Estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), divulgado nesta terça-feira (06/12), mostra que os rendimentos habituais reais médios do trabalho apresentaram crescimento de 2,5% no terceiro trimestre de 2022 em comparação com o mesmo período de 2021. Esse é o primeiro trimestre que apresentou crescimento interanual nos rendimentos médios do trabalho desde o primeiro trimestre de 2020, quando começou a pandemia da Covid-19.

Em relação à renda média habitual real, o valor registrado para o terceiro trimestre de 2022 (R$ 2.737), encontra-se abaixo dos níveis observados antes da pandemia, mas já alcança os níveis observados em 2017. As estimativas mensalizadas, elaboradas pelo Ipea, mostram que o rendimento habitual médio real em setembro (R$ 2.734) foi 1,5% maior que o observado no mês anterior (R$2.693) e 6,2% maior que o registrado em dezembro de 2021 (R$2.574). A renda efetiva também registrou crescimento de 2,5% na comparação interanual, mas ainda está 2% menor que a apontada no terceiro trimestre de 2019.

A análise revela que o pior impacto da queda nos rendimentos no terceiro trimestre de 2022 ocorreu entre os trabalhadores do setor público, com quedas da renda habitual e efetiva de 2,3% e 3% respectivamente. Os trabalhadores do setor privado com carteira apresentaram elevação da renda no terceiro trimestre de 2022 (cerca de 1,6% da renda habitual). Já os informais foram os que apresentaram o maior aumento da renda efetiva, com acréscimo de 5,4% para os trabalhadores por conta própria e de 4,9% para os sem carteira assinada.

O recorte regional indica que os maiores aumentos da renda efetiva foram nas regiões Centro-oeste e Norte (8,3% e 5,3% respectivamente). A região Nordeste mostrou aumento de apenas 0,7% na renda efetiva e 1,4 % na renda habitual. Já a região Sudeste apresentou crescimento de 1% da renda habitual no terceiro trimestre de 2022 em relação ao mesmo trimestre do ano anterior.

O desempenho da renda tem sido melhor para os jovens adultos nos últimos trimestres, que apresentaram um crescimento da renda habitual de 4,4% no terceiro trimestre de 2022. Os trabalhadores acima de 40 anos, que vinham mostrando maiores quedas do rendimento, no trimestre mais recente, apresentaram aumento de cerca de 1,5% da renda. Sob a ótica do ensino, todos trabalhadores mostraram crescimento da renda acima de 4%, exceto aqueles com ensino superior.

A análise dos rendimentos efetivos e habituais recebidos pelas mulheres, nos últimos trimestres, mostraram desempenho inferior aos dos homens (aumento de 3,3% contra 1,7% da renda habitual no terceiro trimestre de 2022 e 3,4% contra 1,5% da renda efetiva).

Seguindo o padrão durante a pandemia, a maior parte dos setores apresentou aumento da renda habitual durante 2020 e queda da renda efetiva. As atividades mais dependentes da circulação de pessoas sofreram maior redução da renda efetiva em 2020: transporte, serviços pessoais e coletivos, alojamento e alimentação, comércio e construção. É justamente esse maior impacto que explica a recuperação da renda efetiva nesses setores após a segunda metade do ano de 2021.

Essa característica permanece ao longo deste ano de 2022: os setores mais formais e com trabalhadores mais qualificados apresentam maior queda da renda, com destaque para a administração pública (queda de 11,3% da renda efetiva no segundo trimestre de 2022 e 0,6% no terceiro trimestre) e educação e saúde (queda de 11,1% e 5,3% da renda efetiva nos segundo e terceiro trimestres respectivamente), além da indústria (queda de 1,5% da renda efetiva no terceiro trimestre de 2022).

Já os serviços profissionais começam a mostrar maior recuperação no terceiro trimestre de 2022 com um crescimento de 3,6% da renda efetiva em comparação ao mesmo trimestre do ano anterior. No entanto, são os setores mais informais e de menor qualificação que mostraram crescimento da renda mais forte, como, por exemplo, transporte (3,9% da renda habitual e 2,0% da efetiva), construção (5,4% da renda habitual e 5,3% da efetiva), serviços pessoais e coletivos (9,6% da renda habitual e 10,8% da efetiva), alojamento e alimentação (2,6% da renda habitual e 5,5% da efetiva) e agricultura (12,6% da renda habitual e 12,7% da efetiva).

Fonte: Coordenação-Geral de Imprensa e Comunicação
ascom@ipea.gov.br