Apesar de ter batido recordes neste mês de julho, a presidência da Anfavea entidade que reúne os montadores de veículos no Brasil, diz estar preocupada com algumas situações de ordem interna e global que podem impactar negativamente na indústria neste ano. Segundo Marcio de Lima Leite, presidente da Anfavea, algumas questões mundiais tem dificultado a retomada da atividade normal. Ele fez questão de ressaltar que não é um problema brasileiro, mas um problema mundial que atinge diretamente a atividade e provoca preocupações.

Segundo a entidade foram produzidos em julho deste ano 218.950 autoveículos, o que representou alta de 7,5% sobre junho e de 33,4% sobre julho de 2021, quando a crise global dos semicondutores surpreendia a indústria em geral. Considerando o acumulado do ano, as 1,3 milhão de unidades produzidas já estão no mesmo patamar dos sete primeiros meses do ano passado. Esta é a maior produção desde novembro de 2020, e média diária de vendas é a melhor deste ano.

As vendas em julho foram de 181.994 unidades, segundo melhor mês do ano, atrás apenas do mês de maio. Mas se consideradas as vendas por dia útil, julho teve a maior média de 2022, com 8,7 mil unidades licenciadas por dia, ante 8,5 mil de maio e junho. Na comparação do total de vendas internas em julho, houve avanço de 2,2% sobre o mês anterior e de 3,7% sobre julho de 2021. No acumulado do ano, a defasagem ainda é de 12%, com 1,1 milhão de emplacamentos.

Em julho, foram exportados 41,9 mil autoveículos, 11,4% a menos que em julho e 76,3% a mais que em julho de 2021. No total do ano, o volume de 288 mil unidades supera em 28,7% o resultado de igual período do ano passado. Em valores o crescimento observado foi de 37,4%. O problema da exportação, neste momento, está localizado na crise econômica da Argentina que é um dos principais destinos do produto brasileiro. Houve uma queda interna na venda de veículos naquele país, acima de 21%.

Segundo o presidente da entidade Marcio de Lima Leite, existem motivos de sobra para nos preocuparmos. Aqui em âmbito interno, a questão da subida dos juros e as dificuldades que o sistema bancário tem imposto para o financiamento de veículos, além da inflação com dificuldades de ser controlada. Segundo ele no ano passado 80% dos veículos no Brasil, foram vendidos a prazo e neste ano esta taxa não está passando dos 35%. A ainda a questão da cumulatividade do IOF, que segundo ele é repetida três vezes para o consumidor final. Uma vez da montadora para a Concessionário, depois desta para o Consumidor e a terceira no momento do financiamento. Esta questão foi levada ao Ministério da Economia, que ficou de estudar a questão.

Já em âmbito mundial ele listou alguns pontos que estão impactando na produção mundial de veículos e que evidentemente nos coloca nesta mesma situação. Ele citou a questão dos lockdowns totais ou parciais que na China afeta cerca de 260 milhões de pessoas; A escassez de vários insumos e principalmente dos semicondutores que devem se manter até o final do ano; A Guerra que entrava a cadeia logística com atraso e alta nos custos dos fretes; A Alta da Inflação e a sinalização do recuo da economia em vários países; Uma nova redução na expectativa do PIB mundial.

Mas houve uma boa noticia comemorada pela Anfavea que foi a redução determinada pelo Governo Federal da cobrança do IPI. Houve a inclusão dos automóveis de passageiros na nova etapa de redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), que passou a vigorar desde o início deste mês. Com isso, a redução do IPI para essa categoria de veículos subiu de 18,5% para 24,75% sobre as alíquotas praticadas antes da primeira redução, do dia 1º de março. Ao contrário de picapes, furgões e vans, os automóveis e SUVs haviam ficado de fora da segunda redução, para 35%, praticada no dia 29 de abril, e que também contemplou vários outros setores industriais. Da mesma forma que ocorreu na redução de março, os veículos que já estão na rede de concessionários, mas ainda não foram vendidos, poderão ser refaturados com a nova alíquota de IPI. “Foi uma decisão sensata do governo federal, em especial do Ministério da Economia, no sentido de ataque ao Custo Brasil e da busca de uma carga tributária mais compatível com a de outros países produtores de veículos”, declarou Márcio de Lima Leite, presidente da Anfavea.

Fonte: Assessoria de Comunicação Anfavea