Em consulta realizada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) com 252 exportadoras brasileiras, 77% das empresas indicaram que tiveram impacto negativo nas exportações após a criação do Sistema de Importações da República da Argentina (SIRA), e destas, 84% apontaram que houve redução no valor exportado para a Argentina. Em vigor desde outubro de 2022, o novo modelo restringiu a concessão de licenças não automáticas (LNAs) e o acesso ao mercado de câmbio. O governo argentino adotou o sistema como tentativa de implementar um sistema de maior controle da cadeia de abastecimento e monitoramento das operações de comércio exterior. A licença não automática é um instrumento utilizado por países para controlar a entrada de produtos em seu território. Em linhas gerais, significa que o exportador brasileiro só poderá embarcar seu produto quando receber a licença do governo argentino.

A consulta empresarial foi feita pela CNI em abril deste ano para analisar os primeiros seis meses do SIRA (outubro de 2022 a março de 2023) e os efeitos de sua implementação sobre o embarque de bens para a Argentina. Dos exportadores que indicaram queda no valor exportado após a implementação do novo sistema, 49% apontaram que a redução nas vendas para a Argentina no período foi acima de 41%. Com a entrada em vigor do novo sistema, a lista de mercadorias sujeitas às licenças não automáticas saltou de 1.474, no início de 2020, para 4.193, no final de 2022. Considerando os dados de comércio do ano passado, 59% do valor total das exportações brasileiras à Argentina foram expostos a essa medida.

A consulta com empresários avaliou também o impacto das mudanças do SIRA nos negócios dos exportadores brasileiros. Em relação a este fator, o principal problema apontado pelos consultados no período de seis meses foi a imprevisibilidade no fechamento de negócios (86%), seguido pela perda de oportunidades, com clientes que deixam de comprar (81%), e pela perda de oportunidades, com clientes que cancelam pedidos (47%).

Fonte: Imprensa CNI