No início do mês de março, o Brasil, a exemplo da maioria dos países do mundo, começou a parar, fato que se tornou totalmente evidente em abril. Com exceção do agronegócio, praticamente todas as atividades da indústria, do comércio e do setor de serviços reduziram suas atividades aos níveis mais baixos de nossa história contemporânea.

O caos, definitivamente, se instalou. E, deixando de lado os antagonismos políticos, a verdade é que um quadro pintado com cores sombrias surgiu diante dos olhos estupefatos da nação, que mal começava a se reerguer de um passado nefasto não muito distante, “obra” de governos e políticas desastradas.

Houve muitas mudanças na sociedade, que adotou diversas “máscaras”, em conceito ampliado, não só para proteger a saúde dos brasileiros contra a pandemia do novo coronavírus, como também para tentar garantir a sobrevivência dos negócios. No rol de tais providências, nos acostumamos a assistir na Imprensa embates diários entre os defensores da Ciência e aqueles mais preocupados com o futuro da Economia, como se as duas vertentes pudessem ser dicotomizadas de maneira tão singela e em grau de importância no destino dos brasileiros.

Tediosas lives passaram a pulular nas telas de nossos computadores, tablets e smartphones, enquanto o home-office passou a ser deificado como solução magistral para aqueles que podiam ter a sorte de trabalhar no conforto de suas casas. Na mesma esteira vieram as videoconferências, ferramenta que, indubitavelmente se revelou prática e eficiente, embora tenha relegado muitas companhias aéreas e empresas de hospedagem ao redor do mundo a um cenário de incertezas, penúria e até mesmo de falência absoluta.

Mas tudo tem um momento para começar, e outro para acabar. E, felizmente, o mundo está assistindo atônito agora a nossa “retomada tupiniquim”. Aliás, aquilo que nosso ministro da Economia preconizou, talvez até na ânsia de injetar um pouco de otimismo, está realmente acontecendo.

As estatísticas não negam, e nós que acompanhamos alguns setores desde sempre, temos registrado recordes em cima de recordes a cada mês. As usinas de aço estão se apressando a religar todos os seus equipamentos. Hoje mesmo, quando redigíamos este Editorial, a ArcelorMittal divulgou oficialmente o reacendimento de seu Alto-Forno 3, acrescendo a produção de mais 2,8 milhões de toneladas/ano de aço ao mercado. O mesmo já havia acontecido com a Usiminas, quando a empresa retomou a produção de seu Alto-Forno 1, no final do mês de agosto. E, agora, a CSN informa que seu Alto-Forno 2 também voltará a operar com plena capacidade a partir de novembro. Chegamos até a uma situação em que os distribuidores de aço não têm produto para entregar, porque a demanda é muito maior do que a oferta, e as usinas não estão conseguindo repor os estoques na mesma velocidade do consumo.

O Boletim Focus do Banco Central, que é um termômetro da economia, acaba de reduzir novamente a previsão de queda do PIB nacional em 2020 para 4,81%, com expectativas de baixa ainda maior, quando esta, no pico da crise, chegou a ser projetada em menos 10%. E a mesma leitura se faz nas estatísticas da Anfavea, da Fenabrave, do Sindipeças e da Abimaq, só para ficar no âmbito das entidades que acompanhamos de perto.

Há muito mais a escrever e a relatar, mas sem querer colocar nenhum viés político fica um recado para os pessimistas de plantão: o Brasil está acordando. E isso é muito bom para todos nós.

Boa leitura!
Henrique Patria
Editor – henrique@grips.com.br