Na reunião mensal promovida com os jornalistas no início de setembro, a Anfavea e, particularmente seu presidente, Márcio de Lima Leite, se mostraram preocupados com a invasão de carros chineses e dos países asiáticos nos mercados da América Latina. Mas a preocupação maior é com a chegada dos carros elétricos chineses que estão entrando no Brasil, com isenção total de imposto de importação.
Pelos levantamentos apresentados entre 2013 e 2022, no mercado de veículos da América Latina, o Brasil caiu de uma participação de 22,5% para 19,4%, portanto 3,1 pontos percentuais enquanto no mesmo período a China saiu de 4,6% para 21,2%, ou seja, crescimento de 16,5 pontos percentuais. A Indonésia que nem aparecia no mapa pois detinha 0,2% passou no período para 1,5% e a Índia de 2,2% passou para 5%, que é mais do que o dobro da antiga posição.
E quando a análise é feita com base no território brasileiro a questão levantada é de que estão chegando carros elétricos produzidos na China, isentos totalmente de impostos, tirando totalmente a competitividade das montadoras aqui instaladas.
“Até 2021, o Brasil era o país que mais exportava para os países vizinhos. No ano passado a China tomou a dianteira, com 21,2% de presença, ante 19,4% do Brasil. Precisamos urgentemente aumentar nossa competitividade para exportar, ou perderemos ainda mais terreno em nossos principais destinos, não só para a China, mas para outros países emergentes da Ásia, Índia, Tailândia e Indonésia”, afirmou Leite.
Falando sobre a presença chinesa no Brasil, o Presidente da Anfavea louvou as marcas que planejam se instalar como fabricantes, mas ressaltou que é preciso retomar o Imposto de Importação de 35% para modelos elétricos e híbridos, que têm a China como principal país de origem. Neste ano já foram mais de 30 mil unidades com um prejuízo tributário que supera a cada dos 2 bilhões de reais.
“Pode ser de forma gradual, ou por cotas, mas é preciso haver uma regra que incentive e dê previsibilidade à produção local de veículos elétricos”, concluiu Leite, destacando que podemos ter em breve a mesma situação dos países vizinhos, com mais de 20% de importações chinesas sem a contrapartida da geração local de empregos.
Sobre o mercado doméstico, a produção de agosto praticamente igualou o recorde do ano, que era de 228 mil unidades no mês de maio. As 227 mil unidades produzidas no mês representaram alta de 24% sobre julho. No acumulado do ano, já são 1.542 milhão de autoveículos produzidos, com uma leve queda de 0,4% em relação aos primeiros oito meses de 2022.
Os emplacamentos recuaram, o que já era esperado em função do fim dos descontos oferecidos pelo governo federal para modelos até R$ 120 mil. Foram 207,7 mil unidades licenciadas em agosto, 7,9% a menos que em julho.
As vendas acumuladas do ano estão em 1.432 milhão de unidades, volume 9,4% superior ao do ano passado
Há um sinal de recuperação do mercado, mas ainda de forma muito lenta segundo a Anfavea.