Em qualquer planejamento divulgado a previsão do PIB futuro é sempre algo esperado. Mas qualquer alteração no contexto muda tudo.
Um dos índices mais esperados no final de cada ano e no inicio do novo período é como será ou como irá se comportar o PIB de um estado de uma nação ou até o PIB global. Baseado em números passados os economistas e “gurus de plantão” fazem uma estimativa que serve de orientação principalmente para investidores, governantes e outros interessados projetarem suas ações.
No entanto a “válvula de escape” para os erros que sempre ocorrem – alguns até absurdos – é a mudança brusca de cenário, como aconteceu neste ano de 2020, pois no fim do ano passado muito ou nada se sabia sobre esta pandemia que mudou o eixo do mundo – E ainda não acabou!
Pois bem com base nestas colocações foram divulgados os números do PIB de abril aqui em terra tupiniquim e tivemos o pior momento para a economia brasileira, mas o fundo do poço foi um pouco mais “raso” do que o previsto inicialmente, enquanto indicadores disponíveis para maio e junho mostram reação modesta da atividade econômica.
Ainda que não se tenha cenário confiável alguns economistas já preveem que com os dados conhecidos a queda será menos pronunciada do Produto Interno Bruto (PIB) no segundo trimestre, mais perto de 10% do que 15%. Da mesma forma a onda de revisões pessimistas para o desempenho da economia brasileira em 2020 também deve ser contida.
Segundo o jornal Valor Econômico em informações divulgados na semana passada o índice de Atividade Econômica do Banco Central caiu 9,73% entre os meses de março e abril. Isto já considerando os ajustes sazonais depois de ter recuado 6,16% na medição anterior (dado revisado de retração de 5,9%).
Segundo a informação foi o pior resultado para o mês da série histórica do BC. Conforme esperado, a medição refletiu as medidas de isolamento social adotadas para conter o avanço da pandemia de covid-19. Já existem dados disponíveis de maio e projeções de junho que mostram recuperação o que leva a alguns economistas e especialistas dizerem que a queda não será tão acentuada no segundo trimestre que vai de abril a junho. Vamos conferir os números reais. Dependendo desta apuração poderemos ter uma melhor visão de como deve se comportar o segundo semestre.
Inicialmente tínhamos uma projeção de crescimento que variava em função das metodologias empregadas, e que chegamos a divulgar em nosso Anuário Brasileiro da Siderurgia que apontava para um crescimento que variava de 2,5% para os mais pessimistas até 4,5% para os mais otimistas. Após dois meses de paralisação os números sugeridos variavam de uma queda de 7% a 9%.
Já em termos mundiais conforme divulgado pelo Boletim do FMI – Fundo Monetário Internacional a evolução da pandemia e a dificuldade de sua contenção fez a projeção para o Brasil piorar de-5,3% em abril para -9,1%, de acordo com as atualizações de previsões do documento Perspectiva Econômica Mundial.
Já para 2021, o FMI elevou a estimativa de crescimento de 2,9% para 3,6%.
“Na América Latina, onde muitos países continuam lutando para conter o surto, as duas maiores economias, Brasil e México, têm estimativa de contração de 9,1% e 10,5%, respectivamente em 2020”, apontou o Fundo.
Ainda segundo a nota e de forma inédita, o FMI também divulgou uma atualização dos indicadores de contas públicas do documento Monitor Fiscal, divulgado em abril.
Como a crise global é profunda e demandou uma elevação substancial dos gastos de governos, que atingiu US$ 10,7 trilhões para atender as demandas de saúde pública e para evitar que o nível de atividade entrasse em depressão, ocorreu um aumento generalizado para o déficit nominal e dívida pública bruta dos países-membros do Fundo.
No caso do Brasil, o déficit nominal deverá atingir 16% do PIB neste ano, acima dos 9,4% estimados em abril. Em relação a 2021, o indicador atingirá 5,9% do PIB, pouco abaixo dos 6,1% previstos há dois meses.
Nesse contexto, a dívida pública bruta deverá superar os 100% do PIB neste ano e no próximo. Para 2020, deve atingir 102,3% do PIB, nível maior que os 98,2% projetados em abril. Em relação a 2021, haverá uma redução, mas atingirá 100,6% do Produto Interno Bruto, acima dos 98,2% da estimativa anterior.
Fontes: Valor Econômico e FMI