Na semana passada aconteceu em Brasilia a reunião entre empresários e presidentes de entidades ligados ao grupo chamado Coalização Indústria (Veja a definição em nosso Anuário da Siderurgia 2020) e membros do poder executivo, visando discutir a retomada das atividades na indústria. Porém além da pauta para estabelecimento destes protocolos, havia uma questão fundamental e vital por trás disso.
Conforme conversa que tive com Ricardo Martins, presidente do Sicetel e da Abimetal e membro do Conselho da FIESP, muito maior do que o problema de retomada das atividades está o problema da liberação dos créditos principalmente para o pagamento da folha de pagamento nas empresas.
Segundo disse: “Até o momento foram utilizados somente cerca de 1%, ou algo como 400 milhões de reais do total de anunciado pelo Ministério da Economia”
Nota do Editor: Ele está falando do programa de 40 bilhões de reais criado para financiamento da folha de pagamento de empresas com faturamento anual de 360 até 10 milhões de reais para financiar por dois meses a folha de pagamento a uma taxa de 3,75%, com valores equivalente a até dois salários mínimos. A diferença é por conta da empresa, que por sua vez se compromete a não dispensar os funcionários Os valores deste aporte viriam 85% do governo e 15% dos bancos privados.
Apuramos que até semana passada foram liberados até aqui R$ 413,5 milhões conforme dados oficiais do Banco Central.
Segundo Martins: O dinheiro anunciado que seria liberado pelo BNDEs não está chegando! O nível de exigências e as questões burocrática para a liberação são grandes entraves. O outro problema é que os bancos particulares que deveriam entrar neste processo, facilitando a operação exigem compensações impraticáveis de serem cumpridas e não tem ajudado em nada.
Acrescenta:”Se não houver uma medida que resolva a questão do dinheiro para amanhã, a indústria brasileira morre antes de chegar o segundo semestre”.
Outra grande esperança, segundo ele corroborada por toda a indústria brasileira, é de que seja aprovada ainda nesta semana pelo Congresso Nacional e sancionada pelo Presidente da Republica o Seguro de Crédito, tipo uma espécie de Carta de Fiança para as linhas de crédito. É um projeto em tramitação no Congresso que permitirá às empresas com faturamento anual superior a de R$ 10 milhões que também acessem a linha de crédito para folha de pagamento. O projeto prevê ainda turbinar o fundo garantidor do investimento do BNDEs e destravar e agilizar o acesso a todas as linhas de crédito oferecidas.
Segundo Martins a indústria como um todo, não só a paulista acredita que em três a quatro meses poderá restabelecer a confiança e voltar a pensar no futuro, inclusive iniciando o resgate dos créditos que foram concedidos neste momento desesperador. No entanto teme que se o socorro não chegar a tempo, a indústria não terá como sobreviver.
Complementando e com respeito a retomada das atividades, entende que deve haver um maior entendimento entre o governo federal, os governos estaduais e municipais no sentido de que vidas sejam preservadas e haja uma gradativa retomada. O Brasil é um país de tamanho continental e uma medida boa para São Paulo pode não ser tão boa para o Mato Grosso do Sul. “Têm de haver um critério e um entendimento nisso.”
Ainda sobre a retomada cita que a própria indústria não parou totalmente. Foram estabelecidos vários protocolos como escala de trabalho, distanciamento entre as pessoas, uso de equipamentos de segurança e mandados para o confinamento todos aqueles que pertenciam ao grupo de risco. Com esses cuidados cerca de, na média 30 a 40% da indústria, está funcionando. Com coordenação e entendimento entre as partes será possível encontrarmos saídas adequadas.