Tecnologia e Construção Civil sempre caminharam lado a lado. E essa parceria deve se estreitar ainda mais no futuro, por meio do melhor acesso e aproveitamento das informações do Big Data.

Marcus Frediani

Historicamente, a construção civil sempre agiu como um forte motor da economia. Desde os tempos da Revolução Industrial – e mesmo antes desta – ela sempre foi terreno fértil na arte de dominar técnicas, ferramentas, materiais e equipamentos que possibilitaram à humanidade expandir fronteiras, melhorar a infraestrutura das cidades e a qualidade de vida da população. Isso tudo, é claro, sem falar nas grandiosas obras arquitetônicas que impressionam o mundo com suas belezas. E transportada para a realidade do século 21, o que vem despontando maior interesse nela vem sendo o aporte cada vez maior a dados e informações.

Verdade seja dita, porém, a Construção Civil é um setor que ainda não se conscientizou da quantidade de dados que produz. E, muitas vezes, essas informações estão concentradas nas maiores empresas, perpetuando um ciclo de domínio no mercado que impede as menores de crescer.

“Isso se dá, principalmente em função de uma questão cultural. Não só no canteiro de obras, como também no comércio, tudo é ainda muito artesanal. Profissionais, como pedreiros e mestres de obras, precisam ser mais qualificados e valorizados por sua profissão. Além disso, as informações dentro de uma obra não são tão integradas e isso dificulta o processo de mensuração de dados, ainda mais em um país de proporções continentais como o Brasil”, dá a pista Wanderson Leite, CEO da Prospecta Obras, empresa dona de um sistema de captação de obras, que, por meio de uma plataforma online exclusiva, fornece informações completas sobre todas as obras em andamento e a serem iniciadas em todas as regiões do país.

Contudo, embora isso ainda aconteça muito por aqui, a boa notícia é que, como acesso à informação, esse cenário pode mudar. E, por incrível que pareça, segundo Wanderson, a COVID-19 teve impacto positivo para turbinar essa virada de mesa. “Com ela nós reaprendemos alguns hábitos, como a nos comunicarmos de forma mais eficiente com nossos clientes via internet (redes sociais, WhatsApp, e-mail), algo que, antes, dependia muito dos meios convencionais de comunicação, tais como telefonemas e contatos pessoais, que, muitas vezes, exigiam grandes deslocamentos. Assim, a Construção Civil deu um salto enorme em relação à Transformação Digital, as empresas entenderam que precisam estar conectadas para mais bem exercer o seu papel. E, hoje, esse processo mais ágil já se torna um legado da pandemia no setor”, pontua.

AUMENTO DE PRODUTIVIDADE
E é assim que a tecnologia do Big Data – capaz de compilar uma grande quantidade de dados, gerar relatórios, criar estatísticas e fazer previsões – vem ganhando cada vez mais destaque na Construção Civil, alinhando e agilizando, por meio de alguns cliques no computador, diversos fatores que podem influenciar sua operação, tais como valores, prazos, quantidade de materiais disponível a pronta-entrega, condições de pagamento. Com mais informações e melhor acesso a elas, o setor se torna mais democrático para toda a cadeia, proporcionando um “ganha-ganha” que permitirá às empresas fecharem melhores negócios e acelerar a economia neste momento crucial de retomada.

“Outro aspecto interessante é que quando você tem informação correta, você tem menos desperdício. E quando há menos desperdício e você sabe exatamente o que tem que fazer, isso reflete em um aumento de produtividade. Em relação a orçamento também: quando o cliente precisa fazer um orçamento e consegue contatar as empresas de forma ágil, ele ganha produtividade e não perde tempo atrás dessas informações. Então, o uso do Big Data acaba reduzindo também os atrasos nas obras. Uma coisa está ligada a outra, porque quando você desperdiça um material ou precisa refazer um trabalho, você perdeu produtividade e a obra fatalmente vai atrasar”, explica o CEO da Prospecta Obras.

AÇO: “PUXADOR” DE DEMANDA
E se, por tudo isso, o Big Data surge como ferramenta primordial para conduzir a Construção Civil a um auspicioso estágio de conquista de novas oportunidades, legítimo também é pensar que a siderurgia pode e, efetivamente, vai desempenhar um papel de protagonismo cada vez maior no futuro do pós-pandemia, cristalizando o consenso que já existe entre usinas e distribuidores de aço, de que a dinâmica crescente de realização de obras irá “puxar” fortemente a demanda interna pelo produto nos próximos meses, em sintonia com a proposta de renascimento das cidades e da reinvenção dos espaços e dos centros urbanos no pós-COVID, considerando vários aspectos de valor.

“O setor do aço é, e sempre foi, um mercado muito forte. E, de fato, existe essa previsão de que o futuro da construção civil seja bastante apoiado pela utilização de aço nas obras, especialmente pelo menor prazo de execução, redução em até 30% do custo das fundações, maior organização do canteiro de obras, preservação do meio ambiente e liberdade no projeto arquitetônico. Trabalhamos com algumas empresas fabricantes desse material na Prospecta Obras. Já existe, sim, uma tendência da adoção de Big Data nas indústrias do setor, porque, além dos benefícios citados, ele ainda pode ajudar essas empresas a abrirem novas possibilidades à cadeia da Construção Civil, por meio ofertas e prazos de entrega mais atrativos. Então, a difusão e o acesso ao amplo acervo de dados e informações que ele é capaz de proporcionar irão contribuir para a acelerar cada vez mais a utilização do aço no setor”, conclui Wanderson Leite.