Atualmente é tão comum e tão fundamental a presença feminina em todos os níveis de atividade no mundo corporativo, que chega a ser um pouco estranho dedicarem apenas um dia exclusivo a elas.
Henrique Pátria*
Neste mês em que comemoramos o Dia Internacional da Mulher, a Grips Editora, por meio de seus veículos, deseja manifestar seus cumprimentos e destacar alguns pontos importantes que enaltecem a presença feminina nos tempos atuais.
Hoje, não há barreiras no mundo civilizado para o exercício das atividades femininas, tampouco há lugar onde não se perceba a atuação dessas profissionais no desenvolvimento das empresas. Nos últimos 50 anos, praticamente todos os obstáculos que limitavam o empreendedorismo feminino foram superados, e hoje encontramos mulheres exercendo cargos de liderança em companhias de todos os portes — desde iniciativas individuais até os mais diversos trabalhos operacionais em todos os setores da sociedade. Aliás, existem empresas que vêm sendo geridas e coordenadas unicamente por mulheres determinadas, que sabem muito bem os objetivos que desejam alcançar.


Recentemente, o Instituto RME – Rede Mulher Empreendedora divulgou uma pesquisa baseada em 2.141 respostas a um questionário cujo tema foi “Economia do Cuidado: Impactos na Configuração da Imagem que as Empreendedoras Têm de Si e Como Isso Repercute nas Oportunidades de Seus Negócios”.
O estudo revelou que 73% das empreendedoras são mães, sendo que, entre elas, 37% são mães solo. Além disso, o levantamento indicou que a busca por independência financeira é a principal motivação para o empreendedorismo feminino, especialmente entre mulheres pretas e pardas (48%), que também veem nesse tipo de atitude empresarial uma forma de aumentar a renda de seus lares (39%). Complementarmente, o estudo mostrou que 60% das empreendedoras têm entre 30 e 49 anos, e 52% possuem ensino superior.

Acerca dos resultados da atual pesquisa — a nona de sua série histórica —, a empreendedora social e fundadora da Rede Mulher Empreendedora e do Instituto RME, Ana Fontes, fez questão de registrar: “Desde 2016, realizamos esse estudo anualmente. E o principal ponto de destaque neste mais recente levantamento é que, além do fato de 73% das empreendedoras serem mães, mais de 68% delas afirmaram que seus filhos vieram antes de abraçarem seus próprios negócios. Isso mostra claramente que ainda existe muita resistência no mercado de trabalho em aceitar uma mãe como profissional. Assim, o empreendedorismo surge como um caminho natural”.
Na siderurgia, um segmento que até pouco tempo atrás apresentava baixíssimos índices de presença feminina, essa configuração está mudando, como demonstra o notável caso da Aperam. Uma das principais siderúrgicas nacionais, a empresa hoje conta com mulheres em importantes cargos, desde posições de destaque na Diretoria até na operação de máquinas e altos-fornos, com grandes resultados em termos de produtividade.
Seguindo diligentemente o caminho da igualdade de gêneros, em 2021 a Aperam criou o “Programa de Inclusão com Diversidade”, com o objetivo de contratar mais mulheres e impulsionar sua presença em cargos de liderança. Entre os destaques dessa trajetória está o caso da atual Diretora Financeira (CFO) da empresa, Gisele Polati, que, graças ao seu alto nível de profissionalismo, ingressou na companhia como estagiária aos 21 anos. Ao longo do tempo, foi conquistando promoções até se tornar, em setembro de 2024, a primeira mulher a ocupar um cargo de direção — logo após retornar de sua licença-maternidade, algo pouco comum no mundo empresarial. Sobre sua nomeação, Polati afirma: “O apoio da Aperam para que eu pudesse conquistar o meu espaço foi fundamental e, pessoalmente, como mulher, me sinto feliz sempre que vejo outra mulher sendo reconhecida por sua competência”.

Felizmente, hoje o exemplo de Gisele é apenas um entre muitos na Aperam. Um desses exemplos é o de Jessica Fernandes Sudário, que, com grande habilidade, trabalha como operadora do Alto-Forno Nº 2 na Usina de Timóteo, na região do Vale do Aço, em Minas Gerais, sendo a primeira mulher a ocupar essa função no local. Outro destaque é o de Edilaine Soares da Rocha, que se tornou a primeira operadora de máquinas da Aperam Bio Energia, conduzindo grandes máquinas, como pás carregadeiras, tratores e equipamentos específicos para carga e descarga de madeira e carvão nas áreas dos fornos.
Para completar essa seleção, vale citar ainda o exemplo de Rayane Ferreira da Silva, a primeira mulher contratada para trabalhar como auxiliar de silvicultura. Rayane permaneceu na função por dois anos e, hoje, também atua como operadora de máquinas na empresa. “Meu primeiro dia foi muito difícil. Achei que não ia dar conta, mas continuei. Às vezes, me pego pensando que, se tivesse desistido no início, não estaria aqui hoje. Estou muito feliz e orgulhosa de mim”, afirma ela, com um grande sorriso.
Assim como a Aperam, todas as demais usinas e mineradoras — incluindo a Vale — garantem a presença feminina em diversos níveis de operação de suas atividades. Nossos mais sinceros parabéns a todas elas!
*Henrique Pátria é o publisher do Portal e revista Siderurgia Brasil.