Com a queda da produção industrial durante a COVID-19 as empresas se viram obrigadas a repensar sobre “comprar onde vender e vender onde comprar”. Foi necessário desenvolver uma nova cadeia de suprimentos que pudesse rapidamente se adaptar às novas exigências.

Roberto Regente Jr*

Embora as empresas de manufatura tenham se acostumado a ser confrontadas com um tsunami de dados, a pandemia da COVID-19 terminou por aumentar esta pressão por forçar uma rápida transformação digital em inúmeros processos, produtivos ou não.

De acordo com a consultoria americana McKinsey, o processo de transformação digital que ocorreria em três anos está acontecendo agora em meses ou semanas. A empresa afirma que no topo da lista de atividades transformadoras importantes está a gestão de relacionamento com o cliente.

Dados como fluxo de caixa, demanda de trabalho e direcionamento dos clientes ao atendimento adequado nunca foram tão importantes quanto agora. A análise desses dados está em evidência por fornecer um balanço operacional e de produção que vai de encontro às necessidades dos mesmos.

Isto, é claro, está longe de ser um assunto novo. Majoritariamente, a competição ocorre não apenas entre empresas do segmento de manufatura, mas também entre as grandes holdings de tecnologia como a Apple e Google entre muitas outras.

No contexto do mundo pós-COVID-19, as empresas precisam continuar entregando produtos e respectivos serviços melhores e mais inteligentes, preservando a saúde contínua do fluxo de caixa. A resposta será otimizar a amplitude e a profundidade da cadeia de suprimentos para incluir tecnologias inovadoras. Faz-se necessário a adoção de uma plataforma escalável para construir e gerenciar um ecossistema de parceiros com múltiplas dimensões e perfis.

Autonomia pode ser a bússola para o futuro
Atualmente, a fluidez nas operações é prioridade. Com demanda incerta, o foco em excelência é crucial. O resultado é que muitas companhias irão reconsiderar investimentos em áreas em desenvolvimento – como veículos autônomos – e assegurar que não haverá custos extras ou desperdício nos projetos atuais.

Este tópico irá acelerar o foco das organizações para a otimização e automação de seus fluxos operacionais. Ao mesmo tempo, essas empresas tentam criar sistemas de suprimento capazes de responder de forma ágil às mudanças no fluxo e demanda de produção.

Adaptabilidade e resiliência na cadeia de suprimentos
As empresas de manufatura enfrentaram desafios ao trazer a produção externa para os mercados internos. E aqui vai uma atualização importante: elas conseguiram! A ruptura que ocorreu em nível global nas cadeias de suprimento – sendo que neste contexto a China estava virtualmente fechada – demonstrou o perigo em concentrar sua estratégia em um único ponto, ou seja, coloquialmente botar todos os ovos em apenas uma cesta.

O enfraquecimento da produção industrial durante a COVID-19 levou as empresas a repensar sobre “comprar onde vender e vender onde comprar”. Assim, foi necessário desenvolver uma cadeia de suprimentos que pudesse rapidamente se adaptar à essa ruptura. A computação em nuvem possibilita a flexibilização e o crescimento em escala nas formas de negociação, colaboração e crescimento dos ecossistemas de parceiros.

Inovação e agilidade em organizações que trabalham com parcerias digitais
Antes da pandemia da COVID-19, a empresa de consultoria Ernst & Young Global Limited (EY) explicou porque as habilidades de monitorar, simular e otimizar a entrega de produtos, com foco em performance, representam uma vantagem global.

Na atualidade, as empresas que atuam em parceria ainda oferecem ferramentas empíricas proativas e estratégicas em resposta ao mundo pós COVID-19.

Este tipo de simbiose, ou joint venture, aumenta a agilidade nos negócios, permite às organizações prever e erradicar fatores de estresse, adaptação a modelos mais eficientes e retroalimentação ágil de seus processos. Além disso, possibilita uma rota de redução de custos rápida para continuar investindo na inovação de produtos e geração de lucro.

Mudanças nas práticas de trabalho com foco na automação
As indústrias enfrentam dificuldade em conduzir o processo de automação. Atualmente, essas mudanças ainda acontecem de forma repentina e dramática.

Sem levar em conta a escassez de mão de obra qualificada, algumas estimativas apontaram que a indústria automobilística do Reino Unido por exemplo, poderia perder um em cada seis postos de trabalho devido à pandemia da COVID-19.

Além disso, o distanciamento social forçou as empresas a operar com o mínimo possível de pessoas. A automação é necessária para suprir a demanda neste novo contexto de trabalho. Companhias automotivas precisam fundamentar regras de automação e reter as frentes de trabalho para lidar com a revolução digital e o supply chain no contexto atual.

Nada poderia ter preparado o setor para a primeira metade de 2020. Muitas empresas e seus stakeholders precisaram operar em modo de sobrevivência. Na medida em que estamos abandonando a pandemia, enfrentaremos tempos difíceis e incertos. Pretendo acompanhar de perto o desenrolar dos eventos para mais um balanço sobre o setor no final deste ano de 2021.

*Roberto Regente Jr é vice-presidente da OpenText para América Latina. Executivo experiente do mercado de tecnologia e apaixonado por inovação, desde start-ups a negócios complexos, tem experiência comprovada em modelos de vendas.