Às vezes, não precisamos falar nada, mas um sorriso fala muito mais, ou um franzir da testa denuncia uma dúvida, ou até mesmo uma cara estranha levanta a conotação de desprezo e irrelevância.

Shirley Fernandes*

O investimento na comunicação tem sido alvo das empresas que estão se destacando no mercado. A forma de como se comunicar, usando a tecnologia e metodologias ágeis focadas em resultados, é um pilar importante que sustenta a jornada das empresas para aumentar a performance e obter resultados.

Os profissionais atentos ao futuro e conectados com resultados têm investido e buscado desenvolver uma habilidade humana fundamental: a comunicação. O saber, o fazer e o ter resultados são excelentes, mas o diferencial é comunicar tudo isso de forma clara, objetiva e para o público certo.

Recentemente, uma pesquisa da Você S/A destacou que 87% dos funcionários demitidos tiveram como causa principal a falta de habilidades pessoais; somente 13% ocorreram por falta de competências técnicas. Isso é alarmante e um ponto de atenção.

Afinal, quais são essas habilidades que faltam e que trazem um índice tão alto?

Quando falamos em comunicação, ela permeia praticamente todas as 10 competências que um profissional diferenciado apresenta, segundo pesquisa publicada pela Exame.

A qualidade da nossa comunicação é de uma importância gigantesca, porém o desafio de como orquestrar a forma como passamos as informações e de como as recebemos é maior ainda.

A comunicação acelera o crescimento de um time, assim como pode comprometer resultados importantes e relevantes dentro das organizações. Nossa qualidade de comunicação nos coloca em diferentes patamares, tanto profissional quanto pessoal.


Divido aqui 4 principais formas de nos comunicarmos para que possamos avaliar e aumentar a nossa lente de atenção:
Comunicação verbal – é a mais primitiva, a mais usada e, infelizmente, a menos qualificada e pensada.
Por ser fácil falar, por ser natural, as pessoas não dimensionam os bônus e ônus de usar adequadamente esta comunicação.
Trazendo para um ambiente corporativo de liderança, a autorresponsabilidade da comunicação de um líder é fundamental para entregar aos liderados a luz necessária para acender e apagar em cada ação.

Comunicação verbal assertiva é sinônimo de menos ruídos, mais motivação e aumento de performance. É preciso estabelecer uma liberdade para que as perguntas possam ser feitas sem julgamentos.

Existe um bloqueio cultural das pessoas falarem que não entenderam, que não sabem, para não “comunicar” a percepção de outros, a falta de conhecimento momentânea, mas como diz o proverbio Chinês: “Quem pergunta é ignorante por 5 minutos; quem não pergunta é ignorante para sempre.”

A comunicação verbal é um desafio, as pessoas acham que explicaram e os outros acham que entenderam. É justamente nesse momento que começam os pequenos e progressivos erros e a morosidade nos processos nos departamentos das empresas. Na vida pessoal também não é diferente. Você diz algo e a pessoa próxima a você entende outra.

Percebe o poder que temos quando nos comunicamos? As nossas palavras e o como falamos refletem muito do que sentimos, da nossa personalidade, das nossas vivências, aprendizados consolidados, traumas e medos.

Você já se deparou com alguém que parou de produzir, desmotivado porque escutou algo de um chefe, por exemplo? Ou até mesmo outras que começaram mudanças significativas depois de uma boa conversa, os famosos feedbacks?

Minha motivação aqui é trazer uma reflexão e autoanálise de como está a sua comunicação tanto profissional quanto pessoal.

Nós atraímos aquilo que comunicamos!
Para fechar minha explanação quanto à comunicação verbal, reforço que quanto mais você entender o poder que você tem em se comunicar, mais portas você poderá abrir ou, infelizmente, fechar.

Entrarei agora no segundo tipo de comunicação, que é a comunicação corporal, a nossa fisiologia.
Segundo estudos, em toda a comunicação interpessoal, cerca de 7% da mensagem é verbal (somente palavras), 38% é vocal/verbal (incluindo tom de voz, inflexão e outros sons) e 55% não verbal, ou seja, por meio de gestos.

Nossa tendência é de nos comunicarmos mais com a linguagem corporal do que com a verbal, mesmo que não percebamos isso. O corpo fala e nós atraímos o padrão que comunicamos. Preste mais atenção em suas expressões faciais, em seus gestos, em sua postura.

As palavras podem seguir em uma direção quando nosso corpo está seguindo em outra. A congruência entre a sua comunicação verbal e a corporal fortifica o conteúdo passado e o objetivo que quer alcançar.

O que você está dizendo é importante, mas a forma como seu corpo expressa o que quer dizer sela o conteúdo e deixa claro o entendimento.

O ser humano é visual, afetivo e emocional. Entender de gente é entender de negócios.

Às vezes, não precisamos falar nada, mas um sorriso fala muito mais, ou um franzir da testa denuncia uma dúvida, ou até mesmo uma cara estranha levanta a conotação de desprezo e irrelevância.

Líderes ressonantes, que buscam inspirar pessoas, eliminar ruídos e focar nos resultados, investem em entender a melhor forma de se comunicar tanto na fala, escrita, como também em sua fisiologia, passando entusiasmo que ressoa no grupo inteiro.

A comunicação é uma ação primitiva, assunto fácil aparentemente, mas complexo quando enxergamos o poder que ela exerce dentro da construção de nossas habilidades.

Subindo agora para um patamar ainda mais complexo e concorrido, passo para o terceiro tipo de comunicação, a nossa comunicação digital. Ela está relacionada à maneira como nos posicionamos na mídia, nas redes sociais, na rede corporativa, que conteúdo levamos e a forma como levamos.
A cada dia, os perfis comportamentais são de alta relevância em um processo de contratação, de fechamento de parcerias, sociedade e negócios.

O digital e a forma como nos expomos dizem muito de quem somos. Embora exista a crença de que as redes sociais refletem apenas o palco da nossa vida cotidiana e não os bastidores e desafios, o propósito e a forma como se posiciona ficam como pano de fundo.

A tecnologia tem desempenhado um papel fundamental em nossa comunicação digital. As ferramentas estão cada vez mais acessíveis, ágeis e fáceis de usar. Isso é extraordinário, isso é disruptivo!

Quando olhamos o Microsoft Teams, por exemplo, constatamos que é um software de reuniões e organização empresarial que cresceu exponencialmente na pandemia. Entre julho de 2019 e final de setembro de 2020, o número de usuários diários saiu de 13 milhões para 115 milhões.

A necessidade das empresas em manter a comunicação com seus clientes e funcionários, o trabalho remoto e o distanciamento colaboraram, é claro.

Mas o Teams não figurou sozinho nesta busca de comunicação eficaz. O Zoom e o Slack também ganharam força e usuários durante a pandemia.

O presidente mundial da Microsoft, Satya Nadella, tem grandes projeções para consolidar o Teams como uma ferramenta de comunicação com uma nova camada de organização nas empresas, capaz de unir as principais ferramentas que trabalhadores precisam, com funções de colaboração, reuniões em vídeo, chat e outras aplicações de negócios.

A comunicação digital, por meio de ferramentas inteligentes, softwares colaborativos, desenvolvimento de aplicativos que possam ser integrados a estas plataformas de comunicação, dará mais liberdade às empresas para melhorarem seus processos de comunicação e trabalho em prol de mais resultados.

Começamos a entender o poder da comunicação quando associamos aos nossos resultados. Quando usamos de forma inteligente a nossa comunicação verbal, com uma fisiologia adequada ao ambiente que estamos e as ferramentas digitais, é inegável o aumento da produtividade e dos resultados de negócios.

Estamos no universo das metodologias ágeis, que saem do departamento de TI para se espalharem para as demais áreas das empresas. A comunicação é fundamental na aplicabilidade de métodos que impactem positivamente a forma como as companhias trabalham, proporcionando mais agilidade, performance e redução de custos.

Para finalizar, existe o quarto tipo de comunicação que fica nas entrelinhas. É a nossa comunicação de relacionamentos. Sim, é a forma como nos comunicamos através das conexões que temos, do networking que formamos ao longo da nossa trajetória.
Muitas pessoas têm uma visão particular, de um grupo, de um departamento ou de uma empresa, de acordo com as conexões que as permeiam. Tem a ver com o famoso ditado: “Diga com quem tu andas e eu direi quem tu és.”
Grandes e importantes oportunidades que surgem vêm desta comunicação que fazemos por meio de nosso sólido networking. Costumo dizer que esta comunicação se perpetua através do vínculo de valores que temos e, consequentemente, reverberamos.

A nossa comunicação precisa ser congruente com nossos objetivos para acelerarmos ainda mais nosso crescimento.
Que conexões com pessoas estratégicas você tem buscado? Que tipo de conhecimento você tem inserido para ter uma comunicação mais enriquecida e assertiva?

Empresas que estão trabalhando forte em sua maneira de se comunicar com seus clientes, investindo na qualidade da comunicação interna, implementando soluções fáceis e ágeis de comunicação e repositórios de informações de forma organizada e centralizada, sairão na frente. Empresas que focam em treinar líderes que cuidam de pessoas – e não somente olham para os resultados – são aquelas com mindset avançado e estão rumo a um crescimento não convencional.
Nós atraímos o padrão que comunicamos. Pense nisto!!



Como diz Bill Gates, “O modo como você reúne, administra e usa a informação determina se você vencerá ou perderá.”

*Shirley Fernandes é responsável pela área comercial da N1 IT, empresa do Grupo Stefanini.