O ano pode ser considerado excelente, pois contabilizou o 4º melhor resultado da década, mas ainda existe uma capacidade ociosa muito acima do que pode ser considerado normal. É preciso um avanço na retomada do desenvolvimento do país com aumento exponencial da demanda do aço.
Henrique Patria
O Instituto Aço Brasil – IABr promoveu a última reunião do ano de forma hibrida quando apresentou oficialmente à imprensa o novo presidente do Conselho Diretor da entidade, Jefferson De Paula, que também é presidente da ArcelorMittal Brasil e CEO Aços Longos LATAM & Mineração que assumiu a presidência no recente Congresso realizado em São Paulo.
Ele juntamente com Marco Polo de Melo Lopes, que permanece na presidência executiva da entidade, demonstraram o comportamento do setor no ano de 2022, as previsões para o fechamento do ano e as expectativas para o próximo ano.
Inicialmente foi dito que a siderurgia nacional ainda trabalha com ociosidade uma vez que seu parque industrial está capacitado para produzir 51 milhões de toneladas/ano distribuídos em 31 usinas, sendo 15 integradas e 16 mini-mills e emprega atualmente 120 mil pessoas, gerando um faturamento de 208 bilhões de reais neste ano.
Faltando contabilizar novembro e dezembro a posição de produção do ano, mostrava uma queda acumulada de 4,8% em relação ao ano de 2021, que foi considerado pelos diretores como um ano atípico, pois vinha de retomada das atividades em função da pandemia originada pelo Coronavirus. As previsões revisadas para este ano é de que a produção nacional de aço bruto atinja 34.626 milhões de toneladas contra 36.071 do ano passado com uma queda de 4%.
Este resultado está sendo considerado um excelente ano, pois a se confirmar estas previsões este será o 4º melhor desempenho da década.
Um capítulo a parte é a Guerra entre a Rússia X Ucrânia, uma vez que os dois países se encontram no Top 20 da produção de aço mundial. A Rússia na 5ª posição que em 2021 produziu 76 milhões de toneladas e a Ucrânia na 14ª posição tendo produzido em 2021, cerca de 21 milhões de toneladas.
Com a deflagração do conflito ocorrerão imediatamente problemas em vários setores da economia mundial. Um deles foi a inflação nos preços dos insumos para a produção de aço. Segundo o Aço Brasil, imediatamente após o início da guerra dispararam os preços de minério de ferro, carvão mineral, zinco, ferro gusa e sucata e os preços dos fretes marítimos, além de serem alteradas várias rotas, mexendo sensivelmente com a logística mundial. Ainda há o problema do excedente de produção mundial com a adoção de salvaguardas comerciais em vários países ao redor do mundo, que mantem em pleno vigor a guerra de preços que já existe há alguns anos.
Todos estes problemas foram agravados pela inflação mundial que é algo que os países mais desenvolvidos não estavam acostumados a enfrentar. Nos EUA eles podem pela primeira vez na história chegarem a dois dígitos e em vários países europeus estão totalmente fora de controle. Com isso o remédio mais amargo adotado por todos os Bancos Centrais é a escalada de juros, que por sua vez inibe a retomada do desenvolvimento econômico.
Estimativas para 2023
Com base no histórico deste ano Jefferson e Marco Polo entendem que no ano de 2023 a siderurgia mundial deve “andar de lado” como se fala nos corredores das bolsas de valores. Ou seja, não será esperado nenhum grande crescimento, mas também não deverão ocorrer nenhuma queda desproporcional, a não ser que fatos extraordinários venham acontecer.
Perguntado sobre como eles encaram a politica no Brasil, que está mudando de mãos e que como a primeira medida anunciada pelo novo governo é “furar o teto dos gastos” mudando inclusive a regra do jogo, Jefferson disse; “O Aço Brasil é uma entidade apolítica, mas acreditamos que o Brasil hoje já possui mecanismos nos demais poderes que irão trabalhar na base para um equilíbrio tornando o país governável”. Ele estima que a promessa feita no Congresso do Aço para o crescimento do consumo aparente continuará a ser perseguido pelo instituto e acredita em um crescimento de 4% nos próximos dez anos nesse quesito.
E quanto aos investimentos confirmaram que os vários grupos que compões a malha siderúrgica nacional continuarão acreditando no desenvolvimento do setor e investindo para que isso possa acontecer. Os investimentos se darão em expansão de plantas, melhora da produtividade com implantação de métodos e sistemas digitalizados, qualificação de pessoal e muitos investimentos na busca da descarbonização total da produção de aço no Brasil. Estes investimentos já estão acontecendo e está previsto um montante da ordem de R$ 52.5 bilhões até 2026.
Finalizando foram apresentadas algumas prioridades que o setor vai perseguir na busca da retomada do Crescimento Econômico e Sustentável.
Os principais pontos listados foram:
- Necessidade do Ajuste fiscal no Brasil – Pleno atendimento ao teto de gastos.
- Reforma Tributária – Fim da cumulatividade de impostos.
- Correção das Assimetrias Competitivas – Redução do Custo Brasil e fim dos resíduos tributários na exportação.
- Mercado Interno X Comércio Exterior – Isonomia competitiva na importação.
- Sustentabilidade – Simplificação do sistema de licenciamento ambiental.
- Logistica e Infraestrutura – Eliminação dos gargalos, modernização dos sistemas.
- Energia e Insumos – Revisão dos modelos de precificação de energia, gás e diesel.