Segundo as estimativas de grande parte do setor produtivo nacional, 2020 será desafiador, mas trará bons resultados para todos aqueles que persistirem em lutar a boa luta.
Marcus Frediani
Na segunda-feira, 3 de fevereiro, um grande evento aconteceu no prédio da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP), por conta de um almoço organizado pela entidade para homenagear uma figura ilustre: o presidente Jair Bolsonaro. Na plateia do auditório – e, depois, nas mesas do salão de almoço – da FIESP, 150 convidados especiais, entre presidentes de sindicatos e diretores das entidades, representado diversos segmentos econômicos.
E o otimismo com os atuais rumos da economia brasileira foi a grande tônica do evento. Na abertura, depois de enfatizar a honra em receber o presidente da República na FIESP, o presidente da entidade, Paulo Skaf, reafirmou que a agenda do governo coincide com a defendida pelos setores produtivos, e que já vem dando resultados: “Desde agosto do ano passado se registra crescimento, com um milhão e meio de empregos gerados, sendo 550 mil com registro em carteira, de acordo com dados oficiais, e de 800 a 900 mil informais. Estamos entrando em 2020 com otimismo, esperando de 2,5% a 3% de crescimento,” avaliou o executivo.
Entre outros pontos positivos elencados por Skaf, estiveram, ainda, os recordes registrados pela Bolsa Valores, o alinhamento desejado da inflação, dos juros e do câmbio, apesar de o spread bancário ainda estar em patamar elevado, mas que se resolverá dentro de um cenário de concorrência. E, a esse quadro de fatores positivo, adicionou a PEC dos Fundos Públicos, o Pacto Federativo e o combate à corrupção, e a necessidade de se tocar com urgências as mais de 14 mil obras para resolver a questão da geração de emprego.
Concordando com Skaf, Bolsonaro afirmou que os números atuais mostram que o Brasil está no caminho certo. No campo econômico, analisou que, se antes se combatia a inflação com o aumento da taxa de juros, hoje isso não ocorre mais. E, batendo numa tecla bastante conhecida, fez questão de enfatizar que irá mais fundo nas reformas com o objetivo de reduzir o peso do Estado, pois sua função é mediar e não dificultar a vida de quem produz. Nesse sentido, apontou para a desregulamentação, a desburocratização e a revisão das normas técnicas com excessivas obrigações. “Estamos recuperando a confiança e o respeito no mundo, em função dessas duas palavras-chave, que são confiança e respeito. Assim, acredito que o Brasil não está dando certo: o Brasil já deu certo”, finalizou, sob aplausos.
BONS VENTOS PARA A INDÚSTRIA
O otimismo de Bolsonaro quanto aos rumos da economia brasileira em 2020 encontra eco na opinião de muitos especialistas, mesmo entre aqueles não ligados diretamente à esfera governamental. É o caso, por exemplo, de Andreas Hoffrichter, conselheiro de Administração e diretor da Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha (AHK Paraná).
“Isso se deve ao fato de o governo ter feito parte da sua lição de casa e criado um ambiente econômico um pouco menos hostil para o ano que se inicia. A nova gestão federal demonstrou ter a capacidade de negociar e articular com o Congresso a implantação de medidas tão urgentes e necessárias para tirar o país da recessão. A aprovação da reforma da Previdência, por exemplo, deve gerar uma economia de R$ 800 bilhões nos próximos dez anos. Também houve o encaminhamento de três propostas de emenda à Constituição (PEC), que tratam do ajuste fiscal e da descentralização de recursos para estados e municípios”, justifica Hoffrichter.
Complementando esse quadro de elementos positivadores, as reformas Tributária e Administrativa, assim como o projeto para acelerar a privatização das empresas estatais deverão, também, ser tratados em breve. Sobre esse último fator, aliás, vale lembrar que, em 2019, o governo já vendeu mais de R$ 100 bilhões de ativos e fez várias concessões para empresas privadas na área de infraestrutura, principalmente portos e aeroportos.
“Faz muito tempo que não temos um cenário tão positivo com expectativas de estabilidade no longo prazo, a começar pela taxa Selic, situada hoje no patamar mais baixo desde o início da série histórica, em 1996: 4,25% ao ano. Além disso, a inflação novamente deve ficar abaixo da meta de 4,25%. Outro ponto é a dívida pública brasileira em relação ao PIB, que está em queda e deve atingir 77,3%, em vez dos planejados 80,3% para 2019”, sustenta o analista. “Avançamos em 2019, mas precisamos continuar neste caminho para combater a ineficiência estatal em todos os níveis, reduzir o inchaço da máquina pública e continuar a combater a corrupção que ainda assola o nosso país. É necessário, ainda, facilitar o investimento privado nacional e estrangeiro na infraestrutura, reduzir a intervenção estatal, desburocratizar, desregulamentar e intensificar a privatização das empresas estatais, abrir o nosso mercado e garantir segurança jurídica aos investidores”, enfatiza Hoffrichter, complementando seu ponto de vista.
AÇO: EXPECTATIVA DE RETOMADA
Verdade seja dita, tanto o discurso de Jair Bolsonaro no almoço da FIESP, quanto a opinião de especialistas como o diretor da AHK Paraná, são, no mínimo, instigantes e motivadores. Porém, ambos dão brechas para a análise de algumas dissonâncias no que diz respeito à realidade que se vive atualmente no setor produtivo brasileiro, como é o caso da siderurgia nacional. Haja vista o fato de que o desempenho da economia em 2019 frustrou as expectativas deste, fazendo com que a esperada retomada do crescimento não ocorresse na velocidade e intensidade desejadas. Mercado interno deprimido no primeiro semestre, mercado externo em turbulência associado aos problemas enfrentados no abastecimento de minério de ferro, devido à tragédia de Brumadinho, foram alguns dos fatores que levaram a indústria brasileira do aço a apresentar resultados abaixo das previsões.
Os números finais do Instituto para este ano mostram queda nas vendas internas em 2,2% em relação a 2018, somando 18,5 milhões de toneladas, e de 2,7% no consumo aparente, que atingiu 20,6 milhões de toneladas. No tocante à produção, a indústria brasileira do aço teve uma queda de 8,7%, somando 26,1 milhões de toneladas este ano. As importações caíram 1,9% em relação a 2018, totalizando 2,3 Mt e as exportações cairam 8,1%, atingindo 12,8 Mt.
Enquanto isso, os dados do Instituto Nacional dos Distribuidores de Aço (Inda) destaca, entre outros resultados de impacto, que os distribuidores brasileiros da liga metálica compraram nas siderúrgicas 291,2 Mt de aço plano em dezembro de 2019, performando uma alta de 47,9% em relação ao mesmo mês do ano passado e, ao mesmo tempo, registrando um aumento de 4%. Do outro lado, no que tange às vendas do setor, segundo Carlos Loureiro, presidente da entidade, as vendas da rede de distribuição no ano passado somaram 3,392 Mt, cravando um aumento de 9,6% em relação ao volume de 2018. “Nossas projeções são de que as vendas de aço da rede cresçam 5%, para 3,56 Mt em 2020. E o impulso deverá vir principalmente do setor automotivo e da construção civil”, afirma Loureiro.
A seu turno, o Sindicato Nacional da Indústria de Trefilação e Laminação de Metais Ferrosos (SICETEL) e a Associação Brasileira da Indústria Processadora de Aço (ABIMETAL) expõe certo nível de frustração quanto ao ano que passou. “O setor sidero/metalúrgico tinha perspectivas muito boas para o ano de 2019, assim como a maioria dos agentes econômicos, que não se concretizaram por diversos fatores que acabaram inibindo uma reação necessária à indústria brasileira”, avalia Ricardo Martins, presidente de ambas as entidades, dizendo ainda que, no balanço anual do segmento, os números ficaram abaixo do crescimento do PIB, contabilizando um crescimento de apenas 1,5% sobre o ano anterior.
Com isso, os setores cobertos pelo SICETEL/ABIMETAL trabalham com aquele “otimismo cauteloso” – velho conhecido do empresariado brasileiro – no que diz respeito às suas projeções para 2020. E a boa notícia é que, em janeiro deste ano, todos os segmentos apresentaram resultados maiores em relação a dezembro/2019. Com isso, o setor espera crescer entre 2% e 2,5% no ano de 2020. “Vale destacar que uma importante parcela da nossa produção está voltada para o setor da construção civil, que apresenta números bastante positivos. Além disso, as bases para um crescimento sustentável estão muito mais sólidas do que em anos anteriores, fazendo com que os indicadores macroeconômicos atuais justifiquem nossa expectativa”, detalha Martins.
Tudo isso junto deixa muito claro a forte expectativa de retomada que inspira a cadeia do aço neste ano que se inicia. E boas perspectivas também vêm sob a forma de amostragem e análises de algumas ferramentas de informação e sinalização colocadas à disposição do setor, como é o caso do Índice de Confiança da Indústria do Aço (ICIA), criado e atualizado mensalmente pelo Instituto Aço Brasil, que, ainda no mês de novembro de 2019, atingiu 62,2 pontos, o maior patamar desde abril, quando o indicador começou a ser apurado. Já o ICIA para que avalia projeções para os próximos seis meses ficou em 68,8 pontos, o que aponta forte otimismo dos empresários do setor sobre o futuro. Caso tais expectativas se materializem, a produção de aço em 2020 deve crescer 5,3%, chegando a 34,2 milhões de toneladas, enquanto as vendas internas devem ter aumento de 5,1%, somando 19,4 Mt. Já o consumo interno tem estimativa de crescimento de 5,2%, com volume de 21,8 Mt.
“Esse otimismo se baseia no fato de que a política econômica do governo vem assegurando as condições necessárias para que se tenha uma retomada do crescimento de forma sustentada. A aposta na construção civil, até então estagnada; a expectativa da retomada das obras de infraestrutura, e uma maior participação da indústria nacional no setor de óleo e gás e energia renovável, consolidam essa percepção”, avalia Marco Polo de Mello Lopes, presidente executivo do Instituto Aço Brasil.
Mas, como sempre, existem alguns fatores condicionantes, sendo o principal a necessidade absoluta de a indústria brasileira do aço incrementar suas exportações para melhorar o grau de utilização de sua capacidade instalada, hoje ancorada em 64%, um nível considerado extremamente baixo pelas siderúrgicas. “Para tanto, o chamado custo Brasil – agora oficialmente mensurado pelo governo –precisa ser corrigido, como também removidas as barreiras impostas às nossas exportações”, sublinha o presidente do Instituto Aço Brasil.
Vale lembrar que no que diz respeito a essa última demanda, um post no Twitter do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, no dia 2 de dezembro passado, dando conta de que aquele país voltaria a sobretaxar as exportações brasileiras de aço e alumínio, no âmbito da famigerada Seção 232, deixou o setor siderúrgico brasileiro de cabelo em pé. Embora o conteúdo da mensagem na rede social tenha sido neutralizado já no dia 20 do mesmo mês, garantindo que as tarifas não seriam impostas, por meio de várias entrevistas concedidas à Imprensa pelo presidente Jair Bolsonaro – segundo consta, após uma conversa telefônica mantida por ele com o colega norte-americano –, é inegável que, em função do vai-e-volta das decisões de Trump, certo nível de receio de que ele volte novamente atrás ainda persiste como um fantasma a assombrar o setor brasileiro de produção de ambas essas ligas metálicas. Em outras palavras, vamos esperar para ver. Ou melhor, para “não” ver.
AUTOMOTIVO: COMEMORANDO A RECUPERAÇÃO
Enquanto isso, um dos mais importantes clientes das usinas de aço brasileiras – o setor automotivo – apresenta balanço positivo de suas operações no ano passado, e projeta um 2020 com mais crescimento em produção e vendas. Segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), os números do fechamento de 2019 marcam o terceiro ano consecutivo de recuperação nos volumes de vendas e produção dessa indústria.
O ano fechou com recorde de licenciamentos de autoveículos no último mês do ano passado (262,6 mil unidades), melhor resultado mensal desde os 370 mil registrado em dezembro de 2014. Foi também a melhor média diária de vendas em seis anos, com 13.173 unidades. Com essa forte reação no segundo semestre, o Brasil encerrou 2019 com 2,57 milhões de autoveículos licenciados, o que deve levar o país a saltar da oitava para a sexta posição no ranking global, superando França e Reino Unido. Os números de fechamento dos outros países ainda são provisórios, mas tudo indica que o Brasil só ficará atrás de mercados como China, Estados Unidos, Japão, Alemanha e Índia.
No comparativo com 2018, o licenciamento de autoveículos em 2019 registrou aumento de 8,6%. Com isso, o mercado interno foi o grande responsável pelo crescimento de 2,3% na produção acumulada do ano, apesar da baixa de 31,9% nas exportações provocada pela aguda crise argentina. “Devemos comemorar esses números, que mostram uma consistente recuperação do setor pelo terceiro ano consecutivo”, afirma Luiz Carlos Moraes, presidente da Anfavea.
Já o segmento de caminhões foi o principal destaque positivo, com alta de 33,2% nos emplacamentos e de 7,5% na produção. Os ônibus também apresentaram forte recuperação – crescimento de 38,8%. Já o setor de máquinas agrícolas e rodoviárias teve recuo de 8,4% nas vendas e de 19,1% na produção, com alta de 1,5% nas exportações.
A Anfavea divulgou também suas projeções para 2020, com moderado otimismo em relação ao desempenho da indústria automobilística. Suas estimativas para o setor preveem aumento de 9,4% no licenciamento de autoveículos, índice maior que o de 2019, e mais relevante ainda dada a maior base de comparação do ano anterior. “Todos os indicadores da economia brasileira apontam para um ano de recuperação mais robusta: alta de 2,5% no PIB em 2020, inflação controlada, emprego em leve recuperação, juros mais baixos e maior confiança do consumidor”, justifica Moraes. Com esse aquecimento do mercado interno, a indústria automobilística espera produzir 7,3% mais veículos que em 2019, mesmo com uma retração nas exportações estimada em 11%.
“São números mais animadores que os do ano passado, mas ainda insuficientes para que retomemos os picos de vendas e produção verificados um pouco antes da grave crise de 2014 a 2016. O Brasil está no sentido correto das reformas estruturais e do saneamento da máquina pública, mas precisa ser ainda mais ambicioso no sentido de avançar nas reformas e privatizações, e sobretudo no ataque ao Custo Brasil. Só teremos uma recuperação duradoura quando o país eliminar os gargalos tributários, logísticos e burocráticos que prejudicam toda a indústria”, conclui o presidente da Anfavea.
Também em linha com esses resultados, o balanço final das vendas de veículos no mercado brasileiro, em 2019, confirmou as projeções feitas pela Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (FENABRAVE), com alta acumulada de 10,48%, no ano, somando 4.036.303 unidades, ante às 3.653.297 registradas em 2018. Em tempo: esse volume considera todos os segmentos somados, ou seja, automóveis, comerciais leves, caminhões, ônibus, motocicletas, implementos rodoviários e outros veículos. Ainda de acordo com os dados da FENABRAVE, as vendas de automóveis e comerciais leves apresentaram crescimento de 7,65%, no acumulado de 2019, sobre 2018. Ao todo, foram emplacadas 2.658.927 unidades, contra 2.470.005, no ano anterior.
Na análise do presidente da entidade, Alarico Assumpção Júnior, algumas circunstâncias positivas influenciaram, diretamente, no resultado do ano. “Iniciamos 2019 com boas perspectivas para o setor, e, mês a mês, observamos a consolidação da recuperação das vendas. Esse desempenho positivo se deve a alguns fatores econômicos, como taxa de juros menores e à queda nos índices de inadimplência e de desemprego, o que refletiu, diretamente, no aumento da confiança do consumidor e, também, do empresário brasileiro. Esse cenário impulsionou a oferta de crédito, o que deve continuar em 2020, por isso, confiamos em um novo ciclo de crescimento, ainda que moderado”, argumenta ele, listando, ainda, outros influenciadores para a conquista desse resultado, tais como a queda na taxa de juros e a manutenção do índice de inadimplência, dentro dos parâmetros aceitáveis, que motivaram a confiança das instituições financeiras em ampliar a oferta de crédito, impulsionando as vendas nesses segmentos.
No que tange às previsões para 2020, com a estabilidade econômica, a expectativa de crescimento do PIB, que devem gerar mais empregos e crédito à população, a FENABRAVE acredita em um novo ciclo de crescimento das vendas de veículos para 2020, e projeta alta de 9,67% para o setor, em geral, sobre os resultados obtidos em 2019, devendo ultrapassar 4,3 milhões de unidades. “Contamos com fatores essenciais para o crescimento das vendas de veículos. Por isso, podemos manter uma visão otimista para 2020”, reafirmou Assumpção Júnior.
IMPORTADOS: ABAIXO DAS PREVISÕES
Por sua vez, com licenciamento de 34.597 unidades, as 15 marcas filiadas à Associação Brasileira das Empresas Importadoras e Fabricantes de Veículos Automotores (Abeifa) anotaram em 2019 queda de 7,9% ante igual período de 2018, quando foram vendidas 37.582 unidades importadas. A totalização anualizada de automóveis e comerciais leves importados ficou abaixo da previsão da entidade que havia sinalizado inicialmente 50 mil unidades para 2019 e depois revista para 40 mil unidades. “Infelizmente, terminamos o ano com quase 8% abaixo dos números de 2018. No segundo ano sem os 30 pontos percentuais adicionais no IPI, do Programa Inovar-Auto, vislumbrávamos obter uma recuperação mais sólida, mais consistente. Mas, desta vez, a persistente alta do dólar inibiu os nossos negócios, em especial no segundo semestre do ano passado”, argumenta José Luiz Gandini, presidente da entidade.
Para 2020, ainda de acordo com Gandini, a Abeifa estima emplacar, entre importados e produção nacional, 90 mil unidades, crescimento de 33% sobre os dados de emplacamentos de 2019. “Em princípio, nossa primeira projeção pode parecer otimista demais, diante das estimativas já anunciadas pela indústria e pelo setor de distribuição, na casa de 10%. Em nosso caso, porém, o porcentual de crescimento é maior por conta da demanda reprimida de 2019, ano em que o dólar flutuou na média mais próximo aos R$ 4,00. Com o dólar acima dos R$ 4,20, 2020 não será um bom ano para os importados. Porém, se a economia reagir e acreditando num reposicionamento da cotação do dólar, poderemos ter um bom ano inclusive para os veículos importados”, argumenta Gandini.
Enquanto isso, de acordo com o Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores (Sindipeças) e com a Associação Brasileira da Indústria de Autopeças (Abipeças), após registrar um desempenho positivo de 10,4% em seu faturamento líquido nominal no primeiro semestre de 2019, em relação à igual período de 2018, a indústria brasileira de autopeças fechou 2019 batendo a cifra de R$ 144,1 bilhões, o que representou um crescimento estimado de 5,1% em relação aos resultados ante ao acumulado dos 12 meses anteriores.
“Em 2019, pelo terceiro ano consecutivo, registramos crescimento, após a severa crise econômica de 2014 a 2016. Segundo nossas estimativas, a indústria brasileira de autopeças obteve faturamento nominal de R$ 144,1 bilhões, 5,1% maior que o de 2018. Já no caso das exportações, que atingiram US$ 7,2 bilhões, houve um recuo de 9% em relação a 2018, devido aos problemas que atingiram a Argentina, principal parceiro comercial do Brasil no setor automotivo”, afirma Dan Ioschpe, presidente de ambas as entidades. “Para 2020, nossas projeções indicam faturamento de cerca de R$ 148,5 bilhões, 3% a mais que em 2019. Deve-se registrar crescimento nas vendas para montadoras, intrassetoriais (um fabricantes de autopeças vendendo para outro), para o mercado de reposição e também nas exportações. Na economia em geral, esperamos aceleração do crescimento, o que será muito importante para toda a nossa atividade”, complementa.
ÔNIBUS: RECUPERAÇÃO CONFIRMADA
O cenário político e econômico desenhado ao final de 2018 com a eleição de um novo presidente, se por um lado dava certo ânimo ao mercado em geral, também trazia na bagagem algumas inseguranças quanto ao mercado de carrocerias de ônibus. “Esperava-se um crescimento já nos primeiros meses de governo o que se confirmou”, assegura Ruben Bisi, diretor Sindicato Interestadual da Indústria de Materiais e Equipamentos Ferroviários e Rodoviários (SIMEFRE).
Segundo ele, no acumulado de janeiro a outubro de 2019 se produziu 10,7% mais carrocerias para ônibus frente ao mesmo período de 2018. A produção para o mercado de exportação teve um decréscimo de 19,9% nesse período, mas foi a demanda do mercado interno que respondeu por boa parte deste crescimento (21,8%). Considerando o mercado interno, em termos de segmentos específicos os urbanos tiveram um incremento de 3019 unidades e 46,9% frente ao ano anterior. Rodoviários tiveram incremento de 7,4%, intermunicipais decréscimo de 10,5% e micros decréscimo de 13,3% no período.
MOTOCICLETAS: CRESCIMENTO ACIMA DE 6%
O ano de 2019 também foi considerado de evolução no mercado nacional de motocicletas. Segundo Hilário Kobayashi, diretor do SIMEFRE, no total, as fábricas do Polo Industrial de Manaus (PIM) – onde estão instaladas as fabricantes que atendem a 98% do mercado brasileiro – devem fechar 2019 com a produção de 1.105.000 unidades, correspondendo a um crescimento de 6,6% sobre 2018. As vendas no varejo fecharão em algo como 1.043.000 unidades, crescendo 10,9% sobre 2018, enquanto as exportações deverão cair 40,5%, passando de 57.131 unidades (2018) para aproximadamente 34.000 unidades (2019). Por sua vez, as exportações sentiram o impacto da crise econômica na Argentina, historicamente o principal destino das exportações nacionais. A queda, que começou a ser sentida em 2018, foi ainda mais acentuada em 2019. No acumulado de janeiro a outubro de 2019 foram exportadas 32.284 motocicletas no total pelo Brasil, ante 61.491 unidades em 2018, o que significou uma queda de 47,5%.
As expectativas positivas também estão na projeção para o próximo ano. “Os macro indicadores econômicos são favoráveis ao crescimento econômico para o ano de 2020. O PIB tende a crescer acima de 2%, inflação e juros seguem sob controle com tendência de queda para este último ainda no final de 2019. Em termos do segmento de ônibus deve haver um incremento de aproximadamente 1000 unidades entre esses dois segmentos no ano de 2020”, avalia Bisi.
De maneira geral, Kobayashi acredita que o mercado siga aquecido até o final de 2020, em função de fatores sazonais, como o pagamento do 13º salário e a chegada do verão, além do lançamento de novos modelos durante do Salão Duas Rodas, que aconteceu entre 19 a 24 de novembro, no São Paulo Expo, em São Paulo/SP. “O que se observa é a motocicleta sendo utilizada cada vez mais como alternativa para a mobilidade flexível, econômica e eficiente nas cidades brasileiras, além de possibilitar a geração de renda para seu condutor”, analisa o diretor do SIMEFRE.
BICICLETAS: FORÇA NO PEDAL
Depois de quatro anos de declínio, as fabricantes de bicicletas instaladas no Polo Industrial de Manaus produziram 773.641 unidades em 2018, volume 15,9% superior ao registrado no ano anterior (667.363 unidades). Esse resultado, segundo Cyro Gazola, vice-presidente do SIMEFRE e também da Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares (Abraciclo), levou o segmento a projetar um crescimento de 10,8% na produção de 2019, devendo chegar a 857.000 unidades.
Gazola explica que em relação à mobilidade urbana, os patinetes surgiram para auxiliar nos deslocamentos em curtos trajetos, caracterizando o que se passou a denominar como “micromobilidade”. “A bicicleta, no entanto, também é uma opção para os curtos trajetos em cidades com infraestrutura adequada. Atualmente, empresas de compartilhamento atendem a população nas duas modalidades e, com isso, pode-se afirmar que ambas as opções auxiliam na mobilidade urbana de acordo com a necessidade de cada usuário”, sublinha.
Acompanhando o crescimento nas vendas de bicicletas, na comparação com o mesmo período de 2018, o setor de partes e peças para esses produtos também cresceu robustos 9,5%. Segundo Auro Levorin, diretor do SIMEFRE, o resultado representa uma evolução consistente desde a forte queda após a crise de 2014, embora ressalve que a indústria nacional não capturou todo este crescimento, pois parte dele foi direcionado para os produtos importados que tiveram expressivo crescimento.
Para 2020, as expectativas do setor de partes e peças são boas, assegura o diretor do SIMEFRE, atreladas às previsões de avanço da economia, que deverão levantar a demanda de bicicletas, desta vez de forma constante. “Esperamos ver a continuidade da tendência de crescimento verificada este ano. Já a participação da indústria nacional neste crescimento tende a ser menor, em função que boa parte deste desempenho ser capturado pelas importações”, projeta Levorin.
IMPLEMENTOS RODOVIÁRIOS: DEIXANDO A CRISE PARA TRÁS
Os números do mercado de implementos rodoviários ficaram acima das expectativas. A afirmação é do vice-presidente SIMEFRE, Alcides Braga. Ele explica que embora ainda abaixo dos números de 2012/2013, é um bom sinal de recuperação da economia. “Devemos fechar o ano com 115 mil unidades emplacadas, um crescimento de 25% sobre o ano de 2018. Mas não se trata de crescimento e, sim, de recuperação de perdas. “O segmento pesado já está em um patamar próximo do histórico, todavia a linha leve, que andou de lado esses anos, tem potencial de crescimento percentual maior, pois reage ao crescimento do PIB e do emprego”, faz questão de ressaltar.
Braga lembra ainda que o negócios ligados ao setor agro foram fundamentais para essa recuperação. “Os governos que decidem fazer reformas precisam de mais tempo para serem avaliados. A economia tem reagido de forma gradual ajudando na consolidação da recuperação. Toda queda é rápida enquanto o crescimento é sempre mais lento. Mas estamos otimistas para 2020 e projetamos um crescimento de dois dígitos, atingindo a recuperação do mercado que tínhamos nos anos anteriores à crise de 2014 a 2017”, projeta, dizendo acreditar que o agronegócio e a construção civil serão dínamos do setor no ano que se inicia.
INDÚSTRIA FERROVIÁRIA: RECORDE DE OCIOSIDADE
A seu turno, o balanço da atividade da indústria ferroviária em 2019 não foi nada alentador. Segundo Vicente Abate, diretor do SIMEFRE e presidente da Associação Brasileira da Indústria Ferroviária (ABIFER), o volume de vagões de carga a ser entregue em 2019 deverá situar-se abaixo das mil unidades (contra 2.566 vagões em 2018). Serão apenas 34 locomotivas (contra 64 em 2018), cinco exportadas para o Chile. E 104 carros de passageiros (contra 312 carros em 2018), sendo 80 também para o Chile. “A ociosidade da indústria ferroviária encontra-se perto de dramáticos 90%, com poucas possibilidades de ser melhorada no curto prazo”, informa.
Na área de passageiros, a indústria completou seis anos sem qualquer encomenda significativa no mercado doméstico – foram apenas 48 carros fabricados no Brasil para a SuperVia, além de 64 importados pela CPTM –, sobrevivendo hoje de algumas exportações. “Espera-se, entretanto, que a encomenda dos equipamentos para a Linha 17 – Ouro do Metrô SP, recém-licitados, seja confirmada para a indústria nacional”, pontua Massimo Giavina-Bianchi, vice-presidente do SIMEFRE e membro do Conselho da ABIFER. Para 2020 as entidades aguardam as licitações para 34 trens da CPTM e 44 trens do Metrô SP. Mas um fator preocupante persiste: Os estados têm aplicado a imunidade tributária na importação, levando a uma concorrência injusta com o produto nacional, suprimindo empregos e renda no Brasil. Em outras palavras, estão preterindo o nacional, com ampla base instalada, de melhor qualidade e mão de obra qualificada, em favor do estrangeiro, de pior qualidade e inexistência de assistência técnica ou materiais de reposição”, avalia Giavina-Bianchi.
Já na área de carga, o Tribunal de Contas da União (TCU) aprovou, em reunião plenária de 27 de novembro, o Acórdão para a renovação antecipada da Rumo Malha Paulista, que se tornará paradigma para as demais concessões. “Com isso, o volume de vagões poderá se elevar para cerca de 2 mil unidades em 2020. As locomotivas, porém, continuarão com volume baixo, de apenas 40 unidades. A quantidade de carros de passageiros será de somente 126 unidades, sendo quase 70% delas destinadas para exportação ao Chile”, informa Abate.
O ano de 2020 será, sob todos os aspectos, um divisor de águas para a indústria ferroviária nacional, com a realização de volumes maiores de veículos, componentes e materiais para via permanente, a partir de 2021/22. “Acreditamos e confiamos na aprovação de todas as renovações antecipadas, nas expansões das vias ferroviárias de carga e de passageiros e no bom senso das autoridades de governo em preservar a indústria ferroviária instalada no País, sob pena de continuarmos a operação de desmonte desta importante indústria, com perda ainda maior de mão de obra qualificada”, conclui Abate.
MÁQUINAS & EQUIPAMENTOS: INVESTIMENTOS EM ALTA
Na visão da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (ABIMAQ) e do Sindicato Nacional da Indústria de Máquinas (SINDIMAQ), em 2019, o bom desempenho das vendas no mercado doméstico foi determinante para a manutenção do patamar positivo do setor em relação a 2018. A melhora nas vendas de bens sob encomenda, notadamente para celulose e consumo, foram preponderantes para este crescimento desse mercado. Pelo lado das exportações, que tiveram papel fundamental no desempenho das vendas do setor em 2018, apresentaram resultados mais enxutos em 2019, mesmo diante de um câmbio competitivo.
A melhora no resultado anual, foi a combinação dos aumentos nas vendas ao mercado interno e o aumento da entrada dos produtos importados, sendo esse último a maior responsável por esse aumento, uma vez que detêm 63% de participação do mercado. Fato notável é que, em 2019 registrou-se a redução das exportações em quase todos os setores fabricantes de máquinas e equipamentos. Houve crescimento apenas nas vendas de “Componentes”, que passaram a representar mais de um quarto das exportações da indústria de máquinas e equipamentos (27,4%).
“Temos certeza que 2020 será melhor que 2019, os nossos números demonstram isso. E se eles não bastassem, baseando-se na pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI), 57% dos empresários brasileiros já consideram que o ambiente de hoje (2020) é muito mais seguro para tomar decisões de negócios e investimentos que em dezembro de 2018. Mas o mais significativo da pesquisa é que 84% dos empresários industriais pretendem investir nos seus negócios em 2020. E esse é o maior índice dos últimos cinco anos”, destaca João Carlos Marchesan, presidente do Conselho de Administração da ABIMAQ/SINDIMAQ.
CONSTRUÇÃO CIVIL: EDIFICANDO A CONFIANÇA
A Sondagem da Construção Civil de dezembro, recém-divulgada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), com apoio da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), indica que os empresários da construção permanecem confiantes com a melhora das condições atuais da economia brasileira e otimistas com as suas atividades para os próximos seis meses. O Índice de Confiança do Empresário da Indústria da Construção (ICEI-Construção) subiu 0,9 ponto em relação a dezembro de 2019 e atingiu 64 pontos neste mês, o maior nível desde dezembro de 2010. O indicador está 10,2 pontos acima da média histórica.
O cenário econômico favorável, com juros baixos e inflação controlada, estimula as pessoas a fazerem a obra que estava sendo adiada ou comprar um imóvel. Isso aumenta a demanda por serviços da construção e tem impacto na propensão dos empresários para investir. Apesar disso, a economista do Banco de Dados da CBIC, Ieda Maria Pereira Vasconcelos, alerta que, em 2019, o setor não estava conseguindo contratar no âmbito do programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV), e que essas dificuldades podem ser refletidas no desempenho do setor em 2020 e na aguardada retomada de atividades. “É preciso que haja uma definição da política de habitação de interesse social para que o setor possa, enfim, caminhar tranquilamente com as suas atividades, gerando emprego e renda para o pais”, afirma Vasconcelos.
Segundo as estimativas do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo (SindusCon-SP), o PIB da construção cresceu 2% em 2019, com um aumento no número de empregados da ordem de 1,8%, atingindo um total de 2,3 milhões de trabalhadores. O segmento que mais cresceu foi o de autoconstrução e reformas, alimentado principalmente pelo aumento do consumo das famílias que resultou em elevações da produção e das vendas de materiais da construção.
“Projetamos que o PIB deste segmento específico deva apresentar em 2020 uma elevação de 3%, seguido de serviços especializados como engenharia de projetos e arquitetura (+2,5%) e infraestrutura (+1%). O setor de edificações ainda não deve apresentar crescimento no cômputo geral do país”, destacou Odair Senra, presidente do SindusCon-SP, em recente entrevista portal UOL, ressalvando, entretanto, que esse resultado ainda está anos-luz dos níveis de crescimento performados pela construção civil entre 2006 e 2012, período este em tal evolução atingiu incríveis 62%, para cair 30% no período posterior entre os anos de 2013 a 2018.
Para Senra, um reforço em parte do Programa Minha Casa Minha Vida também poderia ajudar a construção civil a acelerar ainda mais o passo. “Os recursos destinados à contratação de novas moradias no Orçamento da União para 2020 são tão escassos que possivelmente só serão liberados para situações excepcionais, como, por exemplo, famílias de baixa renda que perderem suas casas em catástrofes”, destaca o presidente do SindusCon-SP na entrevista ao UOL.
Anunciados no dia 13 de fevereiro, os dados do Balanço do Mercado Imobiliário 2019 da Capital e Região Metropolitana de São Paulo do Sindicato da Habitação (Secovi-SP), maior sindicato do mercado imobiliário da América Latina, demonstraram que os resultados de lançamentos e vendas imobiliários em 2019 foram positivos, embora continuem inspirando algumas “calibrações” no mercado, notadamente no que diz respeito à a Lei de Zoneamento da Capital.
De acordo com as informações da Empresa Brasileira de Estudos de Patrimônio (Embraesp), no ano de 2019 foram lançadas na cidade de São Paulo 55,5 mil unidades residenciais, volume 49,6% superior às 37,1 mil unidades lançadas em 2018. Desse total, 44,7 mil unidades residenciais novas na cidade de São Paulo foram comercializadas em 2019. Esse recorde de vendas é 49,5% superior às 29,9 mil unidades vendidas em 2018, e pode ser explicado, segundo o Secovi-SP principalmente pelo atendimento à demanda reprimida nos anos de crise econômica do País (2014 a 2017).
Esse expressivo crescimento deve-se, principalmente, pelo aumento dos lançamentos de unidades econômicas e compactas, com destaque para as regiões periféricas da cidade. “Esse percentual de 66% de imóveis com menos de 45 m² está muito acima da média histórica, que é de 25%”, observa Basilio Jafet, presidente do Secovi-SP, completando que essa predominância de produtos com as mesmas tipologias pode trazer riscos futuros, além de limitar a escolha do consumidor.
Outro aspecto que merece destaque é que essas unidades compactas estão concentradas nos Eixos de Estruturação. As restrições da Lei de Zoneamento impõem ao incorporador imobiliário a redução do tamanho das unidades lançadas nessas áreas da cidade, que correspondem a menos de 4% do município, e que ficam ainda mais reduzidas quando se consideram as limitações ambientais, de tombamentos e de áreas já edificadas. Além disso, o uso de cota-parte do terreno nessas áreas é limitado. “O correto seria utilizar outros parâmetros, com aumento do Coeficiente de Aproveitamento e da própria cota-parte do terreno, que deveria ser ao menos 30, mas hoje está estabelecida em 20”, defende Emilio Kallas, vice-presidente de Incorporação e Terrenos Urbanos do Secovi-SP. “Em 15 anos, a média de imóveis lançados para esse público foi de 24 mil imóveis. E em 2019, foram lançadas pouco mais de 18 mil unidades para essa demanda, uma queda de 22%. “Para 2020, nossa expectativa é de que o mercado imobiliário repita o bom desempenho de lançamentos e vendas de 2019, com crescimento de 10% em termos de Valor Global de Venda, o VGV”, conclui Jafet.
ELETRÔNICOS: “CHOQUE DE BOAS PERSPECTIVAS
Os dados da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee) são preliminares, mas indicam que o faturamento da indústria eletroeletrônica deverá atingir R$ 154,0 bilhões no ano de 2019, com crescimento nominal de 5% na comparação com o realizado em 2018 (R$ 146,1 bilhões). Em termos reais, não haverá incremento dado que a inflação do setor também ficará em 5%, conforme Índice de Preços ao Produtor (IPP), do IBGE. A produção de bens do setor em 2019 deverá permanecer no mesmo nível do ano passado, enquanto que a utilização da capacidade instalada mostrou pequeno acréscimo, devendo passar dos 74% registrados em 2018, para os 75% em 2019.
As exportações pouco contribuíram para a atividade da indústria eletroeletrônica uma vez que deverão cair 5% neste ano em relação a 2018, passando de US$ 5,9 bilhões para US$ 5,6 bilhões. Essa queda está ocorrendo especialmente para os países da Aladi (-15%), com destaque para a retração das exportações para a Argentina (-24%) e também para a União Europeia (-27%). Em conjunto, esses blocos deverão diminuir para 54% o total contabilizado em 2019.
Com a melhora da economia, o setor eletroeletrônico poderá mostrar um crescimento mais robusto em 2020. Conforme sondagem realizada com os associados da Abinee, 76% das empresas estão projetando crescimento nas vendas/encomendas para 2020 em relação a 2019; 21%, estabilidade e apenas 3%, queda. Complementarmente, o Índice de Confiança do Empresário Industrial (ICEI) do setor eletroeletrônico atingiu 64 pontos no mês de janeiro de 2020, registrando 0,7 ponto acima do resultado apontado no final do ano passado (63,3 pontos). Segundo os dados da Confederação Nacional da Indústria (CNI), agregados pela Abinee, este foi o maior resultado desde janeiro do ano passado (65,1 pontos). A melhora do ICEI ocorreu na área eletrônica, que subiu de 58,5 para 63,5 pontos, uma vez que a na área elétrica, o índice caiu de 67,8 para 64,5 pontos, comparados ao mês imediatamente anterior. “Esse resultado positivo da área eletrônica indica que iniciamos o ano de 2020 com uma nítida melhora e um espírito de confiança”, diz o presidente da Abinee, Humberto Barbato, esclarecendo que o ICEI mais baixo no setor elétrico se deve a não retomada dos investimentos em infraestrutura, seja nas indústrias, seja nas grandes obras.
Com isso, a perspectiva de que, em 2020, aconteça crescimento de 8% no faturamento do setor eletroeletrônico, fazendo-o alcançar a marca dos R$ 166 bilhões. Também é prevista elevação de 3% na produção, e consequentemente, aumento da mão de obra empregada no setor, que passará de 235 mil no final de 2019, para 239 mil no final de 2020. Já as exportações deverão crescer 4%, enquanto as importações deverão aumentar 11%, como reflexo da própria ampliação do mercado.