“O nível atual da Selic, que implica taxa de juros real de 8,5% a.a. (3,5 p.p. acima da taxa neutra estimada pelo Banco Central), já tem impactado fortemente a economia, que apresenta desaceleração mais aguda do que a prevista, tanto pela CNI, como por diversos analistas econômicos. Essa desaceleração intensa da economia já seria suficiente para controlar a inflação”, avalia Ricardo Alban, presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI) em nota divulgada pela entidade.
A CNI considera que a elevação de um ponto percentual (p.p.) da taxa básica de juros, a Selic, anunciada pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, não é necessária para controlar a inflação e prejudicará o ritmo de crescimento da economia. A Selic passou de 13,25% para 14,25% – maior patamar desde 2016. Segundo sua avaliação, a perda de fôlego econômico já influencia as expectativas em torno da inflação.
Além disso, segue a nota, o aperto monetário em curso já se traduz em aumento efetivo da taxa de juros dos tomadores de crédito. Em setembro de 2024, quando o Copom começou a aumentar a Selic, a taxa de juros média era de 27,54% a.a. Em janeiro de 2025, passou para 29,82% a.a. A CNI ressalta que os efeitos das quatro altas da Selic sequer tinham se materializado plenamente, uma vez que há uma defasagem temporal entre a alteração nos juros básicos e o impacto na economia.
“A busca pela sustentabilidade fiscal deve ser uma prioridade de todos os poderes públicos constituídos e de toda a sociedade brasileira. Sem o comprometimento de todos, o Brasil seguirá pecando pela baixa sintonia entre política monetária e política fiscal, o que sobrecarrega a Selic e o custo do crédito, variável-chave para viabilizar investimentos e sustentar ritmo mais vigoroso de crescimento econômico”, defende Alban.
Fonte: CNI