O governo brasileiro vem lutando com suas armas para conter um processo inflacionário que traz preocupações para o cidadão comum, para as empresas e retarda ou até elimina a retomada dos negócios. Enfim o nosso dia a dia está comprometido e os horizontes são muito estreitos.
Apesar dos esforços que estão sendo feitos, como a injeção de recursos via liberação de FGTS, antecipação de 13º a aposentados, aumento dos juros da SELIC e outras medidas, a cada divulgação de fechamento do IPCA roda um novo filme de terror, sem data marcada para terminar.
Como se sabe o IPCA – Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo é o principal índice que mede a inflação no Brasil, calculado e divulgado ao final de cada mês pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Seu funcionamento é relativamente simples: São coletadas informações sobre uma cesta de bens e serviços que variam em função do consumo das famílias e comparadas de um mês para o outro, sendo que neste cálculo cada produto ou serviço tem um peso na composição deste índice. Esta variação de um mês para o outro é considerada a inflação do período.
Neste momento, ao final do mês de maio de 2022, tínhamos uma inflação acumulada nos 12 meses em 12,13% e no ano de 2022, já acumulamos uma alta de 4,29%.
O maior problema neste momento para o Brasil, que infelizmente tem tradição em “brigar” com a inflação, é que além dos problemas internos que temos, não são poucos e são crônicos, como a falta de uma política fiscal e tributária adequada, as várias reformas paradas no Congresso, a adoção de medidas que visem a eliminação total da corrupção e mazelas que privilegiam certos grupos, ainda existe a chegada da inflação importada, ou seja o mundo depois da pandemia não conseguiu se recuperar economicamente e ainda dentro da crise, surgiu uma guerra absurda, que nem merece comentários. O fornecimento da maioria dos insumos mundiais está desbalanceado e desequilibrado. E quando tendem a normalização surge a lei da oferta X procura, que estabelece os novos parâmetros para cada caso.
Segundo nota divulgada pelo Depec – Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos do Bradesco, em 31 de maio, há sinais de disseminação da inflação na Área do Euro, na Europa o que reforça a expectativa de que o Banco Central Europeu irá iniciar um novo ciclo de alta de juros, para conter esta escalada. Os números ali divulgados mostraram que em maio, o índice de inflação ao consumidor da região acelerou de 7,5% para 8,1% na comparação interanual, acima do esperado (7,8%) conforme leitura preliminar do mês. Assim, a inflação da região segue acima da meta de 2%, mesmo nos itens menos voláteis, sustentando que o ciclo de alta de juros começará julho, provavelmente com uma elevação de 0,50 p.p.
O mesmo acontece nos EUA, que tem uma inflação acumulada nos doze últimos meses de 8,3% e no Japão que já acumula mais de 2% de inflação nos doze meses. Cite-se que o Japão não tinha nenhuma inflação desde 2015.
Na teoria, a elevação dos juros desestimulam a economia pelo lado da demanda e suavizam a inflação. Como o crédito fica mais caro, a pessoa física tende a reduzir gastos. Já as empresas contraem os investimentos e geram menos empregos, o que também tira dinheiro de circulação. A consequência é que a economia não anda e um país como o nosso que precisa crescer em taxas de ao menos 3 a 5% em seu PIB por ano, continuam patinando, quando não andando para trás.
O outro grande vilão do momento é o Petróleo. A despeito estarem sendo feitos esforços em todo o mundo para a substituição desta fonte energética, ela ainda comanda a cadeia mundial e como subproduto da guerra, que está ceifando milhares de vidas, arrebenta a economia mundial. O petróleo além de gerar a gasolina e o diesel, é a matéria prima para uma infindável série de insumos usados em quase todos os tipos de industrias ao redor do mundo e sem ele, ou com o descompasso no seu fornecimento, todos sofrem as consequências.
É por isso que citamos no inicio de nossa matéria que o governo brasileiro vem injetando dinheiro em circulação para que a atividade econômica sofra o menor impacto possível. Mas até aqui não vem dando resultados.
Henrique Pátria
Editor Chefe
Portal e Revista Siderurgia Brasil