A produção continua crescendo e a queda anula poderá ser menor do que a prevista inicialmente.
Conforme dados apresentados pelo Instituto Aço Brasil- IABr, a produção nacional de produtos siderúrgicos- aço bruto – aumentou 4,2% na comparação com o mês de julho, mas o consumo aparente de aço caiu 2,1%. Esta queda de consumo aparente foi creditada em parte, à queda das importações de 11,1% no mesmo período. Com a desvalorização do real frente ao dólar não há porque importar, a não ser os tipos de aços não fabricados por aqui.
Se considerarmos os primeiros oito meses do ano a produção de aço bruto foi de 19,8 milhões de toneladas, o que representa uma queda de 11,6% em relação a 2019. A produção de laminados no mesmo período foi de 13,5 milhões de toneladas, com queda de 11,9% em relação ao registrado a 2019.
Os semiacabados totalizaram 5,4 milhões de toneladas, uma retração de 8,0% na mesma base de comparação.
Tudo isto reflete os meses de abril e maio que tiveram uma interrupção de quase 80% na capacidade de produção. Há ainda vários equipamentos desligados nas usinas e processadoras espalhadas pelo Brasil. Há alguns dias a Usiminas religou seu Alto Forno e agora a ArcelorMittal confirma que em outubro será religado o Alto Forno 3 na usina de Tubarão – ES.
Com respeito às vendas internas, após animadora recuperação nos meses de maio, junho e julho, em agosto observamos uma queda de 1,3% na comparação com o mês anterior, indicando uma certa acomodação do mercado em níveis pré COVID-19.
No acumulado estas vendas internas foram de 11,7 milhões de toneladas de janeiro a agosto de 2020, o que representa uma retração de 6,3% quando comparada com o apurado em igual período do ano anterior.
Segundo Marco Pollo de Mello Lopes “Apesar da melhoria das condições do mercado interno, a utilização da capacidade instalada do setor continua muito baixa, de apenas 63%”, disse o presidente executivo do Aço Brasil.
As exportações, que poderiam ajudar a reduzir a elevada ociosidade no setor, caíram 3,9% em relação ao mês de julho, devido à manutenção das condições adversas do mercado internacional, que tem hoje, um excedente de capacidade acima dos 400 milhões de toneladas.
Segundo Marco Pollo a melhora da indústria de transformação no Brasil, onde está inserida a indústria do aço, passa neste momento necessariamente pelo crescimento das exportações. Outro fator sempre lembrado é a recomposição do Reintegra que é a devolução de parte dos tributos na exportação e que segundo Marco Pollo contribuem para tornar nossos produtos com baixa competitividade no exterior . Este, hoje em 0,1%, precisa ser elevado para 3%, o que permitiria o ressarcimento parcial dos resíduos tributários, até que a reforma tributária, em discussão no Congresso, seja aprovada, e a cumulatividade dos impostos, presente no sistema atual, seja eliminada.
Na mesma data o Aço Brasil divulgou o Índice de Confiança da Indústria do Aço – ICIA do mês de setembro.
“O ICIA aumentou 1,4 ponto em setembro, frente ao mês anterior, atingindo 72,2 pontos. Após rápida recuperação da confiança dos empresários do setor nos últimos meses, o ICIA passa por relativa acomodação em patamares elevados: o maior nível da série desde janeiro deste ano.”, destacou Marco Polo.