Uma forma encontrada pelos organizadores do Congresso Aço Brasil 2022 de discutir os principais assuntos que impactam o setor, foi através da realização de painéis envolvendo debatedores nacionais e internacionais.

O primeiro debate do Congresso girou sobre o tema: “A Nova Ordem Econômica Mundial: Impactos nas Cadeias Globais”, e teve como moderador André B. Gerdau Johannpeter, Conselheiro do Instituto Aço Brasil e Vice-Presidente Executivo do Conselho de Administração da Gerdau. Foram convidados e participaram do painel: Edwin Basson, Diretor Geral do World Steel Association; Stephen Dover, Estrategista Chefe de Mercado e Head do Franklin Templeton Investment Institute; como Keynote Speaker, Márcio de Lima Leite, Presidente da Anfavea; e Erik Hedborg, Analista da CRU (matérias-primas e insumos).

Logo no início do painel André deu o tom do que seriam as apresentações falando: “Há uma migração de um mundo antes globalizado para uma regionalização, onde muitas indústrias precisam lidar com o custo da produtividade. Passamos de um mundo com abundância de insumos, para um com limitações, como a segurança alimentar, segurança energética e segurança tecnológica. O Brasil tem tudo isso e pode se tornar o maior líder mundial em vários pontos.  Nosso grande desafio é a redução dos custos”.

O Diretor Geral do World Steel Association, Edwin Basson citou a mudança da filosofia de globalização para regionalização, sendo o aço o responsável pelo elo entre as economias de todo o mundo. “O aço é o grande impulsionador da atividade econômica”, afirmou, explicando que o caminho passa pela capacitação de colaboradores e desenvolvimento de novos sistemas.

Stephen Dover, Estrategista Chefe de Mercado e Head do Franklin Templeton Investment Institute destacou o “S” da sigla ESG já famosa em todo o mundo. As políticas voltadas aos idosos ou filho único, a onda tecnológica e como a tecnologia é usada para aumentar a produtividade são os pontos que nos darão mais respostas. As dívidas também são preocupantes, principalmente em época de Covid, quando boa parte dos governos aumentaram impostos. No caso do Brasil, muito tem sido feito, no sentido de aumento de eficiência, e é isso que muitos países precisam fazer”.

Erik Hedborg, Analista da CRU (matérias-primas e insumos), afirmou que as expectativas, tiveram de ser profundamente revistas, considerando o impacto dos episódios que ocorreram nos últimos dois anos. Pandemia + Guerra. Ele espera que as cadeias globais de fornecimento de suprimentos voltem a operar com regularidade, pois além do desequilíbrio na oferta dos produtos há um problema sério de logística que ficou agravado pela guerra. Muitas rotas marítimas importantes para o mercado global tiveram de ser alteradas e o cenário é muito desafiador.

Grande destaque para Marcio de Lima Leite, presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), que lembrou que o Brasil é 9º pais na produção de aço e o 8º pais na produção de veículos. Mas lembrou que temos muito a fazer pois: Apesar da competitividade dos nossos produtos ter aumentado significativamente nos últimos anos ainda os problemas de descarbonização e de melhora de produtividade são nossos desafios permanentes. Além disso a falta de componentes que a indústria automobilística vem enfrentando, notadamente os microchips, já fizeram com que globalmente deixassem de ser produzidos mais de 11 milhões de veículos no ano passado. Citou ainda que neste ano, no Brasil, já tivemos 24 fábricas paradas por falta de componentes.

Mas preferiu falar das enormes oportunidades que o Brasil tem, pois assim como já existe programa do governo para renovação da frota de caminhões ele entende que o mesmo se dará no médio prazo para os veículos leves, uma vez que o envelhecimento da frota só causa dissabores e poluição. Segundo Marcio “Vivemos um momento importante de nossa história e não podemos deixar esta oportunidade passar. Se juntarmos a competência e competitividade da indústria nacional aos esforços da iniciativa privada mais o governo o Brasil pode se tornar o grande exportador mundial de veículos rapidamente

Por fim citou que temos em Minas Gerais uma fábrica praticamente pronta de microchips, que uma vez ativada poderá ser a grande válvula de escape não só para indústria nacional como para nos tornarmos exportadores desse fundamental produto para a indústria, além de outras oportunidades como nossas reservas de lítio, fundamentais para as baterias do futuro, as oportunidades no campo da energias renováveis e assim por diante.