Produtividade e qualidade asseguram os grandes resultados da gaúcha Divimec.
Marcus Frediani
Consolidada desde 1988, ano de sua fundação, na liderança no mercado nacional de máquinas e equipamentos para processamento de bobinas de aço, com suas mais de 230 linhas de processamento da liga voltadas ao atendimento dos mercados doméstico e internacional, a Divimec – Tecnologia Industrial tornou-se referência em equipamentos de qualidade e produtividade.
Sediada no município de Glorinha/RS, em um amplo parque industrial com mais de 12.000m², no qual mantém uma completa estrutura fabril para o desenvolvimento de processo de engenharia, automação, caldearia, usinagem e montagem de linhas de corte longitudinal e transversal, linhas de blanqueamento e multiblanking, estas com equipamentos já operando na Argentina, Chile, Paraguai e México.
A fim de garantir agilidade e precisão em tudo o que faz, a empresa não hesita em encarar desafios, mantendo sempre firme o seu propósito de incorporar contínuos avanços tecnológicos à sua operação, conforme, aliás, explicam Claudio e Maicon Flor, pai e filho, respectivamente o diretor-presidente, e o responsável pela gestão comercial da Divimec nesta entrevista exclusiva à revista Siderurgia Brasil. Leia com muita atenção!
Revista Siderurgia Brasil: Embora ainda vivendo no período de pandemia, e com os subsequentes impactos econômicos por ela proporcionados, na última entrevista que nos concederam, há cerca de um ano, vocês nos relataram resultados excepcionais da Divimec? Eles continuaram dessa forma em 2022?
Claudio Flor: Sim, temos muito a comemorar este ano também. Os resultados da Divimec continuaram bons, e o nosso crescimento técnico foi ainda maior.
E a tendência é de que essa boa onda se prolongue para 2023?
Claudio Flor: Em 2022, a expectativa do mercado foi muito grande. Por conta disso, os investimentos de bens de capitais no longo prazo já preencheram parcialmente nossa carteira de pedidos para o próximo ano, o que nos faz prever na continuidade da obtenção de bons resultados no ano que vem.
Acreditamos muito que isso irá realmente acontecer, ainda mais com o histórico de respeito que a Divimec vem mantendo ao longo de sua trajetória de mais de três décadas, não só atendendo o mercado interno, como também o de exportação. Qual é o balanço que vocês fazem desse período?
Maicon Flor: Nos 35 anos de existência da Divimec, nossa produção operou em mais de 200 linhas de corte de chapas a partir de metais – aço carbono e inox, ligas de cobre e ligas de alumínio – em forma de bobinas. Ao longo desse período, sempre mantivemos ativas nossas exportações para alguns países da América Latina e Central.
Atualmente, a empresa já está operando com 100% de sua capacidade de produção?
Maicon Flor: Embora nossa operação atual seja bem robusta. Porém, acreditamos que, em termos de futuro, iremos além, porque acreditamos que a Divimec está hoje tão bem estruturada para suportar ainda uma capacidade de crescimento de 30% ao longo dos próximos anos em termos de operações.
Nos últimos anos vocês tiveram – ou, eventualmente, continuam tendo – problemas com a concorrência de máquinas e equipamentos importados para processamento de bobinas de aço, notadamente vindos dos países asiáticos, como os da China?
Claudio Flor: Enfrentamos uma forte concorrência da China na primeira década deste milênio. Entretanto o mercado percebeu e comprovou o que os investidores já sabiam no seu cotidiano: o fato de que a Divimec está mais próxima da tecnologia europeia do que da asiática, a não ser que ela se apresente adaptada aos novos moldes de consumo, como sul-coreanos e japoneses. E esse é um diferencial importante que temos a nosso favor.
Recentemente publicamos um artigo de sua autoria na revista Siderurgia Brasil, falando sobre novos produtos de aço mais duro e com maior resistência. A Divimec já tem algum novo equipamento destinado a trabalhar com ele?
Claudio Flor: O artigo ao que você se refere é sobre os Aços de Baixa Liga e Alta Resistência (ARBL) “High-Strength Low-Alloy”(HSLA), que, graças aos avanços da nanotecnologia e do laser proporcionam a obtenção de um aço de qualidade cinco vezes mais resistentes do que os usados no século passado, com baixo custo acrescido. Novamente, os europeus saíram na frente nesta tecnologia, entretanto os americanos foram mais rápidos na produção de bens de consumo, como automóveis e máquinas, entre outros. Mas há um importante “porém” nessa história.
Qual?
Claudio Flor: O “porém” é que a produção desses materiais produzidos requer equipamentos mais robustos e tecnicamente mais avançados, em função do alto risco de acidentes. Nós da Divimec, fomos privilegiados pelo reconhecimento de nossa tecnologia adequada aos novos tempos por empresas alemãs, espanholas e, finalmente, brasileiras de vanguarda, para processar estes materiais especiais hoje, e que deverão se tornar comuns em um futuro próximo. O aço representa 90% dos materiais consumidos pela civilização humana. E todo transporte requer um compartimento (máquina) e uma fonte de energia (fóssil, elétrica etc.) e, atualmente, esse novo aço já diminui de duas a três vezes o peso dos equipamentos. E a perspectiva é de que essa redução chegue ainda mais longe, o que significa menor consumo de energia.
Como você, Maicon, registrou aí atrás, a Divimec tem avançado muito em seus negócios voltados aos mercados latino-americanos. Como está a participação das exportações em sua carteira de pedidos. Qual é a participação e percentual das vendas da empresa para o exterior?
Maicon Flor: O mercado da América Latina e Central estava aberto para os chineses e europeus menos avançados. Entretanto, os progressos tecnológicos nos devolveram índices de competitividade. Sendo assim, hoje, a participação das exportações para esses mercados já representam 30% de nossa produção.
E quais são os países desses mercados que mais compram de vocês hoje em dia?
Maicon Flor: Atualmente estamos presentes na Argentina, Paraguai, República Dominicana, Peru e ainda no Chile e no México, que foram também grandes compradores no passado.
Ainda falando em competitividade, vocês têm sofrido com a concorrência dos produtos importados? Em caso positivo, quais são os principais entraves e/ou desafios que a Divimec vêm enfrentando nesse âmbito?
Claudio Flor: Bem, ainda existem problemas persistentes relacionados a isso. As principais dificuldades que encontramos são os tributos e financiamentos, que ainda nos afastam de muitas concorrências.
E no que tange à área de suprimentos: vocês têm sido atendidos no tempo certo e com os produtos adequados?
Claudio Flor: Sim. A globalização nos inseriu nessa relação de mercado, e vimos sendo atendidos satisfatoriamente por muitos fornecedores do exterior, notadamente de países como Alemanha, Itália e Espanha.
Qual a participação em percentual dos itens importados utilizados na fabricação de vocês?
Claudio Flor: Atualmente, essa cifra gira em torno de 20% a 30% do valor final dos nossos equipamentos.
Claudio, em conversas anteriores conosco, você já teve oportunidade de manifestar preocupação com o treinamento do pessoal para ocupar postos de comando dos novos equipamentos que vêm surgindo. Qual a estratégia que a Divimec utiliza para otimizar esse processo? Vocês fornecem treinamento a seus clientes para eficientizá-la?
Claudio Flor: A preocupação com o treinamento dos operadores de nossos equipamentos continua sendo nossa tônica, porque a evolução tecnológica, principalmente no que se refere a informatização das máquinas que produzimos, bem como a evolução das diferentes qualidades de materiais a serem processados requerem um maior conhecimento técnico. E isso, por tabela, requer um maior investimento humano por parte dos empreendedores ou gerenciadores que irão fazer uso deles em suas produções. Então, a questão do treinamento também continua sendo um dos eixos mais importantes do nosso trabalho junto aos clientes. Mas, não é só isso. Nossa maior preocupação é o convencimento de todos, incluindo os governantes, que não tem a vivência de uma linha de produção. Por isso, estamos sempre batendo na tecla, cobrando insistentemente das autoridades a criação e manutenção dos incentivos necessários para a evolução tecnológica do nosso setor, que se aproxima cada vez mais rapidamente.
E quais são as projeções e perspectivas de vocês para o ano de 2023?
Maicon Flor: Nossas expectativas são muito boas, não só porque nós, como uma empresa de engenharia, estamos evoluindo sempre e acompanhando a evolução tecnológica do mundo, como também já temos comercializados 70% da nossa produção do próximo ano.
O Brasil tem um novo governo. Qual é a visão política de vocês sobre a atualidade de nosso país, que ainda vive momentos de incertezas e indefinições com as manifestações que estamos recebendo neste período de transição?
Claudio Flor: Bem, sem dúvida, isso nos preocupa. O novo governo ganhou as eleições com um discurso “assistencialista”, acompanhado por uma “mídia” e “juristas” com políticas “garantistas”, cuja filosofia acompanha uma tendência mundial, o que, naturalmente, vem provocando descontentamento por parte dos “legalistas”. cuja visualização é a lei como garantia, segurança e certezas absolutas. Sem dúvida, o engrandecimento e a manutenção do foco sobre os menos favorecidos (pobres) ou segregados (raças, e o que antigamente chamávamos de “minorias”) é uma necessidade absoluta e mais do que isso, uma questão de reconhecimento de convivência normal da sociedade. Eu, já na “Quarta Idade”, entendo que o Muro de Berlim foi construído em função da “filosofia de existência de vida”, para ser derrubado depois. Assim, espero que as pessoas que atualmente detêm o “poder” não construam novos “muros” ou barreiras subjetivas, o que, certamente, causaria transtornos e perturbações indesejadas e anacrônicas no mundo de hoje.