Promover a eficiência energética, com a implementação de processos capazes de diminuir o consumo e o gasto com energia e, consequentemente, contribuir para a descarbonização da indústria, é o principal objetivo do Programa Aliança, da Confederação Nacional da Indústria (CNI), em parceria com a Eletrobras, por meio do Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica (Procel), e a Associação dos Grandes Consumidores Industriais de Energia e de Consumidores Livres (Abrace).
A versão 2.0 do projeto, cuja segunda fase de execução teve início em 2023, tem como meta atender a 24 plantas industriais que fazem uso intensivo de energia em seus processos de produção. O objetivo é reduzir as emissões de gases de efeito estufa em 40 mil toneladas e diminuir os custos operacionais em R$ 90 milhões ao ano. Nela, três empresas já formalizaram adesão ao programa: a siderúrgica ArcelorMittal; a Schulz, especializada em maquinário; e a empresa de celulose Eldorado Brasil.
VERSÃO APRIMORADA
Para execução do programa, serão destinados a essas indústrias R$ 20 milhões. Cada empresa selecionada recebe um aporte de R$ 400 mil e precisa oferecer uma contrapartida no mesmo valor. Assume também o compromisso de implementar um plano de ação elaborado com a equipe técnica do projeto.
Segundo o gerente-executivo de Meio Ambiente e Sustentabilidade da CNI, Davi Bomtempo, o programa, além de reduzir as emissões, acelera a competitividade e a produtividade da indústria, pois prevê a redução no consumo de energia e nos custos operacionais. “O novo ciclo é uma versão aprimorada e mais abrangente do programa. Pela primeira vez uma chamada pública atende a todas as regiões do Brasil. É uma oportunidade para as indústrias brasileiras desenvolverem projetos de eficiência energética e se tornarem mais sustentáveis e competitivas”, afirma ele.
E uma importante novidade nessa nova fase é a participação do SENAI CIMATEC, que passa a integrar o time de execução técnica do programa para realizar atendimento às empresas. “Vamos identificar gargalos e propor ações de redução energética. O atendimento da primeira empresa através do Aliança 2.0 já começou e o prazo para conclusão desta fase é de dois anos”, explica Otanea Brito de Oliveira, gerente de negócios do SENAI CIMATEC. A participação da instituição também busca internalizar a metodologia do Aliança para aplicações futuras. A ideia é a multiplicar o conhecimento adquirido com as fases-piloto, 1 e 2.
COMPROMISSO COM O MEIO AMBIENTE
Participante do primeiro ciclo do programa, a ArcelorMittal busca repetir os bons resultados da primeira fase, a qual integrou em 2018 na unidade de Tubarão/ES. Desta vez, a empresa optou por desenvolver ações na unidade da Vega do Sul, localizada em São Francisco do Sul/SC, e já foi realizada uma primeira visita técnica à planta industrial.
Com o apoio da equipe do programa, a empresa pretende identificar oportunidades e desenvolver as ações que possam tornar mais eficientes os processos em Vega, focando primeiramente em propostas sem nenhum custo ou com custos reduzidos de implementação, e reforçando ainda mais o espírito de melhoria contínua e de otimização de seus processos.
“Esperamos que as iniciativas tragam melhores usos dos recursos disponíveis, aumentando nossa eficiência em consonância com o nosso programa de descarbonização, reafirmando o compromisso da ArcelorMittal com a sustentabilidade de suas operações”, explica o gerente de Produção de Energia da ArcelorMittal Tubarão, Tarley Secchin.
ECONOMIA DE R$ 122 MILHÕES POR ANO
A primeira fase do Programa Aliança atendeu a 12 plantas industriais de setores como siderúrgico, químico, cimento e automobilístico. Em termos energéticos, 176 GWh deixaram de ser consumidos, o que seria suficiente para abastecer por um ano uma cidade de 60 mil habitantes.
Ao todo foram identificadas R$ 198 milhões em oportunidades de redução de consumo, sendo 61% aprovadas e implementadas, gerando uma economia anual de R$ 122 milhões. A maioria dos projetos envolveu a otimização de processos, sem a necessidade de troca de equipamentos.
Empresas interessadas em participar desta nova fase podem participar da chamada pública. As que participaram da primeira fase podem se inscrever, mas com plantas industriais que não foram atendidas na edição anterior.