Companhia Siderúrgica do Pecém registra novos e importantes avanços na área da sustentabilidade.
Marcus Frediani
As comemorações do Dia e do Mês do Meio Ambiente na Companhia Siderúrgica do Pecém, localizada no estado do Ceará, tiveram um gosto todo especial, porque, mais uma vez, a empresa se destacou, por fatos e ações inovadoras, como uma das siderúrgicas mais eficientes e diferenciadas no campo da sustentabilidade do Brasil e, porque não dizer, do planeta.
E os avanços continuam, como atesta Marcelo Baltazar, gerente de Meio Ambiente da CSP, nesta entrevista exclusiva concedida à revista Siderurgia Brasil. Leia, confira e comemore também!
Siderurgia Brasil: Marcelo, há exatamente um ano, tivemos a oportunidade de entrevistar você para falar dos avanços da CSP no campo da sustentabilidade e do controle ambiental de sua produção, que já naquele tempo, haviam conquistado um estágio de “Estado da Arte”. Mas, de lá para cá, que outros avanços vocês realizaram ao longo desse processo, que, sabemos, é – e precisa ser – um moto-continuo?
Marcelo Baltazar: Em junho de 2022, a Companhia Siderúrgica do Pecém está celebrando seis anos do início de suas operações e da produção de sua primeira placa de aço. Desde então, já exportamos do Ceará para mais de 23 países. Somos uma planta recém-construída que já nasceu com as melhores tecnologias ambientais e que celebra, ano após ano, os resultados de seu compromisso com a sustentabilidade social e ambiental. A CSP seguirá, em 2022, avançando, por exemplo, na ampliação da Barreira Verde que “abraça” a usina. A ação foi projetada como um equipamento de proteção ambiental em 2012 e, desde então, vem somando vários benefícios para quem trabalha na CSP e mora nas proximidades.
Nesse sentido também, quais foram os avanços do Programa de Reflorestamento de vocês, ferramenta de fundamental importância para a elevação continua da eficiência sustentável da Pecém?
Em 2022, a CSP está celebrando também os dez anos de seu Programa de Reflorestamento da CSP. São 412 hectares de área reflorestada, com 320 mil mudas de 90 espécies nativas, incluindo a planta Gonçalo-Alves, ameaçada de extinção. Como resultado desse trabalho, a CSP foi a primeira empresa no Ceará a receber a certificação de reflorestamento ambiental da Superintendência Estadual do Meio Ambiente (SEMACE). A expansão das barreiras verdes da CSP recebeu 1.308 novas mudas em 2021. Ao longo de 2022, deverão ser plantadas mais de 8 mil mudas. Esse cinturão é formado por árvores de espécies nativas e adaptadas, com altura entre 15 e 20 metros. O cinturão atua como uma barreira, reduzindo a velocidade do vento e absorvendo poluentes do ar.
E com relação à letra “S”, de “Social”, da sigla ESG, da governança corporativa, alguma novidade?
Sim! Em 2022, também passamos a comprar sucata ferrosa de uma recicladora do Pecém, município cearense onde a empresa está instalada, para a produção de placas de aço. Isso representa um marco inédito e importante, pois o estado não faz parte do polo de sucata, matéria-prima importante na produção do aço. Com isso, a siderúrgica coopera com a geração de renda para mais de 100 famílias de trabalhadores desse segmento. A empresa Reciclagem Pecém comercializa, por mês, até 80 toneladas do material. A CSP compra, atualmente, sucata exclusivamente de recicladoras brasileiras. No Ceará, a usina conta com mais de 15 fornecedores, que garantem 40% de toda a demanda para a produção de aço. O volume restante é adquirido de outros estados, como Piauí, Maranhão, Rio Grande do Norte e Pernambuco.
Falando agora do chão de fábrica, no que tange à produção, qual a importância do conceito da sustentabilidade?
Nem precisa dizer que a sustentabilidade, que está em toda a cadeia produtiva e de utilização do aço, é um valor primordial para a CSP. E os nossos coprodutos são prova disso. Alinhada à sua visão estratégica de negócio, a CSP adota processos e equipamentos de última geração para que esses coprodutos tenham gestão e destinação adequada, com o menor impacto ambiental possível. Como resultado, a empresa consegue o reaproveitamento de 99% dos resíduos sólidos gerados, índice superior à média do setor siderúrgico no Brasil, que é de 95%. Temos soluções para tratamento de coprodutos (materiais gerados na produção que não são aço ou energia, mas têm valor agregado) únicos no Brasil, como o Baosteel’s Slag Short Flow (BSSF), que granula a escória de aciaria e abre novas aplicações para o material.
A par disso, os clientes de vocês apontam que vocês desenvolveram um sistema de limpeza de tratamento de gases da produção bastante inovador. Como ele funciona?
É verdade, e ficamos felizes quando eles destacam isso. A CSP é uma das únicas siderúrgicas do Brasil a limpar os gases de Aciaria por meio de um sistema a seco, ou seja, sem a utilização de água. E além de promover resultados bastante eficientes, o funcionamento dele é relativamente simples: a Aciaria gera um gás, durante o sopro de oxigênio no convertedor, chamado LDG. Esse gás é captado durante o processo, passa por um sistema de lavagem a seco, efetuando seu resfriamento e limpeza. Após o tratamento desse gás, ele será utilizado para geração de energia, já que a CSP gera toda energia que consome e vende o restante ao Sistema Interligado Nacional (SIN). O sistema de limpeza a seco do gás promove redução do consumo de água e elimina a geração de lama de Aciaria.
Qual o percentual de utilização de água reutilizada da empresa?
Hoje, 98% da água que entra na CSP é recirculada. O resultado da siderúrgica cearense é superior aos valores de referência das outras siderúrgicas nacionais, que é de 97%. A redução no consumo é um dos resultados da eficiência do uso da água. A CSP capta apenas 30% do volume de água disponibilizado para o funcionamento da usina. Por tudo isso, o produto CSP conquistou as certificações de Qualidade (ISO 9001), Meio Ambiente (ISO 14001) e de Alta Tecnologia International Automotive Task (IATF), Maxion Wheels, Siemens Gamesa, Caterpillar e Scania). Constantemente, passamos por auditorias internacionais, somos inspecionados por órgãos públicos e sempre somos tidos como referência em gestão ambiental. E esse grau de eficiência também se estende às taxas de emissões atmosféricas.
Por favor, explique para a gente o que isso quer dizer exatamente.
Bem, nossas taxas de emissões atmosféricas, na maior parte dos equipamentos, operam abaixo de 50% do padrão legal. Desde 2013 – ou seja três anos antes do início da operação da siderúrgica –, a CSP monitora a qualidade do ar na região seguindo as normas utilizadas, reconhecidas e validadas pela SEMACE. Os números mostram que nossos índices estão todos abaixo do que é permitido pela legislação ambiental e, também, que não há variação significativa (menos de 1%) entre o antes e o após a CSP começar a operar.
Quantos sistemas compõem esse conjunto atualmente?
Hoje, a CSP conta com 55 sistemas de controle de emissões atmosféricas para preservar o meio ambiente e garantir eficiência para controle de emissões. São eles: 41 filtros de mangas (que realizam o despoeiramento); cinco controles de combustão, quatro precipitadores eletrostáticos (que também ajudam no despoeiramento), um lavador de gases, uma torre de extinção do coque e três sistemas de aspersão de água nos pátios.
E como vocês monitoram tudo isso?
Dispomos de seis estações de monitoramento de qualidade do ar instaladas pela CSP. Cada estação possui um filtro que puxa o ar simulando a respiração humana. Assim, ela monitora todos os particulados (grossos e finos) que podem vir do complexo industrial do Pecém, dos carros e caminhões, das dunas, de ruas não asfaltadas, queimadas no período seco e das residências. Esse monitoramento complementa os mais de 40 mil dados gerados por ano pela CSP sobre as condições de seus processos industriais, da eficiência dos equipamentos de controle ambiental e do respeito aos padrões legais. E mais: contamos com uma termelétrica a gás,na qual cerca de 95% de gases produzidos no processo siderúrgico são transformados em energia elétrica. Ou seja, os gases produzidos na fabricação de coque, ferro-gusa e do próprio aço, em vez deserem descartados na natureza, são consumidos nas caldeiras da termelétrica, transformando a água em vapor que aciona os turbogeradores da termelétrica da CSP.
Isso garante autossuficiência energética de processos para vocês? Qual é a capacidade da termelétrica?
Sem dúvida. Os gases do nosso processo geram a energia elétrica que abastece toda a nossa usina. A termelétrica a gás da CSP tem capacidade de produzir 200 megawatts de energia. Isso é o suficiente para abastecer uma cidade com 870 mil casas. E não é só isso: além da autossuficiência, o excedente de energia elétrica produzida na CSP ainda é vendido para o sistema interligado nacional, que abastece casas, hospitais e outros tipos de estabelecimentos por todo o Brasil.
Ou seja, a mensagem que fica é que, hoje, não basta uma usina ser produtiva: ela precisa ser eco e socialmente para garantir seus resultados.
É isso! Aqui na Pecém, desde sempre tivemos claro em nossas mentes e no desenvolvimento de nossas ações que uma planta operacional só começa a ser ambientalmente segura quando sua operação transcende a esfera industrial, e também é eficiente na área da sustentabilidade. Por conta disso, realizamos o monitoramento 24 horas por dia, 365 dias por ano de todos esses sistemas, e investimos constantemente no treinamento dos nossos operadores, porque são eles que fazem os resultados serem concretos. O Ceará pode dizer com orgulho que tem em seu solo a siderúrgica mais moderna do Brasil em todos os aspectos. São muitos os resultados a serem comemorados, mas o nosso melhor desempenho está em cumprirmos a nossa missão, de produzir aço de forma segura, competitiva e sustentável, cuidando das pessoas e promovendo o desenvolvimento regional.