A crise mundial da falta de semicondutores está causando sérios estragos na produção mundial de veículos.
Segundo o presidente da Anfavea, Luiz Carlos de Moraes, a indústria mundial de veículos deixará de fabricar perto de 3,6 milhões de veículos em 2021, por conta deste problema.
Nos EUA haverá em 2021 uma queda na produção de cerca de 20% e na América do Sul, onde o Brasil é o maior produtor, a queda será de aproximadamente 14%. No primeiro semestre deste ano ele estimou que deixamos de produzir entre 100 a 120 mil veículos.
Em levantamento feito pela renomada consultoria internacional BCG, essa regularização de fornecimento só deverá acontecer no segundo semestre do ano de 2022.
Mesmo com este problema a produção de 74,7 mil unidades de caminhões no primeiro semestre foi a melhor marca para um mês de junho desde 2014, da mesma forma que as 58,7 mil unidades licenciadas de janeiro a junho foram a melhor performance desde 2019.
Este segmento de caminhões vem sendo o grande responsável pelo crescimento do setor automotivo e isso se deve principalmente ao crescimento do agronegócio e construção civil que demandam este tipo de transporte.
Segundo Moraes, a indústria automobilística que vinha se estabilizando com uma produção mensal de 180 a 200 mil veículos/mês, caiu para em torno de 160 mil e deve permanecer neste patamar até que o problema seja solucionado.
Os números dão conta de que 1.148,5 mil autoveículos deixaram as linhas de montagem no primeiro semestre do ano, 57,5% a mais que os 729 mil no mesmo período do ano passado, quando todas as fábricas ficaram paradas por até dois meses por conta da pandemia. Numa comparação mais justa, com o primeiro semestre de 2019 (antes da pandemia), houve uma retração de mais de 300 mil unidades, ou 22%.
Em junho, a produção de 166.947 unidades foi a pior dos últimos 12 meses, em função das várias paradas das fábricas ao longo do mês – situação que vem acontecendo desde o final do primeiro trimestre exatamente pela falta de semicondutores e alguns outros componentes.
Com o problema dos insumos que ocasiona a falta de produtos diversificados a ser oferecido ao público, houve também um reflexo nos resultados do mercado interno. Nos seis primeiros meses de 2021, 1.074 mil unidades foram licenciadas no país, 32,8% a mais que no mesmo período de 2020, porém 17,9% a menos que no primeiro semestre de 2019. As vendas de 182.453 autoveículos em junho recuaram em relação aos últimos dois meses.
E como ficam as projeções anuais?
Com o desempenho surpreendente do segmento de caminhões, a ANFAVEA atualizou as projeções que havia apresentado em janeiro, referentes ao fechamento de 2021.
A produção total de veículos automotores, que era estimada em 2.520 mil unidades (alta de 25% sobre 2020), foi reduzida para 2.463 mil (alta de 22% sobre o ano passado). Separando leves e pesados, a alta na produção estimada 2021/2020 caiu de 25% para 21% no segmento de automóveis e comerciais leves, e subiu de 23% para 42% no caso de caminhões e ônibus.
Já para as vendas internas, a expectativa agora é de 2.320 mil licenciamentos (elevação de 13% sobre o ano anterior), ante os 2.367 mil previstos na coletiva de imprensa de janeiro.
Nestes números os automóveis foram revistos para baixo, enquanto comerciais leves, caminhões e ônibus foram revistos para cima. Há também mudança do comportamento do mercado que vem dando preferência aos SUV, em detrimento dos veículos mais leves.
Finalmente, as exportações foram revisadas de 353 mil para 389 mil na expectativa do ano, uma alta de 20% sobre 2020, melhor que a elevação de 9% inicialmente projetada. “Nunca foi tão difícil fazer projeções no Brasil”, desabafou o presidente da Anfavea. “Além das variáveis socioeconômicas, agora temos também de levar em conta a situação da pandemia, o ritmo da vacinação, a instabilidade política e essa crise global dos semicondutores, sobre a qual pouco podemos antever”, acrescentou Moraes, ressaltando que uma possível restrição de fornecimento de energia elétrica não entrou nos cálculos da associação.
Fonte: Anfavea