Na reunião de hoje (21/09/23), o presidente executivo da entidade Carlos Loureiro, disse entre outras coisas que se continuar a situação da gigantesca entrada de aços importados, a custos abaixo da realidade, vindos principalmente da região asiática onde estão China e Coréia do Sul, as usinas nacionais tendem a se tornar inviáveis, o que seria um desastre para o Brasil pela importância que o segmento tem em nossa economia e pela quantidade de vagas de trabalho envolvida em toda a cadeia: “Se perdurar o quadro da chegada de aços importados com preços irreais, a longo prazo a situação não é nada saudável para o Brasil” disse Loureiro.
Para ilustrar tal situação ele mostrou que no produto chamado “Galvalume” que é principalmente utilizado na construção civil, de um Consumo Aparente de 97 mil toneladas, a participação da indústria nacional foi de somente 27 mil toneladas sendo o restante de 70 mil toneladas totalmente importado. Mostrou ainda que com o preço do carvão siderúrgico e do minério de ferro se mantendo em crescimento no mercado internacional, não há margem para redução nos valores do aço nacional. Disse ainda que há uma guerra de preços desigual, pois o produto nacional (galvalume) tem qualidade superior e maior durabilidade com respeito a corrosão, mas este quesito só é percebido ao longo do tempo.
Disse ainda que vários dos distribuidores estão sendo obrigados a participar do mercado de importados, dividindo suas compras entre produtores nacionais e importados, até por uma questão de sobrevivência.
Finalizou dizendo que a medida tomada nesta semana pelo Governo Federal, suspendendo a redução na taxa de importação de aços em 10% o que fará ela voltar para 9,6% a 12,8% dependendo do produto é insuficiente e na verdade deve fazer aumentar a internação agora em setembro, de produtos que estão parados nos portos – segundo ele em São Francisco do Sul há mais de 300 mil toneladas – uma vez que a medida vai vigorar a partir de 1º de outubro.
Com respeito ao desempenho do setor no mês de agosto, houve um crescimento nas vendas de 10,7%, pois foram vendidas 343,4 mil toneladas contra 310,2 mil toneladas do mês passado. Em relação ao ano anterior houve uma pequena queda de 2,5%, uma vez que naquele mês havia sido registrada uma venda de 334,9 mil toneladas.
As compras efetuadas junto as usinas acompanharam o movimento de alta e foram 14,6% a mais do que julho – 345,8 mil toneladas contra 301,8 mil- já em relação a agosto de 2022, houve queda de 1.5% (350,9 mil).
Com este movimento o estoque da rede permanece com um giro de 2,5 meses, ou seja, há no estoque 843,9 mil toneladas.
No movimento de importação demonstrado pelo Inda, ficou registrada a entrada de 231 mil toneladas de aços planos contra 202,2 mil toneladas do mês passado, que aliás, já havia sido considerado um número muito alto.
No acumulado do ano o período de janeiro a agosto mostrou um crescimento nas importações de 38,7% com a entrada de 1.484.463 mil toneladas contra 1.070.109 mil toneladas do ano passado.
Recomendamos a leitura do artigo “Um problema Continental” que está na página 22 da edição de agosto da Revista Siderurgia Brasil, que pode ser acessada em: https://siderurgiabrasil.com.br/revista/ onde percebe-se que invasão de aços importados em valores abaixo da realidade, são um problema em toda a América Latina, com consequências imprevisíveis.
Henrique Patria
Editor Chefe