Na reunião solicitaram ainda que o governo adote medidas para proteger a indústria nacional da concorrência de chineses e coreanos

Segundo nota divulgada no site do Instituto Aço Brasil – IABr, em reunião no Palácio do Planalto, representantes do setor siderúrgico pediram ao presidente Jair Bolsonaro que converse com o presidente americano Donald Trump a fim de flexibilizar o sistema de cotas no qual os Estados Unidos enquadraram o aço brasileiro há dois anos, a chamada Seção 232. O setor solicitou, além disso, que o governo adote medidas para proteger a indústria nacional da concorrência de chineses e coreanos.

A sugestão foi levada a Bolsonaro por Marco Polo de Mello Lopes, presidente executivo do Instituto Aço Brasil, e mais quatro dirigentes da entidade que o acompanharam a Brasília. Estiveram presentes no encontro os ministros da Economia, Paulo Guedes, das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, e da Casa Civil, Walter Souza Braga Netto.

Lopes explicou que o setor, onde já há uma superoferta mundial, tem sofrido uma crise aguda de demanda interna e externa por conta da pandemia causada pelo coronavírus. Neste momento, as siderúrgicas nacionais operam com 40% da capacidade instalada, disse ele, quando deveriam estar funcionado com cerca de 80%.

Com a economia paralisada dentro do país e em boa parte do mundo, que ainda sente os efeitos da Covid-19 sobre a atividade, uma saída seria derrubar barreiras ao aço brasileiro no comércio exterior.

Ainda segundo ele a ideia é aproveitar a boa relação de Bolsonaro e Trump para viabilizar a flexibilização ou até mesmo a retirada do Brasil do sistema de cotas, que já exclui países como Canadá, México e Austrália.

“A exportação é a grande saída para o setor”, disse Lopes. “Fizemos um pedido especial para que houvesse conversa para flexibilizar o mercado americano, fechado pela seção 232.”

Por esse dispositivo, Irã e Líbia chegaram a ser proibidos de exportar petróleo para os EUA nas décadas de 1970 e 1980.

Lopes alega que a medida firmada por Trump gera prejuízos à própria economia americana, uma vez que o aço brasileiro é matéria-prima usada pelas siderúrgicas locais. Brasil é o segundo maior exportador de aço para os EUA. O país tem atualmente 51 milhões de toneladas de capacidade instalada, em um mercado já marcado pelo excesso de oferta.

De acordo com Lopes, antes da pandemia havia 395 milhões de toneladas de excesso de capacidade instalada. Desse total, 154 milhões de toneladas estão na China e 56 milhões, na Coreia do Sul. Alias este excesso de oferta já vêm de longo prazo e tende a se agravar com a retração dos mercados mundiais de aço.

“São os dois países que têm maior número de processos no mundo por práticas predatórias de comércio”, afirmou. “A nossa indústria não pode virar presa de China e Coreia. Tem que ter em caráter emergencial algum mecanismo, como uma cota-país.”

A dificuldade de acesso ao crédito também foi tema da conversa com Bolsonaro. Essa situação, disse Lopes, afeta sobretudo empresas que faturam entre R$ 10 milhões e R$ 300 milhões. E é causada sobretudo pela aversão dos bancos privados em assumir o risco das operações. As indústrias demandam também o aumento do fundo garantidor para operações de crédito para as empresas.

Fonte: www.institutoacobrasil.net.br