Congresso Aço Brasil 2023 reforça o compromisso do setor do aço com o crescimento econômico e com o desenvolvimento social e sustentável.

Marcus Frediani

Sucesso absoluto no maior evento da cadeia do aço no Brasil, promovido nos dias 26 e 27 de setembro, no Hotel Unique, em São Paulo/SP. Realizada no mesmo ano em que sua entidade organizadora, o Instituto Aço Brasil, completa seis décadas de atividades, a iniciativa reuniu mais de 500 congressistas presenciais, além de cerca de 1.000 participantes online.

Nele, os principais stakeholders da indústria e da cadeia do aço, além de especialistas e lideranças do cenário econômico e empresarial, debateram as perspectivas do setor e sua importância no crescimento sustentado do país, tendo como foco temas de grande relevância.

DESTAQUE NO RANKING
Na abertura do Congresso, Jefferson De Paula, presidente do Conselho Diretor do Instituto Aço Brasil e da ArcelorMittal Brasil, e CEO da ArcelorMittal Aços Longos e Mineração LATAM, pontuou os marcos do Instituto Aço Brasil ao longo de seus 60 anos de história, em prol do crescimento econômico e do desenvolvimento sustentável do Brasil, que contribuíram para levar o país a conquistar a oitava posição no ranking dos maiores produtores de aço do mundo.

A cerimônia ainda contou com a participação de Jorge Lima, secretário de Desenvolvimento Econômico do Estado de São Paulo, representando o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, que anunciou a expectativa do governo paulista em investir mais de R$ 400 bilhões em transição energética, infraestrutura, empreendedorismo, turismo e qualificação de pessoas.

TENSÕES GEOPOLÍTICAS
A primeira conferência do Congresso Aço Brasil 2023 teve como tema a “Nova Ordem Econômica Mundial – Inserção do Brasil”, abordado de maneira esclarecedora na palestra do economista Ricardo Amorim, que, entre outros pontos, falou sobre os impactos da mudança do centro de gravidade da economia mundial, que antes estava focada na Europa e nos Estados Unidos, mas hoje pode ser percebida na Ásia, majoritariamente na China.

Contextualizando as explicações de Ricardo, o deputado federal e presidente da Frente Parlamentar pelo Brasil Competitivo, Arnaldo Jardim, destacou que o Brasil tem uma condição singular em relação às tensões geopolíticas, que é a alta capacidade de relação diplomática com 197 países, embora reconhecendo, entretanto, que só temos acordos internacionais com nações que representam pouco mais de 8% do consumo e da importação de bens em todo o mundo.

CULTURA DE SEGURANÇA
Com moderação de Marcos Faraco, conselheiro do Aço Brasil e vice-presidente de Estratégia da Gerdau, a conferência especial “O Desafio de Atrair e Reter Talentos na Indústria” abriu a programação da tarde do primeiro dia do Congresso. Ao contextualizar o tema, Faraco apontou o setor do aço como empregador direto de 130 mil pessoas e, indireto, de 3 milhões de pessoas, de acordo com os dados da FGV, mas ainda contrapôs um grande desafio: garantir que os colaboradores queiram trabalhar, se desenvolver e permanecer nessa indústria.

Na sequência da programação, Jefferson De Paula, moderou uma conferência magna online sobre o cenário geopolítico do aço com Aditya Mittal, CEO da ArcelorMittal, que, questionado sobre o futuro da indústria global, destacou a urgente necessidade de se acelerarem os processos voltados à descarbonização e à promoção da sustentabilidade na indústria do aço, além da difusão daquilo que titulou como a construção de uma “cultura de segurança”, como forma de atrair talentos e capacitar mão de obra qualificada, para acompanhar a proposta de superar desafios e adaptá-la às novas e emergentes tecnologias.

COMPETITIVIDADE SISTÊMICA
Imediatamente na sequência, foi realizado o painel intitulado “Recuperação da Competitividade Sistêmica da Indústria”. Moderado por Rubens Pereira, Conselheiro do Instituto Aço Brasil e vice-presidente executivo das Operações Brasil, Argentina e Uruguai da Gerdau. Em sua participação, ele sublinhou as estatísticas do setor siderúrgico nacional, dando conta de que os investimentos realizados por ele nos últimos 15 anos ultrapassaram os R$ 30 bilhões, com positivos impactos ligados à segurança, produtividade e tecnologia.

Participando do painel, o economista, sociólogo e diplomata, Marcos Troyjo, fez um importante contraponto relacionado à capacidade de recuperação da competitividade sistêmica da indústria brasileira do aço dizendo que isso dependerá de tudo que for feito internamente, bem como da constante manutenção de atenção aos fatores, riscos e oportunidades observados no âmbito internacional.

E a programação oficial do primeiro dia do Congresso Aço Brasil foi encerrada em grande estilo, com a realização de um jantar comemorativo aos 60 Anos do Instituto Aço Brasil, realizado no Hotel Rosewood.

O DESAFIO DA DESCARBONIZAÇÃO
Por ocupar apenas a parte da manhã do segundo dia do Congresso, a grade de atividades do Congresso foi mais curta, e teve início com a conferência especial “Descarbonização – Desafios para a Indústria do Aço”, seguida pelo painel “Mudanças Climáticas / Transição Energética / Descarbonização”, contando com a moderação do conselheiro do Instituto Aço Brasil e CEO da Ternium Brasil, Titus Schaar.

Em sua participação, o executivo trouxe os dados da Worldsteel Association, que apontam as indústrias do setor do aço como responsáveis por cerca de 7% das emissões globais de CO2. Mesmo que o Brasil não contribua com a maior parcela dessa realidade, é importante trazer essa discussão para que as empresas brasileiras instituam projetos que expressem o compromisso de reduzir os números até 2030.

Diante desse cenário, Wieland Gurlit, sócio sênior da McKinsey, destacou a importância e a urgência de que tais questões atinentes sejam tratadas no Brasil, porque a Europa e outros grandes polos já têm mecanismos de fiscalização. E se tal não for feito, isso trará desvantagem para as empresas brasileiras no âmbito da competição global.

Fechando a programação oficial do Congresso, foi realizado o painel “Tendências e Desafios da Indústria do Aço – A Visão dos CEOs”, contando com a participação dos dirigentes da ArcelorMittal, Gerdau, Villares Metals e Ternium, e mediação de Marco Polo de Mello Lopes, presidente executivo do Aço Brasil, que, de saída, apresentou o quadro atual da siderurgia nacional.

Nas discussões, os integrantes da mesa mostraram que o momento vivido atualmente pelo setor no Brasil é muito preocupante. De um lado, nossa indústria está acuada, pois o país é um dos únicos do mundo totalmente vulnerável à investida dos aços importados. E, de outro, tem necessidade de investir cada vez mais para manter a qualidade e os compromissos com a sustentabilidade, bem como a sua competitividade no cenário mundial. Nesse âmbito, aliás, foi citado o exemplo do México, que sobretaxou todo o aço vindo do exterior, a fim de proteger a sua indústria.

Na sequência, em sua preleção final, Jefferson De Paula deixou uma mensagem otimista à plateia, ao afirmar que, embora em face a esse plano de dificuldades, o Instituto Aço Brasil seguirá em sua missão de defender os pleitos, reivindicações e interesses do setor pela via do diálogo com as autoridades constituídas, e continuará a trabalhar ativa e diligentemente para restaurar condições saudáveis para o desenvolvimento da siderurgia nacional.