No painel seguinte foi abordado um problema que vem preocupando não somente os siderurgistas, como toda a população e diz respeito ao Meio Ambiente.

A indústria do Aço, que já foi taxada aqui no Brasil como uma das mais poluidoras, hoje lidera movimentos em pról da descarbonização e da obtenção do aço verde, ou seja sem a presença de agentes poluidores, o que já vem sendo produzido exatamente pela Aço Verde Brasil – uma de nossas parceiras e sobre qual a Revista Siderurgia Brasil, já teve a oportunidade de apresentar mais de uma matéria.

Este painel que se intitulou “As Mudanças Climáticas e a Indústria do Aço”.  foi mediado pela jornalista Juliana Rosa, e contou com a presença do Ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite; a deputada federal, Carla Zambelli que é presidente da Comissão de Meio Ambiente da Câmara Federal; o Conselheiro do Instituto Aço Brasil e Presidente Executivo da Ternium, Marcelo Chara; e o Sócio Sênior na McKinsey & Company, Wieland Gurlit.

Juliana Rosa iniciou destacando o Acordo de Paris: “É preciso que haja um esforço concentrado de toda a sociedade para que possamos chegar a 2050 com a totalidade do carbono neutralizado”.

O Ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, trouxe informações de que o Brasil tem uma posição privilegiada em relação à siderurgia mundial, uma vez que temos a possibilidade de uso de outras matrizes energéticas, que não o carvão mineral e assim reduzir a emissão de gases o que já vem sendo feito na indústria siderúrgica.  Afirmou, ainda, possuímos enorme vocação para a geração de energia através de fontes dessas alternativas.  Atualmente possuímos 21 gigawatts de energia eólica, mas o objetivo é alcançar 60 gigawatts, assim como a energia solar tem uma projeção de saltar de 14 para 60 gigawatts em dois anos. Há ainda a utilização do gás natural e a geração de nitrogênio.

Adiantou que o Brasil vem fazendo convênios internacionais bilaterais com outros países, sendo que está em funcionamento com o Japão, visano o desenolcimento de tecnologias adequadas para baratear o custo e proporcionar alternativas aos combustíveis fósseis. Citou ainda os decretos que permitem a instalação “Off Shore”, ou seja, a instalação no mar, na costa brasileira de captadores eólicos e neste caso as possibilidades são ilimitadas, uma vez que o Brasil possui uma das maiores costas marítimas mundiais.

Já Carla Zambelli comentou sobre a importância do mercado de crédito de carbono para o Brasil — um esquema de ‘cap-and-trade’, em que alguns setores da economia possuem metas obrigatórias de redução de emissões de gases de efeito estufa. “Basicamente, quem emite mais que o permitido precisa recorrer ao mercado para comprar créditos daqueles que emitem menos do que poderiam.” E o Brasil pode ser o maior vendedor  mundial de créditos de carbono.

Segundo a parlamentar, um projeto de lei, ainda a ser aprovado, vem sendo discutido junto à indústria, ONGs, mercado financeiro e diversos consultores necessários para o desenvolvimento e regularização da proposta. “Porém, é preciso ainda que o órgão regulamentador de um programa como este reflita em uma mínima influência no empresariado, atuando para que seja mantida uma margem de lucro, mas sem perder de vista a conservação ambiental. A chave para que a proposta seja bem-sucedida é evitar a super regulamentação e a super tributação em cima dos diversos setores da indústria”, explica. Citou ainda que para atrairmos investimentos internacionais deveremos nos preocupa com a segurança jurídica, que é um dos maiores entreves de nosso pasis, quando se fala de investimentos estrangeiros em bons projetos que possuímos.

O outro debatedor, Marcelo Chara, presidente da Terniumm Brasileira e Conselheiro do Instituto,  ressaltou como a indústria do aço é parte da solução do processo de descarbonização. “A transformação precisa acontecer com uma somatória de iniciativas gradativamente aplicadas para tornar a indústria mais eficiente. No Brasil, um exemplo, seria a duplicação do uso de sucatas a fim de reduzir a emissão de poluentes, como o CO2.” Ele criticou a lei da sucata que no seu entender tem de ser mudada para proibir a exportação de sucata brasileira. “Toda vez que exportamos uma tonelada de sucata, importamos uma tonelada de poluição”.

Em sua apresentação ao fim do painel, Wieland Gurlit não foi tão otimista ao afirmar que a transição para uma energia “verde” só deve começar a mostrar resultados em aproximadamente 30 anos, mas que uma transição totalmente renovável só deve ocorrer nos próximos 100 anos.

Finalizando e em resumo ao que foi dito chegou-se ao entendimento de que Brasil tem grande potencial de promover uma transformação tecnológica que acelere a superação de desafios ambientais.