Empresa gaúcha é referência nacional e internacional de máquinas para processamento de aço, unindo qualidade e produtividade.

Marcus Frediani

Sediada desde 1988 no município de Glorinha/RS, a Divimec – Tecnologia Industrial detém hoje a liderança no mercado nacional de máquinas para processamento de aço. Dona de uma estrutura fabril com 12.000m², dotada com todos os recursos necessários para o desenvolvimento de suas operações internas – tais como Engenharia, Automação, Caldeiraria, Usinagem e Montagem, a fim de garantir rapidez e precisão em suas entregas – é uma empresa altamente proativa na incorporação de contínuos avanços tecnológicos às suas mais de 230 linhas de processamento, o que a consolidou como referência nacional de equipamentos de qualidade e alta produtividade. E, a partir dessa estrutura de fabricação moderna e completa, associada a uma assistência técnica e um pós-venda extremamente ágeis, a empresa também tem expandido sua área de atuação para atender ao crescimento de outros mercados, como aqueles da América Latina, para os quais mantém forte atividade exportadora.

Nesta entrevista exclusiva à Revista Siderurgia Brasil, Cláudio e Maicon Flor – pai e filho, respectivamente o diretor-presidente, e o responsável pela gestão comercial da Divimec – falam sobre o bom momento da companhia, sobre outros temas atuais relacionados ao mercado de máquinas no Brasil e de suas expectativas para lá de positivas com relação ao futuro. Confira!

Siderurgia Brasil: Segundo dados da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (ABIMAQ), o setor de máquinas vem se recuperando de forma acelerada ao longo deste ano, mesmo com a pandemia da COVID-19 ainda estar por aí, com previsões de bater metas de crescimento de até 20% neste ano. A Divimec caminha nessa toada? Qual são as previsões de fechamento das vendas e de faturamento total de vocês para 2021?
Maicon Flor: Realmente, os resultados da Divimec devem ser impressionantes e, em alguma medida, surpreendentes. Projetamos um crescimento de mais de 200% nas vendas da empresa este ano. Já no caso do faturamento, deveremos alcançar algo em torno de 45%. Entretanto, como temos um ciclo longo de fabricação de nossos equipamentos, a maioria das entregas acontecerão em 2022, o que, consequentemente, nos faz prever um aumento maior em nosso faturamento no ano que vem. Então, estamos felizes em constatar que os números da Divimec estão acima das previsões da ABIMAQ, entidade da qual fazemos parte.

Atualmente vocês estão operando com capacidade máxima, ou há ainda algum nível de ociosidade?
Cláudio Flor: Na verdade, temos entregas previstas ao longo de todo o ano de 2022. E, sim, estamos operando com capacidade máxima e ainda buscando formas de superá-la por meio da terceirização de alguns processos, e fazendo mudanças internas para aumentar ainda mais a capacidade de outros, a fim de atender com eficiência ainda maior às demandas de nossos clientes.

Além do aquecimento no mercado de máquinas novas, talvez até como subproduto da pandemia, nota-se a tendência de muitos clientes estarem optando pelo retrofitting de suas máquinas já em operação. Como vocês interpretam esse fato?
Maicon: É verdade, ultimamente tem-se falado muito de retrofiting. Entretanto, está havendo uma conscientização de que por mais que se renove um equipamento usado, essa não é a melhor alternativa. Costumo usar a analogia de que por mais que você tente atualizar um Chevette, você terá sempre um Chevette, mais jamais um Cruze. Além disso, o trabalho de retrofitting muitas vezes é maior e mais caro, principalmente quando envolve muita mão de obra de engenharia.

Em outras palavras, a evolução do aspecto construtivo dos equipamentos, acaba funcionando como um entrave para a continuidade dessa tendência.
É isso. Os materiais utilizados na construção de máquinas mudaram muito, notadamente no que diz respeito à introdução de aços de baixa liga e alta resistência. Por exemplo, na produção industrial a resistência da chapa dos automóveis saltou de 290 MPa para 900 MPa, e deverá chegar as 1.500 MPa muito rapidamente, com a progressão para o uso, por exemplo, da Usibor da ArcelorMittal, e a evolução do catálogo de soluções da Usiminas. Por sua vez, a CSN já disponibiliza materiais de baixa liga com 43% de alongamento – ou seja, de “alto repuxo” –, enquanto a Gerdau já apresenta inovações tecnológicas em sua linha de produtos agropecuários, tais como arames farpados e grampos, isso sem falar de soluções “Clean Steel” e outras na construção civil.

Mas vocês sentem que todos esses argumentos, juntos, estão sendo capazes de demover os clientes a trocar a opção do retrofitting pela da compra de equipamentos novos?
Maicon: Bem, a Divimec está tentando, Estamos auxiliando os estudos dos nossos clientes nesse sentido, levando em consideração a avaliação de um leque de questões do mercado, tais como produtividade, qualidade e de adequação das máquinas aos protocolos e recursos da Indústria 4.0. E, na maioria dos casos, a opção deles tem convergido para a escolha por equipamentos novos.

A atividade exportadora da Divimec é reconhecida como uma das mais proeminentes no mercado, principalmente nas operações destinadas ao mercado da América Latina. Houve retrocessos nela por conta da pandemia? E, em caso positivo, quais países já retomaram suas compras?
Cláudio: Felizmente, não registramos quedas sensíveis relacionadas às exportações da Divimec. As vendas para a América Latina seguem aquecidas, e, em 2021, realizamos entregas de máquinas para o Peru, para o Paraguai e para a República Dominicana. Para 2022, faremos a entrega de mais de um equipamento para Argentina, inclusive para o maior processador de aço daquele país. Também teremos outro fornecimento para o Paraguai. E, vale ressaltar, nossos fornecimentos para esses países têm se tornado benchmark para outras indústrias do setor.

Nem a China tem atrapalhado os negócios ou obliterado essa performance?
Cláudio: Não. Os equipamentos da Divimec são muito superiores aos chineses, e também somos muito competitivos, em todos os sentidos, em relação às máquinas fabricadas na Europa e nos Estados Unidos. Naturalmente, há sempre novos entrantes no mercado, viabilizando novas importações. Mas isso, felizmente para nós e para a indústria brasileira, tem acontecido cada vez menos. Isso porque os fabricantes europeus estão sofrendo com os altos custos de produção, enquanto os chineses com a qualidade e confiabilidade questionáveis de suas máquinas para processamento de aço.

Quando vocês falam em competitividade “em todos os sentidos”, estão se referindo à tecnologia embarcada nas máquinas, qualidade e preços, correto?
Maicon: Sim. Por meio de um processo de P&D e de sólidas parcerias comerciais com empresas europeias vem consolidando a nossa qualidade e confiabilidade em nossos produtos. Isso faz com que nossos clientes nos enxerguem como a primeira opção de investimento, principalmente, quando eles já possuem e conhecem os nossos equipamentos e a assistência técnica ininterrupta e constante que prestamos.

Contudo, a intenção de redução dos impostos de importação no Brasil continua sendo um revés, não é mesmo?
Cláudio: Realmente, os constantes acenos do governo brasileiro nesse sentido a esses concorrentes é um problema que nos preocupa. Temos feito vários apelos à ABIMAQ no sentido de solicitar condições de isonomia. Além disso, consideramos fundamental colocarmos na pauta da reforma tributária a questão da desoneração de investimentos, bem como a da redução de impostos nos insumos dos fabricantes de máquinas. E estamos otimistas com relação ao atendimento dessas demandas.

Durante a pandemia, principalmente a indústria automobilística teve – e ainda continua tendo – vários problemas com o fornecimento de componentes eletrônicos, tais como chips e microprocessadores vindos da Ásia, em função da redução drástica, ou mesmo da paralisação da fabricação destes por lá. A Divimec também sofreu com essa crise?
Maicon: Felizmente, não. Temos hoje uma ótima parceria de fidelidade com a Siemens do Brasil e com a Siemens da Alemanha, o que nos permite afirmar que essa crise está passando ao nosso lado, sem nos atingir. Mas, é claro, tivemos que fazer ajustes para melhorar o nosso planejamento e a nossa gestão de estoques, para não sofrer com o desabastecimento desses e de outros insumos.

Falando agora do estado da arte do mercado de máquinas para processamento de aço, quais foram, no entendimento de vocês, os grandes avanços tecnológicos registrados no segmento nos últimos tempos?
Maicon: Do portão da fábrica para fora, nos surpreendeu a velocidade da entrada no mercado dos já citados materiais de baixa liga e alta resistência, entre os quais o Duplex no inox é um bom exemplo. Outros destaques foram as inovações no campo da nanotecnologia, avanços esses que certamente irão proporcionar novas possibilidades em termos de elementos liga, como é o caso do vanádio e do berílio, sem falar daquelas do grafeno, que ainda permanecem como uma grande, porém, instigante incógnita.

E do portão para dentro?
Maicon: Do portão para dentro, os avanços e a inovação que estão latentes estão relacionados à dinâmica da Industria 4.0. Já estamos trabalhando com alguns recursos desenvolvidos com nossos parceiros da Siemens na direção do monitoramento e da manutenção remota, que, seguramente, irão trazer uma evolução bastante sensível em termos de aumento da produtividade.

E quais são as expectativas de vocês ainda para o final deste ano e para 2022, no que tange à política, à economia e à materialização das tão almejadas reformas tão necessárias para o Brasil?
Cláudio: Veja bem, nossa expectativa tem sempre o viés empresarial, ou seja, vemos tudo isso com muito positivismo. Acreditamos que as reformas irão ocorrer quando, efetivamente, faltarem ou se esgotarem os “recursos” que impedem que elas aconteçam. A pressão da sociedade e, principalmente, a dos menos favorecidos irá aumentar e delimitará um limite que não poderá ser ultrapassado. Outrossim, afirmamos sempre que os “interesses” de setores cooperativos ou pessoais ainda prevalecem neste rico pais. Porém, acreditamos ainda que o Brasil é a terra prometida do futuro, e que este irá chegar em sua plenitude. E, com toda a certeza, existem alguns “aceleradores” desse processo, entre os quais a transformação digital aliada aos nossos recursos naturais, bem como a compreensão dos nossos recursos humanos, notoriamente o bom humor e a resiliência do nosso povo, em uma conjunção que certamente implementará padrões acima da média em relação a outros países. Vamos em frente!