A luta, o planejamento e a execução de um trabalho que hoje mostra seus frutos, ao atingirmos a marca da 150ª edição da revista Siderurgia Brasil.

Henrique Patria

Há pouco mais de 20 anos, mais precisamente em 1999, nascia aquela que se tornaria a principal publicação da atualidade no campo da siderurgia e da metalurgia nacional: a revista Siderurgia Brasil.

Na verdade, desde o seu lançamento, nossa intenção sempre foi mais do que a realização de um sonho, mas uma clara vontade de disputar um espaço no mercado, que naquele momento era ocupado por alguns veículos com focos bem diversificados, e que abriam espaço em suas páginas para a siderurgia e a metalurgia, quando realmente havia algo interessante a noticiar. E haviam as publicações ligadas às entidades empresariais, que obviamente tinham o seu direcionamento editorial voltado para o grupo que naquele momento dirigisse tal órgão ou instituição. Mas a nossa proposta era mais ousada e independente. Queríamos preencher esse espaço e dar voz a um segmento empresarial que hoje responde por cerca de 4% do PIB brasileiro, tendo, portanto, uma importância gigantesca para a economia do país.

No entanto, só vontade não era o suficiente, pois além das adversidades naturais de uma ação como essa em seu nascedouro – como a falta de capital e de financiamentos –, havia o problema maior, que era a falta de credibilidade no setor para a conquista de patrocínios que pudessem mantê-la de pé. E fomos à luta, sem, contudo, negociar a nossa independência editorial que em nenhum momento ao longo dessa longa trajetória, esteve ameaçada.

É claro, um veículo de mídia novo sempre é uma incógnita. E sabíamos que a questão da credibilidade só seria alcançada após um período de maturação, sempre colocada em xeque em cada tentativa de uma entrevista que fazíamos, ou o pedido de uma declaração diferenciada da lavra de algum líder ou personalidade do setor.

Assim, fomos crescendo em meio aos desafios impostos pelas inúmeras circunstâncias que surgiam, encarando-os com fé e vontade, sem desânimos (e estes momentos, acreditem, foram muitos) e/ou desistências: fomos vencendo tais dificuldades, ganhando, por fim, a credibilidade que nos impulsionou a disputar espaço no mercado publicitário – uma condição invisível e ao mesmo tempo implacável, porque dela depende a sobrevivência de qualquer veículo de mídia –, passando a disputá-lo em pé de igualdade com publicações decanas, mais antigas do que a nossa, por isso mesmo donas de estruturas mais sofisticadas e bem consolidadas. A luta foi feroz e incessante, travada, entretanto, de maneira leal e com muito respeito e fair play, dentro da já citada manutenção de nossa independência editorial, sempre preservada.

Outro grande desafio que surgiu com o passar do tempo, e que merece destaque, diz respeito ao formato de apresentação de nosso veículo, que, ao longo de quase 20 anos, foi o de uma revista impressa, distribuída por meio de um mailing dirigido. Porém, não é segredo para ninguém, que, a reboque da Transformação Digital e a evolução dos canais de comunicação, as coisas mudaram. Dessa forma, com coragem e ousadia, em dezembro de 2019, desmontamos essa estrutura, e passamos a adotar o novo formato digital, que é o nosso modelo de divulgação atual. Ainda com esse escopo, encaramos também o desafio de ganhar espaço nas plataformas e redes sociais, tarefa que vem sendo muito bem-sucedida, como demonstram os números dos pageviews da revista, que já orbitam as 250 mil visualizações mensais e crescendo, o que nos garante lugar de destaque no patamar das principais revistas empresariais do Brasil.

Nos 21 anos que já dura nossa trajetória, vimos, infelizmente, outras publicações nascerem e morrerem, definhando lentamente ou interrompendo de maneira abrupta a construção de suas histórias. Isso, naturalmente, nos assustou e preocupou. Mas não esmorecemos, e seguimos em frente para, agora, termos a alegria e a grata satisfação de chegar à 150ª edição da revista Siderurgia Brasil, singela comemoração que consideramos um grande triunfo alcançado.

Falando agora do atual Jornalismo brasileiro ao qual pertencemos, há momentos em que discordamos dos caminhos pelos quais ele envereda, ao constatar que muitos dos pilares básicos da profissão que aprendemos na faculdade não vêm sendo respeitados. A função do jornalista é basicamente investigar e apurar fatos, e por meio de reportagens, matérias, entrevistas e outras formas de comunicação via internet, apresentar os acontecimentos com imparcialidade, para oferecê-los ao julgamento e análise dos leitores. E é no mínimo triste ver que, com a crescente politização da Imprensa, não é isso que vem acontecendo, fazendo com que a tão propalada independência e a importância dela se desgastem a cada dia.

Mas, o futuro está aí, mesclado ao presente. E é por isso que, com otimismo, acreditamos sempre nele. E fazemos isso agradecendo a Deus por toda a força e coragem que nos foi confiada, aos vários colaboradores, em seus mais diversos níveis – jornalistas, redatores, pessoal da produção, do suporte, do comercial –, enfim a todos que colocaram um tijolinho (ou, talvez fosse mais apropriado dizer uma ferragem de coluna ou uma viga de aço) neste edifício, proporcionando-lhe a solidez que hoje tem, o que, para nós é motivo de muita honra e orgulho.

E, claro, para continuarmos em frente, seguindo a meta de, no mínimo, conquistarmos mais um “sesquicentenário” de edições publicadas, precisamos de vocês, amigos leitores. Por isso, continuem nos prestigiando sempre com sua interação e com seu carinho.

Muito obrigado!

Henrique Patria
Editor-chefe
Portal e revista Siderurgia Brasil