetivo de apresentar, na prática e em tempo real, os principais conceitos e tecnologias aplicadas à Indústria 4.0, promovendo o avanço tecnológico e a geração de negócios no setor.

“Por meio dela, apresentamos dez clusters com soluções 4.0, abrangendo desde a implementação de infraestrutura digital nas empresas, até a digitalização de máquinas, passando por integração de sistemas, rastreabilidade, controle de manutenção preditiva, estoque digital, entre outras tecnologias. Dentro da nossa proposta de divulgação de conteúdo, todas essas questões foram intensamente debatidas em mais de 20 palestras e rodadas tecnológicas, com o objetivo de atender à demanda dos visitantes pelas inovações exibidas”, sublinha João Alfredo Saraiva Delgado, diretor de tecnologia da ABIMAQ.

CAPACITAÇÃO ROBÓTICA
Com efeito, quem percorreu os extensos corredores da FEIMEC 2022 saiu da feira com a nítida percepção de que automação não é mais uma palavra do futuro, e sim do presente. Nos corredores da feira foi possível contemplar o que há de mais novo em termos de tecnologia para o mercado da indústria.

Entretanto, ao lado de avançados softwares, veículos autoguiados e sistemas integrados de monitoramento, os robôs foram, sem dúvida alguma, as grandes estrelas do evento. Ver essas máquinas em ação nos estandes – por meio de demonstração de soldas, gravação em metais, cortes para peças de cerâmica e aço, entre outras operações – foi, efetivamente, uma experiência inesquecível para todos aqueles que procuram por soluções inteligentes para otimizar processos, ter mais eficiência na produção e reduzir custos. E, mais do que isso, enfatizou de maneira inquestionável a necessidade premente de as empresas investirem cada vez mais também na qualificação de mão de obra especializada para a perfeita utilização das ferramentas de robótica cada vez mais presentes na indústria no âmbito da transformação digital capitaneada pela Indústria 4.0.

“Não resta dúvida que o uso de robôs e das demais soluções propostas pela Indústria 4.0 ainda assusta um pouco o setor, que continua sentindo alguma dificuldade na contratação de mão de obra especializada. Algumas empresas não assimilaram bem a magnitude dessas tecnologias habilitadoras, por isso temos que investir em soluções tecnológicas e capacitação profissional, preparar as pessoas para atender à demanda desse mercado. Assim, embora se note certa resistência por parte da indústria, esse é um trabalho que precisa ser feito. E com urgência, uma vez que tais iniciativas voltadas ao treinamento e à qualificação fomentam a indústria, bem como, é claro, contribuem para o aprimoramento da mão de obra neste novo cenário”, contextualiza acerca do tema Fernando Telli, supervisor de projetos estratégicos do SENAI SP.

Na busca pela convergência de parcerias capazes de difundir a correta assimilação desses conceitos e de proporcionar inovações, experiências e oportunidades tangíveis para o estabelecimento de uma indústria mais conectada, um dos projetos apresentados pelo SENAI SP foi o Soluções Digitais, uma iniciativa focada que abrange dois tipos de ações distintas, porém perfeitamente integradas. A primeira é o Simulador de Processos e o Escaneamento, um software que simula o processo de funcionamento da empresa no chão da fábrica, gerando uma planta completa das atividades realizadas no local por meio de realidade virtual, que ajuda a identificar gargalos que nem sempre são vistos a olho nu na empresa, como erros de layout e ociosidade de máquinas. A análise permite que o operador identifique e corrija problemas, como fazer a troca de robôs em determinadas operações, alteração de operadores, entre outros.

Já a segunda, chamada Nuvem de Ponto, é um scanner de ambiente com alta precisão, que pode captar imagens em um raio de até 70 metros e, em uma única varredura, pode identificar diversos problemas na linha operacional de uma fábrica, permitindo que essas imagens sejam transmitidas em tempo real em outras telas, por exemplo, na sala de reunião da Diretoria da fábrica. “Esse sistema é uma novidade do SENAI, já em funcionamento na unidade de São Caetano do Sul. Além disso, o SENAI trabalha também com óculos de realidade virtual, que permitem que empresários consigam visitar as fábricas nacionais estando em outros países, além de facilitar treinamentos técnicos. Apenas dentro do projeto de Lean Manufacturing, já conseguimos atender a mais de 80 empresas com soluções inteligentes desse tipo”, informa por sua vez Gustavo Marques, representante de Engenharia do Instituto SENAI.

SUSTENTABILIDADE EM TELA
Ganhando cada vez mais espaço na agenda de empresas e executivos do setor industrial, a sustentabilidade segue trilhando caminho de destaque e tornando-se um diferencial competitivo até para o fechamento de negócios. Por conta disso, ciente do papel de relevância que as iniciativas ESG (Environmental, Social and Governance – Governança Ambiental, Social e Corporativa, em tradução literal) vêm conquistando no mercado, em sua terceira edição a FEIMEC, completamente alinhada a esta nova realidade, promoveu uma série de ações focadas no tema, com o objetivo de sensibilizar e incentivar as mais de 900 marcas expositoras presentes na feira a adotarem iniciativas pertinentes.

Assim, no Parque de Ideias – espaço destinado à difusão de conteúdos e conceitos técnicos e práticos de atualização profissional de relevância para o setor industrial – foram realizadas diversas atividades e palestras sobre a relação entre a sustentabilidade e a criação contínua de valor, a cargo de empresas e de renomadas instituições do setor, tais como a própria ABIMAQ, o Instituto de Qualidade Automotiva (IQA), o Instituto de Ensino e Pesquisa (INSPER) e a Associação de Engenheiros Brasil-Alemanha (VDI).

E o exemplo da busca pelas corretas práticas de ESG também foi dado pela própria Organização da FEIMEC 2022 durante os cinco dias da feira. “Entre outras ações, aproveitamos a oportunidade para conscientizar todos os envolvidos no evento para a importância da redução significativa no uso e envio de materiais impressos, visto que a sociedade em geral já não faz mais tanta utilização deste recurso atualmente e opta, muitas vezes, por realizar a consulta de informações e documentos de forma digital. Sendo assim, seguimos o mesmo caminho, conduzindo todos os intervenientes da FEIMEC a adotar práticas voltadas a gerar menor impacto ambiental.

ECONOMIA E REVOLUÇÃO DIGITAL
Destaque digno de nota no espaço do Parque de Ideias da FEIMEC 2022 foram também os debates sobre inovação, economia, conectividade, manufatura, sustentabilidade e identificação de gaps tecnológicos no âmbito da Indústria 4.0. Entre eles, um dos que chamou mais a atenção dos participantes foi aquele que sucedeu a palestra do CEO da Vallus Capital S/A, Caio Mastrodomenico (NE: Um dos entrevistados da edição de março/22 da revista Siderurgia Brasil, intitulada “Economia em tempos de revolução digital na indústria”).

Mastrodomenico chamou a atenção para a discussão sobre a transição energética, visto que o aumento do custo de energia tem impacto direto na indústria. “O Brasil ainda é dependente de recursos hídricos, mas já fez a lição de casa e está investindo em energia limpa. O maior parque de energia solar da América Latina está no Piauí. É indispensável que a indústria se atualize sobre esse assunto”. Sobre as tendências de mercado e consumo, o palestrante falou que a propagação dos carros elétricos e autoguiados devem interferir diretamente no mercado de peças, seguros e assistência de veículos e que, embora seja um tema ainda pouco falado, a preparação para esse futuro começa agora.

Outro ponto destacado por ele foi a necessidade de pesquisas e alternativas que o setor da indústria tem para driblar os altos preços de insumos e produtos. Por exemplo, para suprir a demanda do aço que vem em uma crescente de preços desde 2011, o setor da construção civil tem usado fibra de vidro para substituir o material, bem como os recursos desempenhados pelas impressoras 3D, que atualmente são capazes de imprimir estruturas completas de casas. “Crise é um momento difícil, mas também faz com que você veja oportunidades. O comportamento do consumidor deve ser analisado e a indústria deve atender isso buscando mais recursos inovadores”, completou Mastrodomenico.

Em sua intervenção o CEO da Vallus Capital S/A destacou ainda que uma gestão inteligente melhora a eficiência dos processos e o desempenho de uma marca, porém, é importante que além de dispor da tecnologia, a empresa faça a programação e acompanhamento correto dessas métricas. “Atualmente, a Indústria 4.0 dispõe de tecnologias disruptivas que favorecem a gestão e a prevenção de riscos de uma empresa. A chamada IIoT – Industry Internet of Things e o metaverso são recursos importantes que, quando utilizados com estratégia, trazem previsibilidade de bons resultados”.

Ao finalizar, Caio pontuou que a indústria brasileira tem grande potencial de desenvolvimento. “Para cada Real gerado na indústria são gerados R$ 2,40 na economia. O agro já nos mostrou como se faz para crescer. O desenvolvimento se dá por meio de investimentos em tecnologia e monitoramento. A indústria precisa se modernizar e alcançar seu papel de destaque na economia”, abrindo espaço para os debates.

FEIMEC NA INTERNET

Não conseguiu visitar o pavilhão de exposições da Feira Internacional de Máquinas e Equipamentos (FEIMEC) 2022, realizada na primeira semana de maio no São Paulo Expo? Não se preocupe, pois você poderá se inteirar das novidades do setor industrial brasileiro e internacional e rever o que aconteceu na maior feira de máquinas e equipamentos da América Latina. Isso porque as principais inovações e lançamentos de produtos e serviços do setor, e os mais relevantes conteúdos do mercado, apresentados durante a edição do evento deste ano, já estão disponibilizados na plataforma Indústria Xperience. Além da programação de palestras e painéis inéditos, a plataforma conta com todas as entrevistas e transmissões realizadas diretamente no evento. Para conferir todas as atrações e conteúdos, que ficarão on demand na plataforma ao longo de todo este ano, acesse: https://bit.ly/3PexVTv. E participe da “Pesquisa de Satisfação” da FEIMEC 2022, que está disponível no endereço https://bit.ly/3PJtbpi.

Siderurgia Brasil na FEIMEC

Os Canais de Comunicação da Siderurgia Brasil, também estiveram presentes a FEIMEC 2022 realizada no São Paulo Expo. Além da grande cobertura apesentada nesta edição da revista Siderurgia Brasil (156) Digital, veja também o vídeo de nossa participação, clicando na imagem ou no link abaixo.

Assista a visita dos canais Siderurgia Brasil à FEIMEC 2022! https://www.youtube.com/watch?v=DRJwbivI8dw