Sandro Raposo
Atuar em regiões com necessidades estruturais exige mais do que investimentos pontuais, demanda uma abordagem integrada, que considere a complexidade das relações entre desenvolvimento econômico, social e ambiental. Para uma empresa, o verdadeiro impacto positivo vai além da criação de empregos ou da geração de renda – está na construção de uma base sustentável que beneficie tanto os negócios quanto a comunidade ao redor.
Empresas socialmente responsáveis desempenham um papel central na economia local, funcionando como catalisadoras do crescimento, porém, essa responsabilidade deve ser planejada de maneira estratégica. A geração de empregos, por exemplo, só alcança seu pleno potencial quando há um investimento concomitante em capacitação técnica e desenvolvimento de competências alinhadas às demandas do mercado.
Do ponto de vista técnico, esse tipo de investimento é tão benéfico para a comunidade quanto para a competitividade da empresa. Colaboradores mais qualificados aumentam a produtividade e, consequentemente, fortalecem a cadeia de valor. Além disso, ao investir em programas educacionais para jovens e adultos, contribui-se para a redução de desigualdades e para o aumento da resiliência socioeconômica da região onde a organização está inserida.
Outro aspecto também muito importante é o planejamento estratégico dos projetos sociais. Um programa bem-sucedido deve partir de uma análise detalhada dos impactos da empresa na comunidade, levando em consideração fatores como o uso de recursos naturais, a interferência no cotidiano das pessoas e a percepção da sociedade sobre as operações. Essa análise permite desenhar ações direcionadas e, assim, alinhar e transformar projetos em instrumentos de desenvolvimento sustentável e mensurável.
Ainda sob uma perspectiva técnica, vale destacar que a sustentabilidade vai além do tripé social, ambiental e econômico, é preciso criar sinergias entre essas dimensões, integrando-as à estratégia de negócios. Uma ação ambiental, como a gestão de recursos hídricos, pode gerar valor compartilhado ao melhorar a qualidade de vida das comunidades que dependem da mesma bacia hidrográfica, enquanto uma política de engajamento comunitário ajuda a fortalecer a reputação e a longevidade da empresa.
Empresas que compreendem essas dinâmicas operam como agentes de transformação, gerando impactos que transcendem o lucro. Quando fortalecemos as economias locais, a educação e a cultura, contribuímos para a redução das vulnerabilidades sociais e forjamos cidadãos mais preparados e conscientes.

Como empresa, entendemos que o legado que deixamos não está apenas nos números ou resultados, mas na capacidade de criar conexões genuínas e soluções que gerem benefícios mútuos. É por isso que nosso compromisso deve ser, antes de tudo, técnico e estratégico, mas também humano e transformador.
Sandro Raposo é diretor de Sustentabilidade da Aço Verde do Brasil