Segundo Luiz Carlos Moraes, presidente da ANFAVEA, entidade que reúne as principais montadoras de veículos do Brasil, a crise mundial de falta de semicondutores com certeza vai frear não só o crescimento da indústria automotiva brasileira como toda a economia mundial, pois vários segmentos como o automotivo, computação, telefonia, telecomunicações, indústria de transformação, agroindústria  e outros dependem da disponibilidade deste componente que está com uma sub produção mundial em relação a demanda.

Segundo ele “Esse problema, que deve se alongar até os primeiros meses de 2022, é o responsável pelas paralisações temporárias de parte de nossas fábricas, algumas por períodos curtos, outras mais longos. Um único veículo pode ter até 600 semicondutores em seus sistemas eletrônicos de motorização, câmbio, segurança, conforto, entretenimento, etc.”

Segundo a entidade foram produzidos 192,8 mil veículos em maio, que é o melhor maio desde 2019. O crescimento de pouco mais de 1% em relação a abril foi justificado exatamente pelas paradas obrigatórias por falta de componentes. Já o setor de caminhões e ônibus apresentou um crescimento em relação a abril de 6,2%, dando mostras que há uma recuperação fantástica deste tipo de veículos. Segundo o presidente é o melhor mês desde maio de 2014. O crescimento do acumulado dos cinco meses do ano foi de 106%. Mas temos de lembrar que no ano passado vivíamos um dos piores momentos da pandemia exatamente entre os meses de abril e junho.

Para o mercado interno foram entregues 188,7 mil veículos, com um crescimento de 7,7% em relação ao mês anterior, enquanto os caminhões e ônibus mostraram crescimento de 17,5%, com 11,5 mil veículos entregues.

A exportação também reagiu e cresceu 9,1% com 37 mil veículos exportados e no acumulado o crescimento foi de 66,5%, totalizando 166,6 mil veículos entre janeiro e maio de 2021. Ainda no campo das exportações, considerando-se o crescimento em valores, a subida foi de 5,8% no mês em relação ao mês passado e no acumulado dos cinco meses de 78,5% em relação ao ano passado.

Nos seus comentários finais Moraes disse que um outro detalhe que chamou atenção é que o estado de Minas Gerais, passou São Paulo na aquisição de veículos novos. Sem dúvida é um reflexo da política fiscal adotada pelo governador João Dória que aumentou a carga tributária coma elevação do ICMs sobre veículos novo, que era já muito pesada, segundo presidente e ficou pior ainda. Em São Paulo a alíquota é de 14,5% enquanto em Minas Gerais ela é de 12%.  

Sobre o crescimento da produção ele disse que é muito difícil prever-se acima de um chamado “teto técnico” que seria entre 190 a 200 mil veículos/mês, exatamente por conta destes gargalos que a indústria enfrenta, principalmente dos semicondutores (já dita acima).

Ele acredita ainda que somente em 2022, esta solução será regularizada, com a entrada de possíveis novos fornecedores e da expansão a produção do que já existe. Citou que foi inaugurada uma nova fábrica de semicondutores na Alemanha, mas que investimentos deste tipo são muito caros e demandam um certo prazo até serem implantadas e estarem prontas para operarem.