Em que pese a permanência no horizonte de diversos fatores reconhecidamente inibidores da atividade econômica, 2022 começou com expectativas renovadas para os setores da indústria.
Marcus Frediani
Depois de um ano bastante conturbado na economia brasileira, as listas e balanços para medir como foi 2021 começaram a ser divulgadas em janeiro, trazendo a constatação de que os últimos 12 meses, que deveriam ser marcados por vacina e reabertura econômica, foram recheados de gatilhos nocivos para o andamento esperado do mercado, das empresas e da renda da população.
O avanço nos preços administrados no Brasil foi, sem dúvida, um dos mais visíveis na economia do dia a dia. Sem falar das previsões para fechamento do PIB do ano passado – cujas projeções do Boletim Focus do Banco Central e de muitos economistas em torno do crescimento dos 4,5% continuam a ser revistas para baixo –, 2022 começou não muito animador quando o assunto é inflação.
O principal indicador do mercado, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), registrou o maior valor desde 2016, subindo para 0,54% em janeiro, em linha com as expectativas do mercado. Ato contínuo, para tentar frear a escalada da taxa, o Copom lançou mão do velho e nem sempre eficiente antídoto de apertar cinto na política monetária, e fez a Selic voltar a atravessar a barreira dos dois dígitos pela primeira vez desde julho de 2017.
O cenário de depressão no consumo e de alta demanda de crédito, é claro, não agradaram ninguém. Uma das primeiras a se manifestar contrariamente ao aumento da Selic – utilizando polidamente o adjetivo “equivocado” – foi a Confederação Nacional da Indústria (CNI). De acordo com o presidente da entidade, Robson Braga de Andrade, os sete aumentos anteriores da taxa básica de juros já levaram a uma política monetária contracionista, com taxa de juros real estimada em 4% ao ano, acima da taxa de juros real neutra, estimada em 3,5% ao ano. E isso, em sua leitura, inibe a atividade econômica e deve continuar a desacelerar a inflação nos próximos meses. “Essa intensificação do ritmo de aperto da política monetária aumenta o risco de recessão em 2022, com efeitos negativos sobre a produção, o consumo e o emprego”, afirma.
INSTRUMENTO EQUIVOCADO?
Para reforçar essa visão, Andrade argumenta que um sinal de que a recuperação econômica está sob risco é a trajetória do Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), sobretudo no segundo semestre de 2021. “O índice de novembro está 0,6% abaixo do índice de junho, o que indica estagnação da atividade. A CNI entende que esse quadro adverso da atividade econômica, aliado à trajetória de queda já projetada para a inflação, demanda uma política monetária mais cautelosa por parte do BC”, postula.
E o entendimento da CNI é compartilhado por uma das principais entidades representativas da indústria do Brasil. Para a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), a alta da Selic não representa o melhor instrumento para combater a inflação. Isso porque, segundo nota oficial divulgada por ela, os preços estão subindo por pressão de custos, como energia e alimentos, não por excesso de demanda.
“O novo patamar da Selic incomoda, e muito, já que a inflação que visa combater não apresenta um perfil condizente para um tratamento exclusivo via aumento dos juros”, registra a crítica a Fiesp. “A expansão da renda e a geração de empregos de qualidade são características da indústria de transformação, com impactos positivos generalizados, do agronegócio aos serviços. Por isso, a Fiesp afirma: é preciso pensar para além do Copom”, acrescenta a Federação no documento.
Nesse cenário, a mais recente estimativa divulgada pela CNI para a indústria de transformação registra um crescimento 5,2% em 2021, percentual bem inferior à previsão do Informe Conjuntural da entidade do 3º Trimestre do ano passado, que projetava alta de 7,9%. De acordo com o gerente-executivo de Economia da Confederação, Mário Sérgio Telles, dois dos fatores determinantes para a trajetória negativa da indústria foram a escassez e alta de insumos e de matérias-primas.
“Prevemos a regularização nas cadeias de suprimentos a partir da segunda metade de 2022. E será benéfico para a indústria brasileira a manutenção da desvalorização do real ao longo de 2022, que beneficiará as exportações do setor e incentivará a substituição de importações no mercado doméstico”, explica. Telles diz acreditar que, em um cenário-base, a indústria de transformação deve crescer 0,5% em 2022.
DESEMPENHO ROBUSTO
A seu turno, apesar da desaceleração dos indicadores observada em dezembro, de acordo com as estatísticas do Instituto Aço Brasil, a indústria do aço no Brasil encerrou 2021 com desempenho dentro do previsto. Em um ano marcado por forte demanda interna até julho, e pela ampliação das exportações a partir do 2º Semestre, as siderúrgicas instaladas no país produziram 36 milhões de toneladas de aço bruto, um crescimento de 14,7% em relação a 2020. Em produtos laminados, o setor atingiu 26 milhões de toneladas, performando um avanço de 19,3% em relação ao mesmo período.
Ainda segundo a entidade, com aumento da produção e a acomodação da demanda doméstica, abastecida a partir de meados do ano com oferta interna e maior entrada de material estrangeiro, as exportações voltaram a crescer. Em termos de produção, o volume do ano subiu quase 4%, somando 11 milhões de toneladas. Em divisas, somaram US$ 9,3 bilhões (+76,7%), beneficiadas pelo aumento dos preços no mercado internacional.
Simultaneamente, o desempenho mostrou-se também robusto nas vendas internas, que somaram 22,4 milhões de toneladas, 15% acima do volume de 2020. No ano da pandemia, o setor afetado no segundo trimestre, porém registrou forte venda de aço a partir de julho. Também registrando recorde desde 2013, o consumo aparente (vendas locais mais importação) de produtos siderúrgicos foi de 26,4 milhões de toneladas, uma expansão de 23,2% na comparação com o ano anterior. Dois mil e vinte e um também foi um ano de grande importação de material acabado: 5 milhões toneladas entraram no país, acumulando um crescimento de 144,1% ante o volume de 2020.
OCIOSIDADE AINDA É ALTA
Diante desses resultados, o Instituto Aço Brasil prevê que, em 2022, a produção brasileira de aço bruto deverá ter crescimento de 2,2%, alcançando 36,8 milhões de toneladas. As vendas internas devem aumentar 2,5% na comparação com este ano, chegando a 23,3 milhões de toneladas, enquanto o consumo aparente deve crescer 1,5%, atingindo 27 milhões de toneladas. Vale ressaltar, entretanto, que apesar de as empresas siderúrgicas estarem produzindo para atender integralmente à demanda dos seus segmentos consumidores no mercado doméstico, o grau de utilização da capacidade instalada do setor ainda é muito baixo, em torno de 70%. Assim, o Aço Brasil entende que o aumento da produção de aço objetivando atender ao incremento das exportações, permitiria reduzir a ociosidade hoje existente, elevando o grau de utilização da capacidade instalada do setor para níveis mais próximos ou acima de 80%, considerado mundialmente como o mais adequado para operação das empresas.
“Entretanto, diante de um cenário internacional de guerra de mercado, para viabilizar as exportações é necessário recompor a competitividade da indústria brasileira do aço, por meio do retorno do mecanismo do Reintegra. E vale lembrar mais uma vez que ele não é incentivo ou benefício e sim um mecanismo para evitar a taxação das exportações dos produtos brasileiros, conforme preconizado na Constituição Brasileira”, pontua Marco Polo de Mello Lopes, presidente do Instituto, batendo mais uma vez na tecla da reivindicação, que, inexplicavelmente, continua longe de encontrar eco entre as autoridades do governo brasileiro.
Ainda segundo Lopes, a boa notícia, no entanto é que outro “vilão” que ainda se interpõe ao crescimento da siderurgia nacional do aço – o excesso de medidas protecionistas no âmbito internacional observado ao longo dos últimos anos – parece estar perdendo força em função de alguma flexibilização nas restrições às importações de aço, como é o caso das negociações entre os Estados Unidos e a União Europeia. “Nesse contexto, a indústria do aço brasileira tem a expectativa de que se reestabeleçam as negociações com o governo americano para revisão do sistema de quotas imposto aos produtos siderúrgicos brasileiros no âmbito da Seção 232, vigente desde 2018”, alimenta a aposta o presidente do Aço Brasil.
(ilustrar com a página 15 de 32 Histórico de importação de Aços Planos do pdf RIC 25/01/2022 e fazer um gráfico com o excel INDA – Evolução nas vendas)
ESTABILIDADE NA DISTRIBUIÇÃO
Por sua vez, os resultados divulgados pelo Instituto Nacional dos Distribuidores de Aço (INDA) demonstram que a previsão feita no começo de 2021 dando como certo que o ano performaria um período de alta alavancagem acabou não se materializando. Nele, foram comercializadas 3.590,2 mil toneladas de aços planos, contra 3.615,4 mil toneladas do ano de 2020, o que significou uma queda, ainda que insignificante, de 0,7%.
Certamente, o maior concorrente da rede foi a chegada em larga escala de aço importado, em muitos casos com preços mais acessíveis daqueles praticados no mercado interno, mesmo considerando os custos de fretes, armazenagem e desembaraço aduaneiro, entre outros. Com a adição desse fator, em dezembro, que é um mês com menos dias úteis de trabalho, as importações registraram queda de 33,3% em relação ao mês anterior, com volume total de 161 mil toneladas contra 241,5 mil. Comparando-se ao mesmo mês do ano anterior (92,2 Mt), as importações registraram alta de 74,6%. No entanto, se considerados os totais do ano, chega-se ao crescimento de impressionantes 118% nas importações de 2021 em relação ao ano de 2020, uma vez que foram colocadas no mercado 2.029.727 mil contra 931.844 do ano passado. Atingindo um montante de 814,2 mil toneladas, o giro do estoque fechou 2021 em 3,1 meses, considerado “justo e muito bom” por Carlos Jorge Loureiro, presidente executivo do INDA.
“Para janeiro de 2022, a expectativa da rede associada é de que as compras e vendas tenham uma alta de 10% em relação com dezembro de 2021, o que indica que estamos voltando à velocidade de cruzeiro. Mas, definitivamente, é preciso que os distribuidores saibam trabalhar com um estoque mais justo, fazendo suas compras somente de acordo com suas necessidades”, faz questão de alertar Loureiro.
RECORDE DE ATIVIDADE
Entre os setores-clientes da siderurgia, um dos que vêm comemorando os bons resultados de 2021 é o de máquinas e equipamentos. De acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), o ano passado registrou o melhor índice de atividade desde a sua fundação, cravando um surpreendente crescimento de 21,6% de faturamento total e de 34,2% nas exportações. O maior destaque foi para o setor de máquinas agrícolas que registrou crescimento acima de 45% no período.
“Dois mil e vinte e um foi o quarto ano consecutivo a apresentar desempenho positivo nas receitas de vendas do setor. E vale ressaltar que essa conquista não se deu em cima de uma base fraca, uma vez que em 2020 já havíamos registrado um excelente desempenho”, assevera José Velloso Dias Cardoso, presidente executivo da entidade. Complementarmente, Velloso ainda informa que a carteira de pedidos fechou o ano 21,3% acima da observada no ano passado, o que deve ajudar a manutenção da recuperação do setor em 2022.
IMPLEMENTOS RODOVIÁRIOS
Boas novas também por parte da indústria de implementos rodoviários, que cresceu 35,67% no ano de 2021, com 147.740 unidades fabricadas, entre reboques, semirreboques e carroçarias sobre chassis. Os mercados que sustentaram o crescimento da indústria foram agronegócio, construção civil e produtos perecíveis. “E a expectativa do setor para 2022 é entregar ao mercado 165 mil unidades, sendo 90 K (Linha Pesada) e 75 K (Linha Leve), projeta Alcides Braga, vice-presidente do Sindicato Interestadual da Indústria de Materiais e Equipamentos Ferroviários e Rodoviários (Simefre).
MOTOS E BICICLETAS
Otimismo semelhante também vem sendo manifestado pela Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares (Abraciclo), que projeta que a produção de motocicletas deve atingir 1.290.000 unidades em 2022. O volume representa crescimento de 7,9% na comparação com as 1.195.149 motocicletas fabricadas no Polo Industrial de Manaus (PIM) em 2021. As previsões de crescimento confirmam o cenário de recuperação gradativa da indústria de motocicletas, que vem retomando os volumes pré-pandemia. “Esperamos um cenário mais estável neste ano para conseguirmos atingir novamente os patamares de 2015, quando a produção ficou na casa do 1,2 milhão de unidades”, comenta Marcos Fermanian, presidente da Abraciclo.
Já as fabricantes de bicicletas instaladas no PIM deverão produzir 880 mil unidades em 2022, também de acordo com a Abraciclo. Se a projeção se materializar, ela vai representar um alta 17,4% na comparação às 749.320 bicicletas que saíram das linhas de montagem em 2021. Na avaliação do vice-presidente do Segmento de Bicicletas, Cyro Gazola, o setor deverá retomar gradativamente o ritmo de produção, depois de passar por um ano bastante conturbado. “Além de todo o impacto da pandemia nas linhas de produção, a escassez de peças e componentes travou o ritmo das unidades fabris. Esse problema ainda vai persistir por mais alguns meses, mas acreditamos que em uma intensidade menor. Dessa forma, teremos capacidade para atender à demanda que mantém tendência de alta”, informa.
(ilustrar: reproduzir gráfico Sinduscon)
ANO POSITIVO PARA A CONSTRUÇÃO
Tendência de alta nos negócios também é a expectativa do SindusCon-SP, maior associação de empresas da indústria do setor na América Latina, localizadas no estado de São Paulo, e que representam nada menos do que 27,6% da construção brasileira, que por sua vez equivale a 4% do PIB nacional. Segundo Odair Senra, presidente da entidade, apesar de todas as dificuldades – como o aumento abusivo dos preços dos materiais de construção, os dados de 2021 apontam crescimento do setor.
“É verdade que o ano passado não foi marcado pela tão esperada retomada robusta da economia e da atividade do segmento no pós-pandemia, e nem pelo avanço de reformas estruturais necessárias à atração de investimentos. Mas, mesmo assim, a indústria da construção resistiu, incrementou sua atividade e gerou novos empregos”, enfatiza. Para atestar sua argumentação, Senra informa que, em 2021, o PIB das empresas atuantes na construção aumentou 8%, o de edificações cresceu 7%, o de infraestrutura teve alta de 8%, o de serviços especializados incremento de 10%, e o dos demais segmentos, elevação de 8%.
Para o presidente do SindusCon-SP, apesar da turbulência que deverá marcar 2022 tanto do ponto de vista econômico quanto político, há sinais de que o período não será ruim para as construtoras. “Nosso setor precisará lidar com dificuldades como custo dos reajustes salariais e escassez de mão de obra qualificada”, pontua. Reforçando esse discurso, o vice-presidente de Economia da associação, Eduardo Zaidan, ressalta que as construtoras têm contratos para manter um bom nível de atividades no ano, e que deve haver ainda um relativo reforço por conta das concessões em infraestrutura, e reflexos nas obras nesse segmento em diversos estados por conta do ano eleitoral.
Em síntese, eles acreditam que a perspectiva é de um crescimento do PIB da construção acima do esperado para o PIB nacional, sendo ainda maior para as empresas do setor, com reflexo positivo no aumento do emprego. A expectativa para o crescimento do PIB da construção para 2021 é de 8% e de 2% para 2022. Mas tanto Senra quanto Zaidan sublinham que toda a dinâmica para obtenção desse desempenho irá depender da forma como algumas questões cruciais serão tratadas pelo governo ao longo dos próximos 12 meses, entre as quais a queda da renda real, a elevação das taxas de juros, a redução do ritmo de atividade e a maior percepção de risco e das incertezas que rondam a política econômica brasileira.
(ilustrar reproduzir a tabela ANFAVEA BALANÇOS E PROJEÇÕES e criar um Gráfico com excel ANFAVEA – realizado 2020 e 2021 / projeções 2022
APOSTA NA REAÇÃO DO MERCADO
Falando em incertezas, entre os setores atendidos pelo setor do aço, entretanto, um dos que continuam causando preocupação é o automobilístico. Embora as vendas de veículos tenham apresentado alta de 3% em 2021, cravando o melhor resultado no período acumulado desde 2019, quando a pandemia ainda não afetava os resultados do setor, segundo o balanço da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). No período, a produção de 2,248 milhões de unidades fabricadas no ano passado ter representado uma alta de 11,6% frente a 2020, a crise global de semicondutores provocou diversas paralisações de fábricas ao longo do ano, levando a uma perda estimada em 300 mil veículos. O destaque positivo foi para o segmento de caminhões e ônibus, cuja produção fechou o ano passado com 158,8 mil unidades, o que proporcionou alta de expressivos 74,6% em relação a 2020, o melhor resultado acumulado desde 2013. No período, foram emplacadas 128,7 mil unidades, representando alta de 43,5% frente a 2020.
Entretanto, embora tais números de produção e vendas tenham marcado escore, o primeiro mês de 2022 foi especialmente complicado para o setor automotivo, como mostra o balanço divulgado pela entidade. Em janeiro, a produção de 145,4 mil unidades foi 27,4% inferior à de janeiro de 2021. No total, 126,5 mil autoveículos foram emplacados, registrando um recuo de 26,1% sobre janeiro do ano anterior. Como no ano passado, o mês foi mais curto na prática, com média de 17 dias úteis, se levadas em conta as férias coletivas prolongadas em boa parte das fábricas. Outro agravante foram os impactos da variante Ômicron sobre a força de trabalho. “Janeiro foi um mês de recorde nas infecções por Covid-19 no país e de chuvas acima da média, o que afetou a produção dos fornecedores e dos fabricantes de veículos, e ainda afastou clientes das concessionárias”, sublinha Luiz Carlos Moraes, presidente da Anfavea. O refresco veio das exportações: ao todo, 27,6 mil unidades foram embarcadas, o que representou um crescimento de 6,6% em relação a janeiro de 2021”, complementa o executivo.
Apesar do janeiro frustrante, o presidente da Anfavea, com otimismo, diz que a entidade ainda aposta em uma boa reação do mercado para 2022. “Os problemas causados pela Ômicron deverão ser amenizados nos próximos dois meses, permitindo um quadro mais próximo da normalidade em todas as atividades. Novamente, não teremos todos os semicondutores que precisamos este ano, mas o nível de escassez será menor que em 2021. Portanto, o único sinal de alerta é para a alta dos juros acima do que era esperado. Isso pode desaquecer o mercado, caso não haja contrapartidas que tragam algum alívio para o orçamento dos consumidores”, antevê Moraes. Assim, se tudo der certo, a expectativa da entidade para 2022 é de aumentar a produção autoveículos em 9,4% sobre 2021, para 2,46 milhões de unidades; vender 2,3 milhões delas para o mercado interno – uma alta de 8,5%, ante ao ano passado; e exportar 390 mil unidades, um incremento de +3,6% no comparativo com igual período.
QUEDA NOS ESTOQUES
Os números de janeiro de 2022 da Federação Nacional da Distribuição de Veículo Automotores (Fenabrave) também refletem a realidade anunciada pela Anfavea. De acordo com a entidade, as transações de veículos usados apresentaram queda de 29,89% em relação a Dezembro/2021, e de 27,35% sobre o mesmo mês de 2021. No total, foram 842.751 veículos comercializados no primeiro mês de 2022, sendo que, entre os automóveis e comerciais leves, os modelos com até três anos de fabricação corresponderam a 9,37% do total de transações. Já as motocicletas computaram aumento de 17,5%, nas vendas realizadas em 2021, e os caminhões usados superaram a marca dos 19% de aumento, em suas transações.
O resultado do primeiro mês de 2022 vem na contramão daquele registrado no acumulado de 2021, ano em que foram comercializadas 15.134.904 unidades, performando um crescimento de 18,64% sobre 2020, o maior volume de transações de veículos usados desde o início do ranking histórico da entidade, em 2004. “Assim como acontece no mercado de novos, a comercialização de usados também foi afetada pela crise global de abastecimento de componentes, que provocou queda nos estoques das concessionárias, bem como o aumento da busca pelos consumidores entre os seminovos. Outros fatores agravantes que levaram a esse desempenho foram, ainda, a seletividade e o custo de crédito, a queda no poder de compra da população, além as chuvas e da disseminação da variante Ômicron”, pontua José Maurício Andreta Júnior, presidente da Fenabrave.
MINERAÇÃO MANTÉM VIÉS DE ALTA
Segundo estimativas do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), a produção mineral brasileira em 2021, em toneladas, cresceu cerca de 7% em relação a 2020, passando de 1,073 bilhão de toneladas para 1,150 bilhão de toneladas estimadas. No mesmo ano, a variação de preços das commodities no mercado internacional impulsionou o faturamento do setor em 62%, na comparação com 2020, crescendo de R$ 209 bilhões para R$ 339,1 bilhões (excluindo-se Petróleo & Gás), sendo que a participação do minério de ferro no faturamento do setor foi de 73,7%. Adicionalmente, ainda segundo as estimativas da entidade, as exportações minerais brasileiras alcançaram US$ 58 bilhões no ano, o que representou um aumento de 58,6% em relação a 2020.O Ibram considera essa variação anual em toneladas como uma “estabilidade”, embora o ano de 2021 tenha sido marcado pela demanda aquecida por commodities minerais e 2020 – ano de comparação dos resultados – tenha sido pontuado por paralisações temporárias em operações de mineração industrial. Os números finais de produção mineral de 2021 serão conhecidos a partir de março, diz a instituição. Já a variação de preços das commodities no mercado internacional impulsionou o faturamento do setor em 62%, na comparação com 2020, crescendo para R$ 339 bilhões
Segundo fontes da entidade, a arrecadação brasileira de royalties da mineração – a Cfem – somou um recorde de R$ 10 bilhões no ano passado, alta de quase 70% na comparação com o ano Os maiores valores de Cfem estão relacionados à produção de minério de ferro e preços mais altos do produto. “O Ibram observa que houve queda no preço do minério de ferro entre junho e novembro de 2021, mas, mesmo assim, a média foi 47,5% maior do que a de 2020”, destaca o Instituto em seu mais recente comunicado divulgado à Imprensa. Paralelamente, o Ibram, também manteve a previsão de investimentos no setor mineral para o período 2021-2025, em mais de US$ 41 bilhões. Segundo a entidade, a perspectiva é que o setor mineral continue com bom desempenho em 2022 e nos próximos anos, com a produção mineral se mantendo estável, com leve crescimento nos próximos anos.
BRASIL NO TOP 10 DA PRODUÇÃO GLOBAL DE AÇO
A produção global de aço bruto aumentou 3,6% ano a ano para 1,9 bilhão de toneladas em 2021, com um declínio na China sendo compensado por aumentos gerais entre outros grandes produtores, segundo dados da World Steel Association, publicados no último dia 25 de janeiro. Nesse cenário, a produção de aço bruto do Brasil em 2021 aumentou 14,7% ano a ano para 36 milhões de toneladas, o que lhe garantiu a nona posição no Top 10 dos países produtores de aço. (CONFIRA O RANKING NO QUADRO)