Baixo crescimento da demanda em 2023 e uma maior aceleração em todas as regiões mundiais em 2024 é o que prevê a Worldsteel em seus estudos e projeções.
Henrique Patria*
A World Steel Association (worldsteel) entidade mundial com membros em todos os principais países produtores de aço representando cerca de 85% da produção mundial de aço, acaba de divulgar o seu SRO – Short Range Outlook (Perspectiva de curto prazo) que inclui estimativas e perspectivas que são fruto de prospecção sobre o que o futuro nos reserva no campo da siderurgia mundial. Evidentemente que tais projeções estão sujeitas a riscos e incertezas que podem levar a outros resultados, mas que, entretanto, nos dão uma boa noção do que podemos esperar para os dois próximos anos.
O estudo prevê que este ano a demanda terá uma recuperação de 2,3% para atingir 1.822,3 Mt. A demanda de aço deverá crescer em 1,7% em 2024 para atingir 1.854 Mt. A manufatura de aço deve liderar a recuperação, mas as altas taxas de juros continuarão pesando sobre a demanda. No próximo ano, espera-se uma aceleração do crescimento na maioria das regiões, mas também uma desaceleração na China.
Comentando sobre as perspectivas, o Sr. Máximo Vedoya, CEO da Ternium e atual presidente do Worldsteel Economics Committee, disse: “em 2022, o ímpeto de recuperação após o choque pandêmico foi prejudicado pela alta inflação e aumento das taxas de juros, a invasão russa da Ucrânia, e os bloqueios na China. Como resultado, a atividade dos setores usuários de aço caiu no último trimestre de 2022. Isso, combinado com o efeito dos ajustes de estoque, levou a uma contração pior do que o esperado na demanda de aço.
A inflação persistente e as altas taxas de juros na maioria das economias limitarão a recuperação da demanda por aço em 2023, apesar de fatores positivos como a reabertura da China, a resiliência da Europa diante da crise energética e a diminuição dos gargalos da cadeia de suprimentos. Em 2024, o crescimento da demanda é impulsionado por regiões fora da China, mas enfrenta desaceleração global devido ao crescimento previsto de 0% da China, ofuscando o ambiente melhorado. A inflação sustentada continua sendo um risco negativo, potencialmente mantendo as taxas de juros altas.
À medida que a população da China diminui e se move para o crescimento impulsionado pelo consumo, sua contribuição para o crescimento da demanda global de aço diminuirá. O futuro crescimento da demanda global de aço dependerá de drivers reduzidos, principalmente concentrados na Ásia. Investimentos em descarbonização e economias emergentes dinâmicas impulsionarão cada vez mais o impulso positivo para a demanda global de aço, mesmo com a diminuição da contribuição da China para o crescimento global”.
Falando especificamente sobre a América Latina ele disse: “A América Latina está entrando em um período desafiador, com fracas perspectivas de crescimento e incerteza política. A demanda por aço contraiu em todos os países da região em 2022. Todos os setores devem ter um crescimento moderado em 2023 e 2024.
As perspectivas econômicas do México estão enfraquecidas pela alta inflação e pela fraca economia dos Estados Unidos. No entanto, espera-se que a manufatura mexicana tenha um desempenho relativamente bom nos próximos anos, especialmente o setor automotivo. A produção de veículos leves encerrou 2022 com crescimento de 9,2% e deve crescer 6,3% em 2023 e 6,4% em 2024, impulsionada pelas exportações para os EUA.
A demanda de aço do Brasil caiu substancialmente em 11% em 2022 devido à produção lenta e redução de estoque. As perspectivas para 2023-2024 são moderadas devido à política monetária restritiva e à incerteza fiscal. As altas taxas de juros, as dívidas das famílias e o enfraquecimento do mercado de trabalho suprimirão as atividades de construção, bem como a demanda por bens duráveis em 2023.
O setor automotivo brasileiro aumentou a produção em 5,4% em 2022, com forte crescimento das exportações de 27,8%, embora o mercado interno estivesse fraco. O setor automotivo perdeu força no início de 2023; espera-se um fraco crescimento de 2,2%, com uma nova melhoria suave esperada em 2024”.
(*) Henrique Patria: Editor Chefe do Portal e Revista Siderurgia Brasil henrique@grips.com.br